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O Arpão no SNMG2 2ª PARTE
Alargada de Toulon em 26 de setem- de submarinos, a qual constitui o pilar da ca- eventos sociais da SNMG2. Um destes even-
bro decorreu sem novidades com o pacidade de dissuasão militar naval nacional. tos ocorreu a bordo da fragata turca Gediz e
Arpão pronto para enfrentar mais um Nenhuma das outras capacidades existentes consistiu num almoço para um restrito grupo
grande desafio, o primeiro grande exercício surte o mesmo efeito dissuasor num eventual de autoridades civis e militares representativas
operacional internacional da sua recente his- opositor, dadas as características intrínsecas da comunidade local; o outro foi um jantar
tória, o Noble Mariner 12 (NOMR12) que se da arma submarina às quais se junta a eleva- que reuniu o COMSNMG2 e os seus quatro
desenrolou ao largo da ilha francesa da Cór- díssima qualidade desta classe de submarinos, Comandantes num restaurante local. De sa-
sega. O cenário, já vivido por muitas vezes repleta de alta tecnologia. A esta característi- lientar que o Comandante do Arpão sentiu
em outras ocasiões e latitudes, re-
meteu-nos para estados falhados sempre um particular interesse do
beligerantes, uma crise humanitá- CALM COMSNMG2 para com esta
ria e a necessidade de intervenção unidade naval, o único submarino
de uma força NATO, ao abrigo de a integrar a força por si comanda-
resoluções do Conselho de Segu- da, conferindo a esta um relevan-
rança das Nações Unidas. A única te equilíbrio na missão, única ao
grande alteração, à qual não está- abrigo do artigo 5º do Tratado da
vamos acostumados, foi a partici- Aliança Atlântica.
pação na fase tática como navio
integrante da força internacional e Após 3 dias em porto, o Arpão
não como força opositora. zarpa a 12 de outubro em dire-
No NOMR 12, participaram ção a mais uma área de patrulha,
meios aeronavais de diversos paí participando pela segunda vez na
ses como sejam os Estados Uni- missão de combate ao terrorismo
dos, França, Itália, Alemanha, no mar Mediterrâneo, no âmbito
Portugal, Dinamarca, Turquia e o da operação “Active Endeavour”.
Reino Unido, totalizando mais de Esta patrulha viria a terminar em
40 meios aeronavais. Na primeira 25 do mesmo mês, tendo o sub-
fase do exercício, que se desenro- marino navegado 345 horas sem-
lou numa forma seriada, o Arpão pre em imersão, e percorrido 1355
teve a possibilidade de realizar 10 milhas. No decurso desta patrulha
“CASEX”, onde se incluíram séries Recolhendo informações de forma discreta. foram reportadas a presença e ati-
vidade de 1525 contactos, entre
para a luta anti-superfície e anti- navios mercantes, navios militares
-submarina, enfrentando moder- não-Nato e 71 navios com compor-
nos meios aeronavais, realçando- tamentos considerados eventual
-se o submarino da Classe “212” mente suspeitos.
da Marinha Italiana, ITS Sciré, e
o nuclear da Classe “Rubis” da Este período de 19 dias de pa-
Marinha Francesa FS Emeraude, trulha constituiu mais um relevan-
com resultados muito positivos. te desafio para a guarnição, dada
Na última fase do exercício, o Ar- a intensa atividade a que foi sujei-
pão integrou a força multinacio- ta. A manutenção de um elevado
nal e apoiou-a na contenção de estado de concentração da guar-
um conflito entre estados falha- nição de uma unidade naval sub-
dos. Dadas as novas capacidades marina a executar missões de re-
de comunicações, considerando colha de informação discreta, em
a introdução e utilização pela pri- áreas onde se podem encontrar
meira vez do sistema de comuni- O Arpão atracado em Palma de Maiorca. submarinos não-Nato e por um
tão longo período de tempo, cons-
cações satélite, o Arpão atingiu, durante esta ca acresce a capacidade, agora provada, de titui por si só um enorme desafio.
fase, o mais elevado nível de integração pre- integrar sem dificuldade uma qualquer força A manutenção da atenção e concentração
visto na doutrina NATO, o “Integrated Ope- NATO e de estar a par com o que de melhor são fatores determinantes para o sucesso da
rations”. Conjuntamente com o Emeraude, se faz a nível mundial nesta área, não fosse missão pois em qualquer momento, e con-
competia ao Arpão proporcionar proteção Portugal contar com a Arma Submarina há trariando a rotina das tarefas em execução,
de superfície e sub-superfície ao navio po- quase 100 anos. são detetados contactos de elevado interes-
livalente logístico francês Tonnerre, navio O NOMR 12 terminou no dia 7 de outu- se, sejam eles civis ou militares de superfície
chefe da “nossa” força. Esta tarefa permitiu bro e o Arpão atracou em Palma de Maiorca ou sub-superfície, o que provoca o disparo
treinar muitos procedimentos de utilização no dia 9 do mesmo mês. A estadia em Palma muito substancial dos níveis de adrenalina.
de um submarino em apoio a uma força na- conduziria aos primeiros dois dias de alguma Contudo, devido ao esforço e dedicação da
val que realiza uma missão de paz, mas que calma a bordo desde a já longínqua saída de guarnição, tudo decorreu favoravelmente
conta com uma força potencialmente opo- Lisboa em 28 de agosto, tendo em conta que durante esta importante patrulha.
sitora no interior da sua área de operações. a escala em Toulon havia sido ainda muito O tempo, esse, passou a voar nesta patrulha
No final, entre todos os participantes, ficou movimentada, em virtude da necessidade de no Mar Mediterrâneo e foi com elevado sentir
a noção de que o Arpão havia desempenha- preparar convenientemente o exercício que aí de dever cumprido que se iniciou o trânsito
do muito bem o seu papel, tendo deixado vinha. Ainda assim, o Comandante do Arpão, para o Porto de Cartagena.
bem patente a capacidade desta nova classe CTEN Baptista Pereira, participou em dois
Colaboração do COMANDO DO NRP ARPÃO
Revista da Armada • DEZEMBRO 2012 7