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REVISTA DA ARMADA | 509
Fig. 4 - Modelo batimétrico em 3D do caça-minas Roberto Ivens.
A utilização conjunta dos diferentes métodos de deteção de O BALANÇO DA MISSÃO
objetos revela ser a abordagem adequada, sobretudo quando a
incerteza na localização dos destroços ou a área de busca são A missão decorreu com normalidade e sem incidentes, tendo
demasiado grandes. No caso presente, não obstante a indica- o objetivo sido cumprido com sucesso. O levantamento obtido a
ção cartográfica de vários destroços com elevada potencialidade partir de sonar de pesquisa lateral permitiu localizar e posicionar
para serem o objeto a detetar, apenas com a utilização conjunta os destroços do navio. As imagens acústicas de elevada resolução
dos diversos sistemas e a possibilidade de posicionamento dos (sonar de pesquisa lateral e multifeixe) identificaram a natureza do
sensores junto ao fundo, permitiram detetar e posicionar corre- destroço, tendo o magnetómetro registado uma anomalia. Como
tamente o ex-NRP Roberto Ivens. A qualidade dos registos obti- efeito da persistência de condições meteorológicas adversas nas
dos pode ser verificada nas imagens dos destroços visíveis nas semanas que antecederam os trabalhos, bem como da nebulosida-
figuras 1 a 3. de do dia em que se realizou o mergulho do ROV, não foi possível
a aquisição de boas imagens vídeo, tendo sido adquirida apenas
O LEVANTAMENTO BATIMÉTRICO informação com a câmara acústica. Os destroços do caça-minas Ro-
berto Ivens foram, assim, localizados a cerca de 5 milhas náuticas a
Terminado o levantamento acústico e geofísico, foi realizado sul do forte de S. Julião da Barra, em profundidades na ordem dos
o levantamento batimétrico com um sondador multifeixe (SMF), 30 m.
instalado na lancha hidrográfica Atlanta. As valências existentes no IH, empenhadas nesta missão, são
As imagens produzidas com os dados adquiridos pelo SMF pos- aquelas que, normalmente, são utilizadas nas operações de dete-
suem uma resolução mais baixa, que a imagem do sonar de pes- ção e inspeção de objetos no fundo, intervenções onde é exigida
quisa lateral, em virtude de estar instalado no casco da embarca- a melhor resolução. Os levantamentos realizados com os diversos
ção, neste caso particular a uma altura de aproximadamente 30 sistemas mostraram ser os indicados para a deteção, localização e
m do fundo, sendo que o transdutor do sonar de pesquisa lateral identificação de objetos com interesse histórico e/ou arqueológico.
é rebocado a uma altura de cerca de 10 m. No entanto, os dados
obtidos com este sondador permitem gerar um modelo batimé- Colaboração do INSTITUTO HIDROGRÁFICO
trico, onde todas as profundidades obtidas são georreferencia-
das, enquanto no sonar lateral apenas se obtém uma imagem
acústica do fundo, conforme figuras 4 e 5.
Para além dos dados de batimetria, os SMF permitem aquisi-
ção da informação de refletividade, utilizada para caracterização
do fundo marinho, nomeadamente para identificação dos dife-
rentes tipos de sedimentos superficiais. A capacidade atual de ar-
mazenamento de dados permite ainda recolher dados acústicos
de toda a coluna de água, tornando possível recriar em imagens
3D, quer a morfologia do fundo do mar, quer a dos objetos que
se situam no espaço entre o sistema sondador e o fundo, infor-
mação essencial para a identificação de estruturas não naturais
de formato complexo ou de dimensões menores. Fig. 5 - Modelo batimétrico, com 0,25 m de resolução, do levantamento hidrográfico.
JULHO 2016 13