Page 17 - Revista da Armada
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REVISTA DA ARMADA | 505

A GEOGRAFIA DE

PTOLOMEU

E AS NAVEGAÇÕES PORTUGUESAS

SÉCULOS XV-XVI

Planisfério Cantino (1502).                  dos mundos que os esclarecidos Reis de      e de uma rede de notícias que primavam
                                             Portugal descobriram, se agora cá viesse    pela novidade. Cartógrafos, homens de
As novidades acerca do mundo natural,        Ptolomeu, Strabo, Pompónio, Plínio ou So-   negócio, viajantes, académicos e espiões
     as notícias de povos e culturas desco-  lino com suas três folhas, a todos meteria  mergulhavam naquela cidade procurando
nhecidas e o aparecimento de novas des-      em confusão e vergonha, mostrando-lhe       colher dados com os quais poderiam cons-
crições geográficas de terras longínquas     que as partes do mundo que não alcança-     truir uma nova imagem do Mundo. Verda-
foi algo que se tornou possível na exata     ram são maiores que as três em que eles     deira obra-prima da cartografia renascen-
medida em que as navegações oceânicas,       o dividiram. E o mais confuso seria Pto-    tista, o planisfério «Cantino», datado de
levadas a cabo, sobretudo, por marinheiros   lomeu, em a graduação das suas távoas,      1502, surge como um caso bastante ilus-
portugueses nos séculos XV e XVI, trans-     porque, como passa de Alexandria, pinta-    trativo de como se obtinham informações
formaram completamente a ideia e a visão     -as com aquela licença que Horácio dá aos   geográficas na capital portuguesa. Adqui-
que vigorava sobre o Mundo. A Geografia e    pintores. [...].”1                          rido através de suborno naquele ano por
a Cartografia, nesse âmbito, tiveram um pa-                                              Alberto Cantino, um espião ao serviço do
pel assinalável, como saberes que difundi-     A Península Ibérica, nos séculos XV e     Duque de Ferrara, Ercole d’Este, a car-
ram uma nova imagem do globo terrestre.      XVI, com destaque para o porto de Lisboa,   ta inscrevia os novos dados geográficos
                                             encontrava-se no centro de informações
  Em 1545, João de Barros concluía:
“Acerca da cosmografia, com a grandeza

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