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LIVROS



                                       EDIÇÕES CULTURAIS DA MARINHA

         ¬ No passado dia 24 de Novembro, pelas 18h00, teve lugar no Pavi-  Trata-se da reprodução comentada de um manuscrito inédito da BNP,
         lhão das Galeotas do Museu de Marinha, a apresentação ao público  da autoria de um tal Theotónio José Zuzarte, relatando sob a forma de
         de mais uma obra das Edições Culturais da Marinha: “O Regresso ao  diário a “… navegação do Rio Tietê, Rio Grande Paraná e Rio Gatemy:
         Litoral – Embarcações Tradicionais Portuguesas”, da              em que se dá rellação, de todas as cousas mais notá-
         autoria da Dra. Ana Maria Lopes, Vice-Presidente da              veis destes rios, seu curso, su distância…”
         Associação dos Amigos do Museu de Ílhavo, ex -Di-                  Expedição que teve inicio em Março de 1769, com
         rectora do mesmo museu e membro da Comissão Téc-                 um percurso de 1.300 km, e à partida com um conjun-
         nica e Consultiva do Museu de Marinha.                           to de “setecentos e tantos, homens, mulheres, rapazes,
           Foi a autora apresentada pelo Presidente da Co-                crianças de todas as idades” e ainda “toda a casta de
         missão Cultural da Marinha CALM MN RES Rui                       criações e animais”… “além da gente de mareação
         de Abreu.                                                        e equipagem” e “trinta soldados”, distribuídos por
           Profusamente ilustrada com fotografias antigas e re-            “trinta e seis embarcações”.
         centes de embarcações tradicionais da costa portugue-              O relato é cheio de pormenores e peripécias, sobre
         sa, enriquecida com planos de algumas delas, trata-se            a expansão do Brasil português para a zona actual-
         de um trabalho exaustivo sobre o que ainda subsiste              mente de fronteira com o Paraguay.
         do tipicismo geográfico das embarcações marítimas,                  A edição é cuidada, com reproduções de grande
         desde o sotavento algarvio à foz do Minho.                       qualidade dos mapas elaborados pelo ex- oficial fu-
           Dado que a autora já nos anos 60 havia elaborado               zileiro da Brigada Real de Marinha, que chefiou a ex-
         um notável trabalho de investigação sobre o vocabu-              pedição e autor do “Diário” além de outras gravuras
         lário marítimo português, contactando a quase tota-              da época provenientes de arquivos brasileiros, argenti-
         lidade das povoas piscatórias em actividade nesses               nos, da Casa das Índias de Sevilha, além naturalmente
         anos, a razão do titulo: quarenta anos depois averi-             de arquivos nacionais.
         guar o que restou, comparando com o levantamento                   Sendo uma obra erudita e uma fonte histórica de
         da obra major de Baldaque da Silva.                              real importância, os comentários do Com. Juzarte
           A apresentação do livro coube ao Professor Doutor              Rolo, tornam-na acessível ao leitor comum que se in-
         Álvaro Garrido, actual Director do Museu Marítimo                teresse por estes assuntos.
         de Ílhavo, que proporcionou à assistência uma no-                  Como é tradicional, o autor, membro da Academia
         tável conferência sobre os aspectos da obra nas suas             de Marinha, foi apresentado pelo Presidente da Comis-
         vertentes antropológicas e técnica manifestando uma              são Cultural da Marinha, seu amigo de longa data.
         opinião particularmente critica quanto às determina-               Comentou o livro com referências muito elogiosas
         ções da legislação da U.E. que levaram ao abate gene-            o Prof. Doutor António Ventura, Catedrático da Fa-
         ralizado de muitos tipos de embarcações tradicionais             culdade de Letras e Director do Centro de História da
         do litoral português traduzida numa perda grave do               Universidade de Lisboa, que salientou a importância
         património marítimo nacional, elogiando a iniciativa da CCM por ter  fundamental dos relatos em primeira mão como fontes da elaboração
         assumido a edição deste livro.                       da História, e a importância da sua divulgação, salientando nas suas
           Também no mesmo local, pelas 17h30 do dia 17 de Dezembro últi-  palavras o papel, que considerou de grande relevância, que tem vindo a
         mo, se procedeu ao lançamento da mais recente publicação das Edições  ser desempenhado pela CCM nos últimos anos com as suas edições.
         Culturais da Marinha: “Um Fuzileiro no Sertão” da autoria do CMG
         REF. Carlos d’Orey Juzarte Rolo.                                    (Colaboração da COMISSÃO CULTURAL DA MARINHA)



                                          “ARTE DA GUERRA DO MAR”
                                                     REEDIÇÃO

         ¬ No dia 11 de Dezembro de 2008, pelas 18h, no Pavilhão das Galeotas  la grande erudição e uma enorme ca-
         do Museu da Marinha foi apresentada a reedição da “Arte da Guerra  pacidade para adaptar à guerra naval
         do Mar”, da autoria do Padre Fernando de Oliveira e com um estudo  alguns princípios estratégicos enun-
         introdutório do Contra-almirante António Silva Ribeiro. A cerimónia  ciados por tratadistas clássicos, gregos
         contou com a presença do VALM Telles Palhinha, Vice-Chefe do Esta-  e romanos. Contudo, o ecletismo do
         do-Maior da Armada em representação do Almirante Chefe do Esta-  Padre Oliveira, associado à sua gran-
         do-Maior da Armada.                                  de experiência marinheira, permite-lhe
           A “Arte da Guerra do Mar”, é o único tratado de estratégia naval  abordar os assuntos com outra raciona-
         alguma vez escrito por portugueses. Foi publicado no ano de 1555 e  lidade, segundo uma perspectiva emi-
         revela-nos com clareza o pioneirismo do Padre Fernando Oliveira no  nentemente estratégica e naval.
         tratamento dos assuntos navais, segundo uma abordagem focalizada   Por tudo isto, a “Arte de Guerra do
         no campo da estratégia.                              Mar” é um tratado de dimensão ver-
           Apesar de escrito há mais de quatro séculos, este tratado continua  dadeiramente mundial, que testemu-
         extremamente proveitoso para a compreensão do pensamento e da ac-  nha o valor científico e o sentido uni-
         ção estratégica naval de Portugal no século XVI.     versalista dos grandes Portugueses do
           A obra foi escrita num estilo simples e claro. Nela o autor demons-  século XVI.
         tra possuir um notável conjunto de conhecimentos navais adquiridos   A Revista da Armada agradece às Edições 70 a oferta de um exem-
         na sua intensa e atribulada vida de marinheiro. Para além disso, reve-  plar da obra reeditada que irá enriquecer a sua Biblioteca.

         26  FEVEREIRO 2009 U REVISTA DA ARMADA
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