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ABERTURA DO ANO OPERACIONAL 2012/13
Decorreu no passado dia 30 de outubro, nos resultados alcançados por si e pelas suas guar- Foto Júlio Titoorgulho ao cidadão anónimo que os visitou. Este é,
no CITAN, aAbertura doAno Opera- nições e equipas. em minha opinião, apenas mais um exemplo de que
cional 2012/2013. o papel da Marinha, sendo um ramo das forças ar-
Este ano, a abertura formal do ano opera- O planeamento ficou ab initio fortemente condi- madas, não se esgota na vertente militar, pois o seu
cional seguiu o formato do ano passado, com cionado pela disponibilidade orçamental. fim último entronca no que seja definido como de
grande sobriedade no anfiteatro do CITAN, interesse nacional, independentemente de fatores de
sob a presidência do Almirante Saldanha Lo- Com efeito, a base orçamental de partida, da qual modo, tempo ou lugar.
pes, Chefe do Estado-Maior da Armada e Au- decorreu o planeamento para 2012, foi reduzida
toridade Marítima Nacional, estando presentes de 37% relativamente ao ano anterior, dos quais Nesta linha, saliento também a participação da
todos os altos postos da Armada, Diretores de 25,7% afetando toda a atividade a realizar por ini- António Enes na NEAFC/NAFO, o que, nos dize-
Serviços e Comandos. ciativa própria. res dos inspetores embarcados, veio, uma vez mais,
em cotejo com o fretamento de um navio civil, evi-
Falou em primeiro lugar o VALM J. Monteiro Assim, começando pela função de Defesa Militar denciar a mais-valia que uma unidade naval, fruto
Montenegro, Comandante Naval, que afirmou: e Apoio à Política Externa, tivemos a Corte Real in- das suas capacidades, ainda que condicionadas pela
tegrada durante dois meses na operação Atalanta de idade, mas sobretudo do profissionalismo, saber, sen-
Encerramos hoje simbolicamente mais um ano combate à pirataria no Corno de África, desta feita tido do dever e atitude próprios de quem é militar,
operacional. No tradicional balanço que estas ocasi- sem oportunidades para ações de grande mediatismo, consegue trazer a este tipo de missões, ainda que de
ões impõem, a minha primeira referência é dirigida mas a que correspondeu, uma vez mais, e é isso que natureza eminentemente civil.
aos elevados níveis de segurança que marcaram a releva, o reconhecimento internacional da qualidade
atividade operacional. Com efeito, pese embo- de desempenho das nossas guarnições, mas também Por fim, a Operação Manatim.
ra o acréscimo de alguns fatores de risco, no- da capacidade da Marinha, através dos seus coman- Para mim, no plano da Marinha, o que mais
meadamente pela redução das oportunidades dos administrativos e direções técnicas, para susten- relevou foi a excelente capacidade demonstra-
de treino, pelas dificuldades em prover a mais tar um navio numa operação distante e em ambiente da para, em menos de 48 horas, colocar uma
necessidades na manutenção preventiva e pelo desfavorável. Não surpreende pois o interesse dos co- força naval no mar, reforçada com elementos
contínuo envelhecimento de alguns meios, o mandos superiores aliados em continuar a contar com e unidades dos fuzileiros e dos mergulhado-
saldo é positivo. Daqui retiro uma conclusão a presença dos nossos meios neste tipo de operações. res, deslocando-a para uma área de operações
e uma ilação; a conclusão é que vale a pena a milhares de milhas de distância, e pronta a
continuarmos a eleger a segurança como o ele- Mantivemos o empenhamento do Corpo de Fu- cumprir com a missão atribuída. Foi mais uma
mento de maior relevância da nossa ação, pois zileiros no Afeganistão, ainda que condicionado no prova da nossa cultura de missão, dos resulta-
dela decorre não só uma condição essencial ao número de efetivos destacados. A preparação e o de- dos que se obtêm da colaboração intersectorial e,
cumprimento da missão, mas também, e aci- sempenho deste nosso pessoal, quando cotejado com permitam-me o destaque, do espírito que molda
ma de tudo, a salvaguarda do pessoal, que é o outros, sejam eles nacionais ou estrangeiros, conti- os nossos marinheiros.
