Page 20 - Revista da Armada
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D.João de Castro, porventura o unico Notas:
dos escriptores de architectura naval
do seu tempo e do seu paiz, (...) elle 1 CIDADE, Hernâni, «Uma exposição de livros de
representa em Portugal uma das mais homens do mar», Anais do Clube Militar Naval, Nú-
mero especial comemorativo do 1º centenário do Clu-
brilhantes personificações do espirito be Militar Naval 1866-1966, pp. 84-85.
do livre exame em pleno século XVI, 2 PATO, Bulhão, Cartão manuscrito, Espólio Lopes
(...) mas o que mais decisivamente re-
de Mendonça, Biblioteca Nacional, N53/1063
3 RAMOS, Rui, O Cidadão Keil, pp.57-58. Entre
aspas, são as palavras de Lopes de Mendonça, em en-
commenda o padre Fernando Oliveira trevista dada ao Diário de Notícias de 18 de Novembro
á attenção e ao respeito da posterida- de 1910.
de são os seus merecimentos excepcio-
naes de escriptor nautico. (...)” 21 4 Elogio fúnebre num recorte de jornal, Espólio
Lopes de Mendonça, Biblioteca Nacional, N53/1059.
Mas a atenção de Mendonça repar-
5 LEONE, Carlos in http://cvc.instituto-camoes.
pt/figuras/lopesdemendonca.html, consultado em
02FEV11.
te-se por muitos e variados assuntos. 6 REBELLO, Luiz Francisco, Três espelhos, p.91
Já desde 1879 era sócio corresponden- 7 Em O Operário, de 10 de Agosto de 1879, o
te da Real Academia das Ciências,
socialista portuense J. Maria Pina considerava aquele
jornal de Lisboa como o primeiro jornal socialista do
passando a sócio efectivo em 1900 e Henrique Lopes de Mendonça país. Citado por Maria Guimarães e Castro, O Operá-
assumindo a presidência da Acade- Columbano Bordalo Pinheiro - Museu do Chiado rio (1879-82) e o movimento socialista no Porto, p.15.
mia das Ciências em 1914-15. Foi sócio
da Sociedade de Geografia a partir de Arquivo histórico BCM 8 REBELLO, Luiz Francisco, Três espelhos, p. 150
1890. E, entre 1901 e 1929, é professor 9 O Operário. Porto, 30 de Maio de 1880, citado
de Geografia, História e Literatura na por Maria Guimarães e Castro, O Operário (1879-82)
Escola de Belas Artes. Ainda em Maio e o movimento socialista no Porto, p.14.
de 1911, é criada, pelo Ministério do
Fomento, a Repartição de Turismo, da 10 Curiosamente, aqui decorreram as reuniões
qual também faz parte, como mem- que conduziram à criação do Clube Militar Naval.
bro agregado ao seu Conselho. Ainda
em 1911 forma, com alguns autores 11 CASTRO, Maria Guimarães e, O Operário
teatrais, a Associação de Classe dos (1879-82) e o movimento socialista no Porto, pp. 18
Autores Dramáticos Portugueses. De e 19.
curta existência, não chegou a reunir
mais de 50 associados. Já em 1925, 12 Henrique Lopes de Mendonça, A sua vida e a
com outros autores teatrais e compo- sua obra, p. [2].
sitores musicais, funda a Sociedade
de Escritores e Compositores Teatrais 13 Foram doze filhos, dos quais sobreviveram
Portugueses, uma cooperativa anó- nove.
nima de responsabilidade limitada e
14 Arquivo Central de Marinha, Caixa 756.
15 Arquivo Central de Marinha, Caixa 756.
16 Carta a Columbano Bordalo Pinheiro, Espólio
Lopes de Mendonça, Biblioteca Nacional, N53/14.
17 REBELLO, Luiz Francisco, Fragmentos de uma
dramaturgia, p.25.
18 Publicado em 1892, pela Academia Real das
Ciências.
19 Publicado em 1898, pela Academia Real das
Ciências.
20 DOMINGUES, Francisco Contente, Bibliogra-
fia comentada.
21 O Padre Fernando Oliveira e a sua obra nauti-
que, anos mais tarde, se transformou ca, 1898, pp. 3, 81 e 82.
naquilo que é hoje a Sociedade Portu- 22 A 1ª série foi publicada entre Abril de 1903 e
guesa de Autores.
