Page 47 - Revista da Armada
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EMPREGO DE UMA FORÇA NAVAL NUM
EMPREGO DE UMA FORÇA NAVAL NUM
EXERCÍCIO DE ASSISTÊNCIA HUMANITÁRIA
EXERCÍCIO DE ASSISTÊNCIA HUMANITÁRIA
Teste de prontidão da PO TG
OS DISTEX’S prontidão (posto de forma simples, os padrões –, unidades de fuzileiros – que incluem ele-
indicam-nos o que cada tipo de unidade tem mentos do destacamento de acções especiais
s exercícios de assistência humanitá- de ser capaz de fazer). O que se pretendeu, (DAE), do pelotão de abordagem (PELBORD)
ria não são uma novidade na nossa desta vez, foi integrar várias valências (fraga- e unidades de manobra e de apoio e serviços
OMarinha. Realizamo-los no dos batalhões operacionais – e desta-
âmbito do aprontamento das fraga- camentos de mergulhadores sapado-
tas, quer durante a fase de treino na- res, além de outras valências – como
cional, quer durante o Operational equipas médico cirúrgicas e equipa-
Sea Training (OST) em Plymouth, no mentos CIS (Communication and In-
Reino Unido; a capacidade de res- formation Systems) de campo – que
posta a situações de catástrofe natu- podem ser activadas e integradas de
ral faz também parte dos padrões de forma modular.
prontidão das corvetas, integrando os A força-tarefa naval permanen-
respectivos planos de treino: são os te deve ser capaz de manter uma
chamados DISTEX. prontidão de quarenta e oito horas,
A organização dos navios para período que decorre desde a ordem
o DISTEX será, porventura, um dos de activação até ao momento da lar-
melhores exemplos do conceito de gada. É o instrumento que permite à
“Marinha de Duplo Uso”. De facto, Marinha manter uma adequada ca-
tendo surgido como a necessidade pacidade para responder a situações
de resposta a um desafio quando as inopinadas e de contingência.
fragatas da classe “Vasco da Gama” começa- ta, corvetas, fuzileiros, apoio médico sanitá-
ram a frequentar o OST (1991), depressa foi rio, etc.) sob um mesmo comando, aumen- O EXERCÍCIO “PRIMEIROS ALVORES”
validado como um requisito operacional. Pri- tando a quantidade de recursos que podem Reportando-nos ao exercício, este foi inicia-
meiro, no plano dos empenhos operacionais ser projectados para terra, e desta forma con- do em 8 de Dezembro por uma mensagem que
das unidades combatentes (FFGH); de seguida, duzir um exercício de assistência humanitá- relatava uma situação de calamidade pública
como inerente às missões de natureza não mi- ria em “larga escala”. Ou seja, pela primeira originada por um terramoto de grande inten-
litar, reconhecendo-se a descontinuidade terri- vez - num universo restrito a meios apenas sidade num país fictício (PANTROIEX). O ce-
torial de Portugal e a vulnerabilidade dos arqui- da Marinha, pois já houve experiências an- nário foi sendo alimentado através de outros
pélagos dos Açores e da Madeira a acidentes teriores com as fragatas integradas em forças comunicados de INTEL, permitindo inferir,
naturais, muito em particular pela sua natureza internacionais – realizou-se um DISTEX no muito embora não tenha havido qualquer avi-
vulcânica. Isto levou a que os ensinamentos, âmbito de força naval. so prévio, que a resposta da Marinha se mate-
estrutura, doutrina e procedimentos rializaria no envio da PO TG para a
próprios das fragatas, fossem adapta- área do sinistro.
dos de maneira a puderem ser explo- Logo na manhã do dia nove rea-
rados à dimensão das corvetas. Esta lizou-se uma reunião com os co-
lógica não é mais do que a simples mandos e o estado-maior, onde o co-
materialização do conceito a que mandante da força (CTG), CMG Luís
atrás se aludiu, segundo o qual a or- Carlos de Sousa Pereira, deu a conhe-
ganização: cer os objectivos, as prioridades e as
- valida e implementa os mesmos linhas de acção segundo as quais se
princípios doutrinários; deveriam orientar o planeamento e
- assegura que o pessoal desen- a execução da missão. A intenção foi
volve um leque de competências dar a conhecer o pensamento do co-
comuns; mandante, para que todos os envol-
- utiliza um mesmo conjunto de vidos soubessem exactamente qual o
infra-estruturas (planeamento, forma- espírito da missão e pudessem direc-
ção, treino), e; cionar as suas próprias vontades em
- tira partido da polivalência dos conformidade. Nessa mesma manhã
meios para promover as sinergias entre verten- A FORÇA-TAREFA NAVAL foram igualmente decididas a dimensão e a
tes distintas da sua actividade, maximizando composição dos elementos a agregar (fuzilei-
os resultados da sua acção (que conhecemos PERMANENTE (PO TG) ros e mergulhadores) e os quantitativos e o tipo
como “produto operacional”). Mas o exercício a que nos referimos foi ain- de material a embarcar. Das reuniões sectoriais
Qual foi então a particularidade deste exer- da mais do que isso: foi despoletado com o que se seguiram nasceu o plano de operações
cício que o torna diferente e de especial inte- objectivo de testar a prontidão da força-tarefa a que adiante nos referiremos.
resse e referência? Se pensarmos no que tem naval permanente (PO TG) e dos mecanismos A força foi constituída por uma fragata, o
sido a prática corrente, verificamos que os de suporte que lhe estão associados. N.R.P. “Corte-Real” (navio-chefe), duas corve-
exercícios da série DISTEX se desenrolam, es- A PO TG é uma força constituída por uni- tas, os N.R.P.’s “João Roby” e “António Enes”,
sencialmente, no plano individual das unida- dades navais – fragatas, corvetas, o reabaste- um destacamento de fuzileiros, um destaca-
des, visando a edificação dos seus padrões de cedor de esquadra (“Bérrio”) e um submarino mento de mergulhadores sapadores (DMS), o
REVISTA DA ARMADA U FEVEREIRO 2009 9