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Posto Avançado de Saúde (PAS), uma equipa para terra pelos respectivos aparelhos de força. De acordo com esta ideia, as capacidades
médico-cirúrgica e uma equipa de psicólo- Todavia, mantendo o propósito de manter as nucleares – posto de comando em terra (PCT),
gos. A largada para o teatro de operações, na opções flexíveis, o acondicionamento daquele equipas de reconhecimento e equipas SAR –
circunstância o Ponto de Apoio Naval de Tróia material levou em linha de conta a eventualida- foram constituídas tendo por base a estrutura e
(PANTROIA), aconteceu na noite do dia 10 de de de poder ter de vir a ser transferido por heli- elementos do navio-chefe, cometendo às cor-
Dezembro, cerca de trinta horas depois da or- cóptero (carga suspensa) mantendo-se liberta a vetas complementar as valências no terreno
dem de activação. passagem e a capacidade de operar a partir dos através de grupos dedicados: equipas SAR adi-
parques de VERTREP. cionais, atenta a dimensão da população afec-
A PREPARAÇÃO Reconhecendo que a maior parte das vezes tada e o número de feridos esperado, e mais
Em primeiro lugar, importa referir o gran- teremos de contar apenas com os meios pró- equipas técnicas (electricidade, mecânica, li-
de envolvimento que se conseguiu no seio do prios, um dos aspectos que o CTG pretendeu mitação de avarias), a ser utilizadas a pedido de
Comando Naval, o que permitiu que todos os ensaiar foi o movimento de material e de pesso- acordo com o desenrolar do cenário. As equi-
meios de natureza operacional fossem rapida- al dentro da força. Procurava-se tirar partido da pas de segurança, para o perímetro do cais e
mente reunidos e disponibilizados para a zona verde, foram constituídas
ao comandante da força. Deve ser por elementos dos fuzileiros.
também feita justiça à forma como as Esta diversidade de recursos veio
outras áreas funcionais se disponibili- a revelar-se bastante útil por permitir
zaram para apoiar o exercício, pese uma gestão equilibrada dos militares
embora se tivessem de assumir alguns envolvidos e uma adequada atribui-
artificialismos para não prejudicar as ção de prioridades nas respostas.
actividades normais das unidades, ou A sustentação constitui outros dos
para evitar gastos desnecessários com, grandes desafios numa acção deste
por exemplo, a utilização de material tipo. Não só teremos de ser capazes
com prazos de validade limitados. de fornecer auxílio à comunidade si-
No que se refere ao plano, abordan- nistrada, como garantir a capacidade
do-o apenas em traços muito gerais, a de manter as equipas dos navios no
intenção foi a de garantir a chegada ao terreno durante períodos de tempo
largo de Tróia na madrugada do dia bastante alargados. Pese embora o
onze, para as tarefas preparatórias se Corpo de Fuzileiros disponha de uma
pudessem desenrolar com os navios cozinha de campanha para suportar
fundeados. A linha de acção prioritária previa maior proximidade de algumas unidades relati- as suas forças nos teatros de operações – que
que as corvetas atracassem depois ao cais, e que vamente ao local da acção, para tornar mais ex- pode ser utilizada para aqueles efeitos – a pre-
as acções subsequentes se desenvolvessem a pedito o desembarque, e ajuizar a adequabilida- sença das corvetas permitiu-nos abraçar uma
partir de um PCT a bordo, posto esse que seria de do transporte em botes e semi-rígidas numa solução diferente. Foi assim atribuída a estas
transferido para terra logo que criadas as con- óptica tempo-espaço, testar os procedimentos unidades a responsabilidade de apoio logístico
dições necessárias para o suportar. Veja-se que de controlo e os mecanismos de coordenação. para toda a força de desembarque, bem assim
esta opção procurou, logo de início, explorar a Assim, o pessoal e grande parte do material de como o fornecimento de refeições quentes à
grande mais-valia de dispor de duas unidades apoio (moto-bombas, geradores portáteis, extin- população que nos propunhamos socorrer.
com alguma capacidade junto à área sinistrada, tores, ferramentas, etc.) manteve-se na “Corte-
alternativa que difere da forma como normal- -Real” e foi apenas transferido com a força fun- A EXECUÇÃO
mente treinamos nestas situações (tanto no OST deada ao largo de Tróia. O propósito primário de qualquer acção de
como no treino nacional o navio fica assistência humanitária é salvar vi-
normalmente atracado, logo afastado das. O mindset (sistematização do
da área de exercício). pensamento) para este tipo de opera-
Ao nível do apoio médico de emer- ções segue uma lógica bem definida
gência procurou-se que, até que o que serve para congregar esforços, e
Posto Avançado de Saúde estivesse à qual todos, desde o individuo sin-
completamente operacional, o navio- gular até às equipas mais complexas,
-chefe mantivesse uma capacidade devem aderir:
de intervenção, para onde seriam Localizar – Resgatar – Assistir –
evacua dos os casos muito urgentes. Transferir – Confortar.
Procurando manter as acções tão Quando nos deslocamos numa
perto da realidade quanto possível, área que desconhecemos, o factor
importava igualmente garantir que os “localizar” exige, antes de mais, que
acessos ao local de atracação estariam nos saibamos orientar a nós próprios.
desimpedidos (tarefas a executar pelo Daí que as primeiras equipas a co-
DMS e através de um levantamento locar em terra sejam as que fazem
hidrográfico expedito pela equipa de o reconhecimento do terreno. A sua
navegação da Corte Real), e assegurar a inspec- Os meios de movimentação de carga, como tarefa é fazer um mapa do local, identificando
ção prévia e a segurança do cais no momento as moto-quatro e os atrelados, foram transpor- perigos e obstáculos, e guiar e situar as equipas
da atracação (acções a cargo de uma secção de tados para terra através de VERTREP. de Busca e Salvamento (SAR) que as deverão
fuzileiros a desembarcar em antecipação). Para Outro dos objectivos declarados era o de pro- seguir. Qualquer dispersão das equipas de re-
o efeito, o DMS, a secção de botes, e o grosso var que a organização para o DISTEX dos dife- conhecimento, por descoordenação, apelos
da companhia de fuzileiros foram embarcados rentes navios assenta numa lógica transversal ou pedidos de assistência, pode pôr em causa
nas duas corvetas. (mesmos princípios, mesma arquitectura, mes- toda a operação, pois invalida a capacidade de
Os equipamentos mais volumosos e pesados, mo conjunto de procedimentos, como já refe- comando e controlo fazendo com que o PCT
como o PAS e as tendas insufláveis cujo desem- rido), possibilitando a interoperabilidade entre deixe de ter um panorama esclarecido.
barque é prioritário, ficaram também a bordo equipas e uma fácil e eficiente abordagem ao O primeiro impacte é sempre o mais com-
das corvetas, com o intuito de serem transferidos nível de força. plicado de gerir: logo que desembarcam, os
10 FEVEREIRO 2009 U REVISTA DA ARMADA