nosso bem maior; a ilação é que este saldo, para nua a ser objeto de significativo apreço, mostrando No âmbito da Segurança e Autoridade do
além de só ser possível mercê de uma formação à saciedade que os nossos fuzileiros são um corpo Estado, o empenhamento da Esquadra teve
sólida e de uma ação rigorosa da supervisão a preparado, pronto e capaz. algumas reduções significativas a que acima
todos os níveis, é certamente devido também ao aludi, ainda que os indicadores mensuráveis
saber implícito existente, fruto de anos e anos A Sagres e o Creoula, para além dos seus tradi- nos continuem a prestigiar. Emprego o quali-
de operação no mar, como tal fora do alcance cionais empenhamentos em viagens de instrução e ficativo “mensurável” para evitar a conclusão
de arrivistas. de adaptação ao mar e de colaboração com institui- imediatista de que estamos a conseguir fazer
ções públicas e privadas, ainda que menos extensas e muito mais com muito menos. É verdade que
Este resultado global não pode contudo fa- profusas do que no passado, concitaram sobre si uma melhorámos processos, refinámos procedimen-
zer-nos afrouxar a vigilância. A escassez de atenção inusitada mercê das comemorações dos seus tos, desenvolvemos mais conhecimento e dessa
empenhamento de algumas unidades, com aniversários. A abertura à sociedade civil, empresa- forma aumentámos a eficiência.
consequente redução da proficiência do pesso- rial e não só, e o brio que as suas guarnições eviden- Na Fiscalização da pesca, pese embora um decrés-
al, a par com o desgaste de outras, com consequen- ciaram na multiplicidade de eventos havida, trouxe cimo no número de fiscalizações, houve um acrésci-
te maior exposição ao risco, estiveram na origem de óbvios dividendos à imagem da Marinha e genuíno mo tendencial de deteções de Presumíveis Infratores.
alguns incidentes, ainda que sem consequências de Tal é devido às vantagens do contínuo aperfeiçoa-
vulto, mas que servem para ilustrar que a seguran- mento das capacidades e da exploração dos sistemas
ça é um estado permanentemente inacabado, em que de informação existentes no COMAR e nos Postos
um erro, uma distração, um alívio na vigilância, po- de Comando dos CZMAe CZMS, emprestando ao
dem, num minuto, deitar a perder o que demorou processo de decisão acrescida capacidade de direciona-
anos a conquistar. Exorto pois os Senhores Coman- mento do esforço de fiscalização e, por consequência,
dantes, sejam dos navios, das unidades de fuzileiros maior efetividade.
ou de mergulhadores, ao máximo de rigor em ma- Na Busca e Salvamento Marítimo, os níveis de
téria de segurança, não deixando nada ao sabor do desempenho continuam a merecer o nosso orgulho.
improviso e do acaso; a sorte só costuma proteger os Com efeito, as taxas de eficácia do Serviço de Busca
que fazem por a conquistar. e Salvamento Marítimo mantiveram-se em números
muito prestigiantes, superando mesmo muitos dos
Senhor Almirante chefe do estado-maior da Ar- seus congéneres internacionais, os quais só foram
mada, sei que tem acompanhado de perto a atividade possíveis de alcançar pelos níveis de proficiência dos
operacional do Comando Naval e que é sensível às MRCC, do sentido de responsabilidade e de solida-
circunstâncias em que ela hoje se desenvolve. Ainda riedade dos mareantes em geral, e da excelente coor-
assim, não posso deixar de apresentar uma súmu- denação que tem sido mantida com os órgãos locais
la do que de mais relevante foi feito e das principais da Direção-Geral da Autoridade Marítima e com o
dificuldades sentidas, tanto mais porque tem peran- Comando Operacional da Força Aérea.
te si os principais protagonistas daquela atividade, O Corpo de Fuzileiros, para além da sua partici-
os comandantes e representantes das unidades da pação na Operação Manatim, satisfez os seus com-
Esquadra, que muito justamente querem ver o seu
desempenho aqui retratado, pois sentem orgulho
4 DEZEMBRO 2012 • Revista da Armada