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NAVIO-ESCOLA “SAGRES”
VOLTA AO MUNDO 2010
11ª PARTE
Omês de Novembro ficará nos
registos da terceira Viagem de Goa. Esta última contou
de Circum-navegação como com o Forte da Aguada
como pano de fundo, uma
o mais navegado. Entre os dias 29 de imponente fortificação de
Outubro e 6 de Dezembro o navio efec- construção portuguesa no
tuou duas tiradas de 14 e 21 dias inter- estuário do Rio Mandovi.
caladas por 4 dias de escala em Goa. A 12 de Novembro atra-
Neste Período percorreu-se a parte fi- cámos no porto de Mor-
nal do Estreito de Malaca, a travessia mugão, junto à cidade de
do Índico, do Golfo de Áden, do Mar Vasco da Gama, uma vez
Vermelho e finalmente o canal de Suez que o Rio Mandovi não
para alcançar o Mediterrâneo. tem fundos para a “Sa-
A entrada no Índico foi inicialmente gres” navegar até Panjim.
atribulada por fortes ventos contrários, No cais esperavam-nos
influências da tempestade tropical Jal, um grupo de portugueses,
que nos passou por Norte na dura tra- de amigos de Portugal, de
vessia do Golfo de Bengala, ainda com representantes da Marinha
a monção de sudoeste a impor-se. O Indiana e vários jornalis-
mar grosso fustigou o navio durante tas, que compareceram
alguns dias, mas rapidamente deu lu- para a habitual conferên-
gar a umas tardes solarengas, apro- cia de imprensa à chegada.
veitadas para reparações e manuten- Estávamos próximo do dia 25 de
ção do navio. Novembro, em que se comemora-
Passado o Sri Lanka e o Cabo Co- vam os 500 anos da tomada de Goa
morim, no extremo sul do sub-con- por Afonso de Albuquerque, apoiado
tinente Indiano, iniciou-se o Torneio pelo Rei Hindu de Cochim para ex-
de Futebol de Convés do Índico, que pulsar os muçulmanos que a tinham
encerrou um ano desportivo pleno invadido 30 anos antes. Esta efeméri-
de actividade, que envolveu compe- de fez com que um pequeno partido
tições em três oceanos distintos. da oposição aproveitasse a nossa pre-
Os ventos de Sul permitiram realizar O Embaixador de Portugal na Índia e esposa, e o sença para se manifestar e embaraçar
a subida da costa do Malabar à vela, Cônsul de Portugal em Goa na recepção a bordo. o Governo da região por nos receber.
relembrando os tempos em que os Mas o efeito que tiveram foi em au-
primeiros navios portugueses alcan- mentar as demonstrações de afecto
çaram estas paragens, há mais de 500 dos muitos mais que nos acarinharam
anos. A primeira menção às Cruzes e vieram matar saudades de Portugal
de Cristo nas velas dos navios portu- visitando a “Sagres” e convivendo
gueses é desse período e a Sagres or- com estes 150 marinheiros lusos.
gulhosamente mantem esta tradição Ao longo da estadia recebemos
no século XXI. várias visitas de escolas e do público
Nessa tirada, as manhãs foram em geral, e visitámos com orgulho o
dedicadas ao treino do pessoal, com rico património e a arte portuguesa
alguma incidência sobre as emergên- Espectáculo de Fado. espalhados por toda esta região flu-
cias da plataforma. Os treinos pri- vial. Falámos com muitas pessoas
vilegiaram a Limitação de Avarias, que se interessaram pela “Sagres”
nomeadamente o adestramento das e pela sua missão, participámos na
Brigadas de Intervenção Rápida. inauguração de uma exposição sobre
A longa pernada entre Kuala Lum- Fernão Mendes Pinto, em Margão, e
pur e Goa contou com duas efeméri- numa concorrida recepção oferecida
des, aproveitadas para o convívio da em nossa honra pela Indo Portuguese
guarnição no agradável espaço do Friendship Society. Esta última asso-
poço. Foram elas a celebração dos três ciação, que conta com muitos portu-
anos do comando, a 6 de Novembro, gueses nascidos em Goa e simpati-
e o dia de São Martinho já ao largo Oficiais e convidados. zantes da lusofonia, desenvolve um
8 JANEIRO 2011 • REVISTA DA ARMADA