Page 46 - Revista da Armada
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Ainda nesta linha, não quero deixar de citar  ditadores, rasgando pactos e desfazendo ilusões;  des mas com eficiência, sem grandes formalismos
         também o que escreveu recentemente o coman-  depois, as últimas e importantes singraduras  mas com estilo, aos ambiciosos desafios que foram
         dante Dias Correia num brilhante artigo sobre  da União na controversa rota do alargamento  lançados pelos seus fundadores.
         o regresso dos Portugueses a África: “Portugal  e da integração.        Passados tantos anos de profícua actividade, a
         sempre foi um cais de partida para o Mar Oceano.   E termino citando-me a mim próprio – à falta  Academia é já credora da Marinha, do País e da
         A viagem que durante cinco séculos encetámos  de melhor – para mostrar que já tinha razão quan-  Cultura. A Academia de Marinha não tem o ex-
         pelos mares, além do mar, e, depois, através das  do aqui falei há catorze anos, dizendo, por outras  clusivo, como disse, mas apresenta-se como um in-
         selvas e sertões, tornou-nos cidadãos do                                    teressante alfobre e um valioso repositório
         mundo, vagabundos de um sonho uni-                                          da cultura naval contemporânea.”
         versal. Basta tão-só que não se perca o                                    Foto Júlio Tito  Após esta conferência, o Almi-
         pragmatismo da aventura e o realismo                                        rante CEMA acompanhado pelo
         do sonho”. (fim de citação). É um pará-                                      Presidente da Academia de Mari-
         grafo de antologia que suscita a ajuda da                                   nha, descerrou no hall do Auditório
         nossa Academia numa perspectiva in-                                         a placa evocativa com os nomes dos
         formativa, estratégica e sonhadora.                                         membros fundadores do Grupo de
           Julgo que poderia ainda a Academia                                        Estudos de História Marítima.
         lembrar aos nossos marinheiros e aos                                          A sessão continuou com a con-
         portugueses em geral que a Marinha                                          ferência do Prof. Doutor Francisco
         foi em Portugal pioneira do ordena-                                         Contente Domingues que traçou
         mento dos territórios de além-mar, dos                                      uma breve análise da génese da
         levantamentos hidrográficos e da me-                                         formação do Grupo de Estudos de
         teorologia, das radiocomunicações e da                                      História Marítima (1969), que deu
         farolagem, do direito internacional ma-                                     origem ao Centro de Estudos de
         rítimo, da oceanografia e da navegação   Placa evocativa.                    Marinha (1970) e posteriormente à
         aérea transoceânica.                                                        actual Academia de Marinha.
           Insisto, mais uma vez, em que a Marinha não  palavras, o que mais tarde vieram dizer Veríssi-  O CALM Leiria Pinto dissertou na sua con-
         pode ser só navios, marinheiros e infra-estru-  mo Serrão e Max Guedes, com mais brilho, mais  ferência sobre a figura do Comandante Antó-
         turas navais. Ao longo dos séculos a Marinha  autoridade e mais independência.  nio Marques Esparteiro e do seu papel como
         tem sido também Ciência, também Tecnologia,   Nesta fase da sua existência, verificamos com  marinheiro, historiador e cronista naval, cuja
         também Escola, também Diplomacia e também  regozijo e com orgulho que a Academia de Ma-  obra foi objecto dum artigo da sua autoria pu-
         Cultura. Neste último aspecto, lembro com sa-  rinha cumpriu. Não tem a tradição, não tem o  blicado na R.A. de Janeiro deste ano.
         tisfação que não escaparam à Academia os dois  peso cultural, nem a riqueza nem a história das   Por fim o Presidente da Academia deu por
         acontecimentos mais relevantes da vida euro-  instalações das suas congéneres, mas alinha com  terminada a sessão solene convidando todos
         peia contemporânea: primeiro, o vendaval que  elas sem complexos nem constrangimentos. Cum-  os presentes para um porto de honra.
         varreu o Continente, derrubando muros, deslo-  priu os objectivos para que foi criada e respondeu,    Z
         cando fronteiras, removendo exércitos apeando  com modéstia mas com dignidade, com dificulda-  Fotos Reinaldo Carvalho



          “OS NAUFRÁGIOS PORTUGUESES E ESPANHÓIS NO ARQUIPÉLAGO DOS AÇORES”

                                                      SIMPÓSIO

               ecorreu no auditório da Acade-                                        O programa de actividades consta do
               mia de Marinha, no período de                                        quadro-resumo seguinte e contou com
         D4 a 7 de Novembro passado um                                             Foto Reinaldo Carvalho  a presença de muitas individualidades
         Simpósio dedicado ao tema em título.                                       ligadas ao sector do mar, do ponto de
           A organização do evento esteve a car-                                    vista tecnológico, de arqueologia sub-
         go da Fundação Ibero-Americana para                                        marina, da história e cultura naval e da
         o Fomento da Cultura e das Ciências                                        protecção jurídica internacional.
         do Mar (S.G. FOMAR)) e da Academia                                          No último dia do Simpósio decorreu,
         de Marinha.                                                                pela manhã, um amplo e interessante
           A sessão inaugural foi presidida pelo   Mesa da presidência na sessão de abertura.  debate sobre os temas expostos, tendo
         VALM Ferraz Sacchetti, Presidente da Aca-  pelo Prof. Doutor Francisco Contente Domin-  da parte da tarde sido realizada a sessão de
         demia de Marinha, que na mesa da presi-  gues, Vice -Presidente da Academia e pelos  encerramento.
         dência estava ladeado pelo Comandante Le-  Comandantes Cyrne de Castro e Wandsnei-                    Z

         chuga de Serantes, representando a FOMAR,  der de Mesquita do Comité Organizador.  (Colaboração da ACADEMIA DE MARINHA)
                                                       PROGRAMA
          Abertura:                 Mesa:                    Mesa:                      Mesa:
          - Dr. Paulo Monteiro      - Dr. Carlos Leon Amores  - Com. Ventura Soares     - Prof. Doutor Aznar Gomez
          - Cor. Inf. Aragon Fontela  - Prof. Doutor Teodoro de Matos  - Prof. Rey Salgado  - Com. Neves Correia
          Açores: Refúgio de navegantes e regalo   Naufrágios nas águas portuguesas, em   A legislação internacional e nacional sobre   Técnicas de exploracion submarina
          de malfeitores na época moderna  especial na área dos Açores  o património arqueológico e subaquático  - Prof. Rey Salgado
          - Prof. Doutor Teodoro de Matos  - Dr. Paulo Monteiro  - Com. Neves Correia
                                                                                        A tecnologia ao serviço da
          Metodologia em arqueologia submarina  Naufrágios espanõles en la carrera de   La proteccion juridica internacional del   arqueologia submarina
          - Dr. Carlos Leon Amores  Índias                   patrimonio cultural subaquático  - Com. Ventura Soares
                                    - Cor. Inf. Aragon Fontela  - Prof. Doutor Aznar Gomez
          - Debate                                                                      - Debate
                                    - Debate                 - Debate
                                                                                        - Encerramento
         8  FEVEREIRO 2009 U REVISTA DA ARMADA
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