Page 7 - Revista da Armada
P. 7

O Arpão no SNMG2 2ª PARTE

Alargada de Toulon em 26 de setem-          de submarinos, a qual constitui o pilar da ca-    eventos sociais da SNMG2. Um destes even-
       bro decorreu sem novidades com o     pacidade de dissuasão militar naval nacional.     tos ocorreu a bordo da fragata turca Gediz e
       Arpão pronto para enfrentar mais um  Nenhuma das outras capacidades existentes         consistiu num almoço para um restrito grupo
grande desafio, o primeiro grande exercício surte o mesmo efeito dissuasor num eventual       de autoridades civis e militares representativas
operacional internacional da sua recente his- opositor, dadas as características intrínsecas  da comunidade local; o outro foi um jantar
tória, o Noble Mariner 12 (NOMR12) que se da arma submarina às quais se junta a eleva-        que reuniu o COMSNMG2 e os seus quatro
desenrolou ao largo da ilha francesa da Cór- díssima qualidade desta classe de submarinos,    Comandantes num restaurante local. De sa-
sega. O cenário, já vivido por muitas vezes repleta de alta tecnologia. A esta característi-  lientar que o Comandante do Arpão sentiu
em outras ocasiões e latitudes, re-
meteu-nos para estados falhados                                                                          sempre um particular interesse do
beligerantes, uma crise humanitá-                                                                        CALM COMSNMG2 para com esta
ria e a necessidade de intervenção                                                                       unidade naval, o único submarino
de uma força NATO, ao abrigo de                                                                          a integrar a força por si comanda-
resoluções do Conselho de Segu-                                                                          da, conferindo a esta um relevan-
rança das Nações Unidas. A única                                                                         te equilíbrio na missão, única ao
grande alteração, à qual não está-                                                                       abrigo do artigo 5º do Tratado da
vamos acostumados, foi a partici-                                                                        Aliança Atlântica.
pação na fase tática como navio
integrante da força internacional e                                                                         Após 3 dias em porto, o Arpão
não como força opositora.                                                                                zarpa a 12 de outubro em dire-
No NOMR 12, participaram                                                                                 ção a mais uma área de patrulha,
meios aeronavais de diversos paí­                                                                        participando pela segunda vez na
ses como sejam os Estados Uni-                                                                           missão de combate ao terrorismo
dos, França, Itália, Alemanha,                                                                           no mar Mediterrâneo, no âmbito
Portugal, Dinamarca, Turquia e o                                                                         da operação “Active Endeavour”.
Reino Unido, totalizando mais de                                                                         Esta patrulha viria a terminar em
40 meios aeronavais. Na primeira                                                                         25 do mesmo mês, tendo o sub-
fase do exercício, que se desenro-                                                                       marino navegado 345 horas sem-
lou numa forma seriada, o Arpão                                                                          pre em imersão, e percorrido 1355
teve a possibilidade de realizar 10                                                                      milhas. No decurso desta patrulha
“CASEX”, onde se incluíram séries    Recolhendo informações de forma discreta.                           foram reportadas a presença e ati-
                                                                                                         vidade de 1525 contactos, entre
para a luta anti-superfície e anti-                                                                      navios mercantes, navios militares
-submarina, enfrentando moder-                                                                           não-Nato e 71 navios com compor-
nos meios aeronavais, realçando-                                                                         tamentos considerados eventual­
-se o submarino da Classe “212”                                                                          mente suspeitos.
da Marinha Italiana, ITS Sciré, e
o nuclear da Classe “Rubis” da                                                                              Este período de 19 dias de pa-
Marinha Francesa FS Emeraude,                                                                            trulha constituiu mais um relevan-
com resultados muito positivos.                                                                          te desafio para a guarnição, dada
Na última fase do exercício, o Ar-                                                                       a intensa atividade a que foi sujei-
pão integrou a força multinacio-                                                                         ta. A manutenção de um elevado
nal e apoiou-a na contenção de                                                                           estado de concentração da guar-
um conflito entre estados falha-                                                                         nição de uma unidade naval sub-
dos. Dadas as novas capacidades                                                                          marina a executar missões de re-
de comunicações, considerando                                                                            colha de informação discreta, em
a introdução e utilização pela pri-                                                                      áreas onde se podem encontrar
meira vez do sistema de comuni-      O Arpão atracado em Palma de Maiorca.                               submarinos não-Nato e por um
                                                                                                         tão longo período de tempo, cons-
cações satélite, o Arpão atingiu, durante esta ca acresce a capacidade, agora provada, de                titui por si só um enorme desafio.
fase, o mais elevado nível de integração pre- integrar sem dificuldade uma qualquer força     A manutenção da atenção e concentração
visto na doutrina NATO, o “Integrated Ope- NATO e de estar a par com o que de melhor          são fatores determinantes para o sucesso da
rations”. Conjuntamente com o Emeraude, se faz a nível mundial nesta área, não fosse          missão pois em qualquer momento, e con-
competia ao Arpão proporcionar proteção Portugal contar com a Arma Submarina há               trariando a rotina das tarefas em execução,
de superfície e sub-superfície ao navio po- quase 100 anos.                                   são detetados contactos de elevado interes-
livalente logístico francês Tonnerre, navio O NOMR 12 terminou no dia 7 de outu-              se, sejam eles civis ou militares de superfície
chefe da “nossa” força. Esta tarefa permitiu bro e o Arpão atracou em Palma de Maiorca        ou sub-superfície, o que provoca o disparo
treinar muitos procedimentos de utilização no dia 9 do mesmo mês. A estadia em Palma          muito substancial dos níveis de adrenalina.
de um submarino em apoio a uma força na- conduziria aos primeiros dois dias de alguma         Contudo, devido ao esforço e dedicação da
val que realiza uma missão de paz, mas que calma a bordo desde a já longínqua saída de        guarnição, tudo decorreu favoravelmente
conta com uma força potencialmente opo- Lisboa em 28 de agosto, tendo em conta que            durante esta importante patrulha.
sitora no interior da sua área de operações. a escala em Toulon havia sido ainda muito          O tempo, esse, passou a voar nesta patrulha
No final, entre todos os participantes, ficou movimentada, em virtude da necessidade de       no Mar Mediterrâneo e foi com elevado sentir
a noção de que o Arpão havia desempenha- preparar convenientemente o exercício que aí         de dever cumprido que se iniciou o trânsito
do muito bem o seu papel, tendo deixado vinha. Ainda assim, o Comandante do Arpão,            para o Porto de Cartagena.
bem patente a capacidade desta nova classe CTEN Baptista Pereira, participou em dois
                                                                                                                                                 

                                                                                                       Colaboração do COMANDO DO NRP ARPÃO

                                                                                              Revista da Armada • DEZEMBRO 2012 7
   2   3   4   5   6   7   8   9   10   11   12