Page 64 - Revista da Armada
P. 64
LIVROS
EDIÇÕES CULTURAIS DA MARINHA
¬ No passado dia 24 de Novembro, pelas 18h00, teve lugar no Pavi- Trata-se da reprodução comentada de um manuscrito inédito da BNP,
lhão das Galeotas do Museu de Marinha, a apresentação ao público da autoria de um tal Theotónio José Zuzarte, relatando sob a forma de
de mais uma obra das Edições Culturais da Marinha: “O Regresso ao diário a “… navegação do Rio Tietê, Rio Grande Paraná e Rio Gatemy:
Litoral – Embarcações Tradicionais Portuguesas”, da em que se dá rellação, de todas as cousas mais notá-
autoria da Dra. Ana Maria Lopes, Vice-Presidente da veis destes rios, seu curso, su distância…”
Associação dos Amigos do Museu de Ílhavo, ex -Di- Expedição que teve inicio em Março de 1769, com
rectora do mesmo museu e membro da Comissão Téc- um percurso de 1.300 km, e à partida com um conjun-
nica e Consultiva do Museu de Marinha. to de “setecentos e tantos, homens, mulheres, rapazes,
Foi a autora apresentada pelo Presidente da Co- crianças de todas as idades” e ainda “toda a casta de
missão Cultural da Marinha CALM MN RES Rui criações e animais”… “além da gente de mareação
de Abreu. e equipagem” e “trinta soldados”, distribuídos por
Profusamente ilustrada com fotografias antigas e re- “trinta e seis embarcações”.
centes de embarcações tradicionais da costa portugue- O relato é cheio de pormenores e peripécias, sobre
sa, enriquecida com planos de algumas delas, trata-se a expansão do Brasil português para a zona actual-
de um trabalho exaustivo sobre o que ainda subsiste mente de fronteira com o Paraguay.
do tipicismo geográfico das embarcações marítimas, A edição é cuidada, com reproduções de grande
desde o sotavento algarvio à foz do Minho. qualidade dos mapas elaborados pelo ex- oficial fu-
Dado que a autora já nos anos 60 havia elaborado zileiro da Brigada Real de Marinha, que chefiou a ex-
um notável trabalho de investigação sobre o vocabu- pedição e autor do “Diário” além de outras gravuras
lário marítimo português, contactando a quase tota- da época provenientes de arquivos brasileiros, argenti-
lidade das povoas piscatórias em actividade nesses nos, da Casa das Índias de Sevilha, além naturalmente
anos, a razão do titulo: quarenta anos depois averi- de arquivos nacionais.
guar o que restou, comparando com o levantamento Sendo uma obra erudita e uma fonte histórica de
da obra major de Baldaque da Silva. real importância, os comentários do Com. Juzarte
A apresentação do livro coube ao Professor Doutor Rolo, tornam-na acessível ao leitor comum que se in-
Álvaro Garrido, actual Director do Museu Marítimo teresse por estes assuntos.
de Ílhavo, que proporcionou à assistência uma no- Como é tradicional, o autor, membro da Academia
tável conferência sobre os aspectos da obra nas suas de Marinha, foi apresentado pelo Presidente da Comis-
vertentes antropológicas e técnica manifestando uma são Cultural da Marinha, seu amigo de longa data.
opinião particularmente critica quanto às determina- Comentou o livro com referências muito elogiosas
ções da legislação da U.E. que levaram ao abate gene- o Prof. Doutor António Ventura, Catedrático da Fa-
ralizado de muitos tipos de embarcações tradicionais culdade de Letras e Director do Centro de História da
do litoral português traduzida numa perda grave do Universidade de Lisboa, que salientou a importância
património marítimo nacional, elogiando a iniciativa da CCM por ter fundamental dos relatos em primeira mão como fontes da elaboração
assumido a edição deste livro. da História, e a importância da sua divulgação, salientando nas suas
Também no mesmo local, pelas 17h30 do dia 17 de Dezembro últi- palavras o papel, que considerou de grande relevância, que tem vindo a
mo, se procedeu ao lançamento da mais recente publicação das Edições ser desempenhado pela CCM nos últimos anos com as suas edições.
Culturais da Marinha: “Um Fuzileiro no Sertão” da autoria do CMG
REF. Carlos d’Orey Juzarte Rolo. (Colaboração da COMISSÃO CULTURAL DA MARINHA)
“ARTE DA GUERRA DO MAR”
REEDIÇÃO
¬ No dia 11 de Dezembro de 2008, pelas 18h, no Pavilhão das Galeotas la grande erudição e uma enorme ca-
do Museu da Marinha foi apresentada a reedição da “Arte da Guerra pacidade para adaptar à guerra naval
do Mar”, da autoria do Padre Fernando de Oliveira e com um estudo alguns princípios estratégicos enun-
introdutório do Contra-almirante António Silva Ribeiro. A cerimónia ciados por tratadistas clássicos, gregos
contou com a presença do VALM Telles Palhinha, Vice-Chefe do Esta- e romanos. Contudo, o ecletismo do
do-Maior da Armada em representação do Almirante Chefe do Esta- Padre Oliveira, associado à sua gran-
do-Maior da Armada. de experiência marinheira, permite-lhe
A “Arte da Guerra do Mar”, é o único tratado de estratégia naval abordar os assuntos com outra raciona-
alguma vez escrito por portugueses. Foi publicado no ano de 1555 e lidade, segundo uma perspectiva emi-
revela-nos com clareza o pioneirismo do Padre Fernando Oliveira no nentemente estratégica e naval.
tratamento dos assuntos navais, segundo uma abordagem focalizada Por tudo isto, a “Arte de Guerra do
no campo da estratégia. Mar” é um tratado de dimensão ver-
Apesar de escrito há mais de quatro séculos, este tratado continua dadeiramente mundial, que testemu-
extremamente proveitoso para a compreensão do pensamento e da ac- nha o valor científico e o sentido uni-
ção estratégica naval de Portugal no século XVI. versalista dos grandes Portugueses do
A obra foi escrita num estilo simples e claro. Nela o autor demons- século XVI.
tra possuir um notável conjunto de conhecimentos navais adquiridos A Revista da Armada agradece às Edições 70 a oferta de um exem-
na sua intensa e atribulada vida de marinheiro. Para além disso, reve- plar da obra reeditada que irá enriquecer a sua Biblioteca.
26 FEVEREIRO 2009 U REVISTA DA ARMADA