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EMPREGO DE UMA FORÇA NAVAL NUM
               EMPREGO DE UMA FORÇA NAVAL NUM

           EXERCÍCIO DE ASSISTÊNCIA HUMANITÁRIA
           EXERCÍCIO DE ASSISTÊNCIA HUMANITÁRIA

                                     Teste de prontidão da PO TG


         OS DISTEX’S                        prontidão (posto de forma simples, os padrões  –, unidades de fuzileiros – que incluem ele-
                                            indicam-nos o que cada tipo de unidade tem  mentos do destacamento de acções especiais
               s exercícios de assistência humanitá-  de ser capaz de fazer). O que se pretendeu,  (DAE), do pelotão de abordagem (PELBORD)
               ria não são uma novidade na nossa  desta vez, foi integrar várias valências (fraga-  e unidades de manobra e de apoio e serviços
         OMarinha. Realizamo-los no                                                   dos batalhões operacionais – e desta-
         âmbito do aprontamento das fraga-                                            camentos de mergulhadores sapado-
         tas, quer durante a fase de treino na-                                       res, além de outras valências – como
         cional, quer durante o Operational                                           equipas médico cirúrgicas e equipa-
         Sea Training (OST) em Plymouth, no                                           mentos CIS (Communication and In-
         Reino Unido; a capacidade de res-                                            formation Systems) de campo – que
         posta a situações de catástrofe natu-                                        podem ser activadas e integradas de
         ral faz também parte dos padrões de                                          forma modular.
         prontidão das corvetas, integrando os                                          A força-tarefa naval permanen-
         respectivos planos de treino: são os                                         te deve ser capaz de manter uma
         chamados DISTEX.                                                             prontidão de quarenta e oito horas,
           A organização dos navios para                                              período que decorre desde a ordem
         o DISTEX será, porventura, um dos                                            de activação até ao momento da lar-
         melhores exemplos do conceito de                                             gada. É o instrumento que permite à
         “Marinha de Duplo Uso”. De facto,                                            Marinha manter uma adequada ca-
         tendo surgido como a necessidade                                             pacidade para responder a situações
         de resposta a um desafio quando as                                            inopinadas e de contingência.
         fragatas da classe “Vasco da Gama” começa-  ta, corvetas, fuzileiros, apoio médico sanitá-
         ram a frequentar o OST (1991), depressa foi  rio, etc.) sob um mesmo comando, aumen-  O EXERCÍCIO “PRIMEIROS ALVORES”
         validado como um requisito operacional. Pri-  tando a quantidade de recursos que podem   Reportando-nos ao exercício, este foi inicia-
         meiro, no plano dos empenhos operacionais  ser projectados para terra, e desta forma con-  do em 8 de Dezembro por uma mensagem que
         das unidades combatentes (FFGH); de seguida,  duzir um exercício de assistência humanitá-  relatava uma situação de calamidade pública
         como inerente às missões de natureza não mi-  ria em “larga escala”. Ou seja, pela primeira  originada por um terramoto de grande inten-
         litar, reconhecendo-se a descontinuidade terri-  vez - num universo restrito a meios apenas  sidade num país fictício (PANTROIEX). O ce-
         torial de Portugal e a vulnerabilidade dos arqui-  da Marinha, pois já houve experiências an-  nário foi sendo alimentado através de outros
         pélagos dos Açores e da Madeira a acidentes  teriores com as fragatas integradas em forças  comunicados de INTEL, permitindo inferir,
         naturais, muito em particular pela sua natureza  internacionais – realizou-se um DISTEX no  muito embora não tenha havido qualquer avi-
         vulcânica. Isto levou a que os ensinamentos,  âmbito de força naval.  so prévio, que a resposta da Marinha se mate-
         estrutura, doutrina e procedimentos                                          rializaria no envio da PO TG para a
         próprios das fragatas, fossem adapta-                                        área do sinistro.
         dos de maneira a puderem ser explo-                                            Logo na manhã do dia nove rea-
         rados à dimensão das corvetas. Esta                                          lizou-se uma reunião com os co-
         lógica não é mais do que a simples                                           mandos e o estado-maior, onde o co-
         materialização do conceito a que                                             mandante da força (CTG), CMG Luís
         atrás se aludiu, segundo o qual a or-                                        Carlos de Sousa Pereira, deu a conhe-
         ganização:                                                                   cer os objectivos, as prioridades e as
           - valida e implementa os mesmos                                            linhas de acção segundo as quais se
         princípios doutrinários;                                                     deveriam orientar o planeamento e
           - assegura que o pessoal desen-                                            a execução da missão. A intenção foi
         volve um leque de competências                                               dar a conhecer o pensamento do co-
         comuns;                                                                      mandante, para que todos os envol-
           - utiliza um mesmo conjunto de                                             vidos soubessem exactamente qual o
         infra-estruturas (planeamento, forma-                                        espírito da missão e pudessem direc-
         ção, treino), e;                                                             cionar as suas próprias vontades em
           - tira partido da polivalência dos                                         conformidade. Nessa mesma manhã
         meios para promover as sinergias entre verten-  A FORÇA-TAREFA NAVAL   foram igualmente decididas a dimensão e a
         tes distintas da sua actividade, maximizando                          composição dos elementos a agregar (fuzilei-
         os resultados da sua acção (que conhecemos   PERMANENTE (PO TG)       ros e mergulhadores) e os quantitativos e o tipo
         como “produto operacional”).         Mas o exercício a que nos referimos foi ain-  de material a embarcar. Das reuniões sectoriais
           Qual foi então a particularidade deste exer-  da mais do que isso: foi despoletado com o  que se seguiram nasceu o plano de operações
         cício que o torna diferente e de especial inte-  objectivo de testar a prontidão da força-tarefa  a que adiante nos referiremos.
         resse e referência? Se pensarmos no que tem  naval permanente (PO TG) e dos mecanismos   A força foi constituída por uma fragata, o
         sido a prática corrente, verificamos que os  de suporte que lhe estão associados.   N.R.P. “Corte-Real” (navio-chefe), duas corve-
         exercícios da série DISTEX se desenrolam, es-  A PO TG é uma força constituída por uni-  tas, os N.R.P.’s “João Roby” e “António Enes”,
         sencialmente, no plano individual das unida-  dades navais – fragatas, corvetas, o reabaste-  um destacamento de fuzileiros, um destaca-
         des, visando a edificação dos seus padrões de  cedor de esquadra (“Bérrio”) e um submarino  mento de mergulhadores sapadores (DMS), o
                                                                                      REVISTA DA ARMADA U FEVEREIRO 2009  9
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