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ACADEMIA DE MARINHA
ACADEMIA DE MARINHA
30º ANIVERSÁRIO
m cerimónia realizada no passado dia organizações culturais no País e no estrangeiro e, tória, as Ciências, as Letras, as Artes e tudo o mais
16 de Dezembro foram celebrados os imagine-se, até fui seu professor no curso para almi- que diga respeito ao mar e às actividades maríti-
E30 anos da fundação da Academia de rante. Aqui lhe deixo, uma vez mais, uma palavra mas”. A ideia era criar “um organismo essencial-
Marinha. de admiração e de saudade. Tudo o mais que poderia mente cultural, (…) de prestígio nacional e interna-
O evento teve lugar no Auditório da cional”. Nasceu assim, em fases sucessivas ao
Academia com a presença do Almirante longo de trinta e nove anos, uma Academia à
CEMA, que presidiu, tendo a mesa sido dimensão da tradição marítima do País e da
ocupada pelo VALM Ferraz Sacchetti, herança cultural da Marinha.
Presidente da Academia, e pelo Coman- Na promoção e transmissão dessa herança
dante Serra Brandão. cultural, teve relevo uma plêiade de oficiais
O Presidente da Academia na sua alo- que hoje seriam, sem dúvida, membros emé-
cução deu as boas vindas aos presentes e ritos da nossa Academia. Volto a lembrar, en-
expressou o seu reconhecimento a todos tre outros que antecederam a sua criação, os
os que trabalham em prol da Academia seguintes: Inácio Quintela e os seus quatro
pelo seu empenho e dedicação. volumes dos Anais da Marinha Portuguesa,
Seguiu-se a condecoração do Secre- Hermenegildo Capelo e os seus estudos afri-
tário Geral da Academia, Comandante Mesa da presidência canos, Celestino Soares e os seus quadros na-
Cyrne de Castro com a medalha da Cruz vais, Fontoura da Costa e os seus estudos de
Naval de 1ª classe que lhe foi imposta astronomia e navegação, Braz de Oliveira e as
pelo Almirante CEMA. suas curiosas narrativas navais, Gago Cou-
Usou então da palavra o Comandan- tinho e as ciências da navegação marítima e
te Serra Brandão, um dos mais antigos aérea, Pinto Bastos e as suas suaves aguare-
membros da Academia de Marinha, cuja las, Pereira de Matos e os seus trabalhos sobre
notável conferência se transcreve: marinha de comércio, Almeida d’Eça e a sua
“Ao comemorar trinta anos de vida da História Marítima, Quirino da Fonseca e as
Academia de Marinha, por mais que force suas caravelas, Lopes de Mendonça e os seus
a memória e a imaginação, não consigo dei- versos imortais, Botelho de Sousa e as suas
xar de falar na sua génese e fazer o elogio dos Armadas da Índia, Conceição Silva e o seu
fundadores. Lembro-me que já fiz a história Aspecto da assistência. Observatório Astronómico, Carlos Testa e o
e o louvor da Academia quando, em 1994, seu Direito Internacional Marítimo.
se comemorou os vinte e cinco anos do seu Também na consolidação e transmissão
embrião, o Grupo de Estudos de História desta mesma herança, não é possível esque-
Marítima; já fiz em várias ocasiões o elogio cer o papel de relevo que tiveram os Anais
do almirante Sarmento Rodrigues, designa- do Clube Militar Naval, em cujas páginas
damente quando se comemorou o centenário colaboraram, desde meados do século XIX,
do seu nascimento; por duas vezes, oficial- centenas de oficiais talentosos e sabedores,
mente, fiz o elogio do almirante Teixeira da com artigos, estudos, crónicas, notícias, lem-
Mota quando, na Sociedade de Geografia, se branças e outros contributos de inegável valor
lamentou a sua morte prematura e quando, científico, histórico e literário.
na Academia, exprimimos a nossa saudade De referir a contribuição da Revista da
no vigésimo aniversário do seu desapareci- Armada que, de uma publicação basicamen-
mento. Grande parte da assistência é teste- te destinada às Câmaras e às Cobertas, se
munha de que já fiz também elogios aos ou- transformou num interessante instrumento
tros presidentes. informativo e cultural. Também não se pode
Ninguém gosta de se repetir, mas animei- esquecer o interesse da célebre Colecção de
-me quando pensei que comemorar é exacta- O Presidente da Academia de Marinha, VALM Ferraz Sacchetti. Documentos editada pelo nosso Ministério,
mente trazer à memória, fazer recordar, lem- as Edições Culturais da Marinha e as anti-
brar com alguma solenidade e circunstância. gas publicações como os Anais de Marinha, o
Assim, os académicos e os convidados terão Tridente, a Revista de Marinha e o Boletim da
de ouvir, mais uma vez, com alguma paciên- Junta Nacional da Marinha Mercante.
cia e, presumo, com muita tolerância, as pa- Noutra linha cultural muito diferente,
lavras habituais sobre o nascimento, o cres- seria injusto não mencionar o Museu de
cimento, os objectivos atingidos e as glórias Marinha, a Biblioteca, o Aquário, o Pla-
da nossa Academia. Ela merecia mais e, para netário, o Navio-Escola Sagres e a Fragata
isso, há outros oradores. D. Fernando.
Como disse há catorze anos, a Academia de Foram as lições do passado, a análise dos
Marinha é uma das criações culturais mais esforços individualmente feitos, o inventário
originais e mais notáveis da Marinha Por- desses valores dispersos e avulsos, que leva-
tuguesa. Ela deve-se, na sua essência e como Condecoração do Comandante Cyrne de Castro. ram Sarmento Rodrigues à criação de um
sabemos, à larga visão e às preocupações culturais dizer já foi dito ou está na nossa memória. Centro de Estudos, primeiro como Grupo de Estu-
do seu fundador, profusamente manifestadas ao Os objectivos explícitos da Academia eram, como dos de História Marítima, feito por medida para Tei-
longo da sua vida de marinheiro e de político. Tive se lembram, “promover e desenvolver os estudos e xeira da Mota, que já não “cabia” nos navios. Um
o privilégio de com ele servir e com ele conviver em divulgar os conhecimentos relacionados com a His- ano depois o Grupo foi alargado às Artes, às Letras
6 FEVEREIRO 2009 U REVISTA DA ARMADA