Dezembro de 1904, surgindo a 2ª série entre Janeiro
Não se pense, contudo, que Lopes e Dezembro de 1910.
de Mendonça era um carácter austero.
23 A 1ª série publicou-se entre 1901 e 1904.
24 Uma regularidade quase semanal!
A bondade e ternura do seu coração, Bibliografia:
para além de se tornarem evidentes Arquivo Central de Marinha, Henrique Lopes de
Mendonça, Caixas 756 e 1416.
em muitas das suas cartas, facilmen- CMG Henrique Lopes de Mendonça Biblioteca Nacional, Espólio Lopes de Mendon-
te se verificam na atenção que dedica Em jeito de conclusão, a vida e obra
às crianças. Assim, é director de uma ça, N53
revista especialmente dedicada aos CASTRO, Maria João de Abreu Mena Guimarães
mais novos, O Gafanhoto 22, tendo pu-
e, O Operário (1879-82) e o movimento socialista no
Porto, Dissertação de Mestrado em História Contem-
porânea, apresentada à Faculdade de Letras da Uni-
blicado, em 1904, a “História de Portu- de Henrique Lopes de Mendonça não se versidade do porto, Porto, 1999.
gal contada aos pequenos portugueses”. esgota neste curto artigo. No seu trajecto DOMINGUES, Francisco Contente, Bibliografia ano-
Mas para além d’O Gafanhoto, ainda foi de vida, conseguiu deixar marca na Cul-
tada da Arqueologia Naval Portuguesa (1892-2003), [s.l.],
[s.d.].
LEONE, Carlos, http://cvc.instituto-camoes.pt/figuras/
director da 1ª série da revista Serões 23 e tura nacional (e escrevo Cultura, propo- lopesdemendonca.html, consultado em 02FEV11.
do Diário Popular, entre 9 de Março e 24 sitadamente, com a inicial maiúscula)
de Abril de 1911, isto após um período em duas áreas aparentemente inconci- MÓNICA, Maria Filomena, «Os fiéis inimigos: Eça de
em que este jornal se manteve encerra- liáveis: na História, área do rigor, como Queirós e Pinheiro Chagas» in Análise Social, vol. XXXVI
do entre 1 de Janeiro e 8 de Março desse fundador da Arqueologia Naval portu- (160), 2001, pp. 711-733.
PEREIRA, Jorge Ramos, «Henrique Lopes de Men-
donça. Investigador e historiógrafo de alto nível intelec-
ano. guesa e no Teatro do seu tempo, área da tual que muito honrou o País e dignificou a Armada», in
Entre 1913 e 1919 vai publicando regu- liberdade poética, com as suas peças de Memórias, Vol. IV, Lisboa, Centro de Estudos da Marinha,
teatro e reflexão crítica. Homem do seu 1974, pp. 21-45.
larmente 24 curtos contos n’«O Comércio tempo, no seu tempo, até as palavras
do Porto». Quase todos, para não dizer que emprestou à música de Keil foram RAMOS, Rui, O Cidadão Keil. Alfredo Keil, A Por-
todos, vão beber a inspiração a episódios força de intervenção política durante tuguesa e a Cultura do Patriotismo Cívico em Portugal
verídicos, essencialmente da História de cerca de vinte anos, até à instauração da (Fim do Século XIX – Princípio do Século XX), Alfragide,
Portugal, abrangendo temas que vão República, e desde então, até hoje, como D.Quixote, 2010.
desde Viriato até ao combate do «Au-
REBELLO, Luiz Francisco, «Evocação de Henrique
Lopes de Mendonça (no cinquentenário da sua morte)»,
in Fragmentos de uma dramaturgia, Lisboa, Imprensa Na-
cional – Casa da Moeda, 1994, pp. 23 a 31.
gusto de Castilho». Esses contos foram voz de Portugal no mundo. REBELLO, Luiz Francisco, Três Espelhos. Uma visão
depois reunidos em oito volumes, tais panorâmica do teatro português do Liberalismo à Dita-
como “Fumos da Índia” ou “Sangue dura (1820-1926), Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da
Moeda, 2010.
SAMPAIO, Albino Forjaz de (dir.), Henrique Lopes de
Português”, por exemplo, sob o título Alexandre Cartaxo Mendonça: a sua vida e a sua obra, Lisboa, Empresa do
global de «Cenas da Vida Heróica». CFR Diário de Notícias, 1926.
20 MARÇO 2011 • REVISTA DA ARMADA