Page 193 - Revista da Armada
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o comandante Carlos Alberto de Almeida Maduro Assentou praça como aspirante da Escola Naval
nasceu em Lisboa no ano da graça de 1880. em 1897, ' com 17 anos de idade.
Fez, po is, 92 anos! Vivia-se o reinado de EI-Rei D. Carlos que des-
'frutava de grande prestígio e popularidade na
Marinha, da qual era alm irante e comandante-
2. -tenente, em serviço na DiVisão Naval do Atlântico
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-chefe. Aliás foi também um grande marinheiro
e passou longos cruzeiros no mar em trabalhos
de oceanografia, uma das suas grandes paixões.
Era uma honra para qualquer oficial ser escolhido
para fazer parte da guarnição do seu belo iate
«Amélia ».
Falou-se, depois, no seu curso de entrada na
Escola Naval, que era de 35 alunos. E ao chegar
a este ponto das suas recordações, o comandante
Maduro ficou triste. Por detrás dos óculos escuros
que usa sempre, os seus olhos cansados ene-
voaram-se e foi com a voz um tanto emocionada
.que disse que de toda essa plêiade de verdadei-
ros marujos ele é o único sobrevivente ...
E a conversa continuou, amistosa e franca, reve-
lando o comandante Maduro uma lucidez e uma
vivacidade de espírito que podem fazer inveja a
muitos jovens de ... 60 anos!
Lembrou alguns camaradas de curso e falou com
especial carinho de dois: Henrique Monteiro Cor-
reia da Silva, nobre figura de marinheiro, muito
amigo do rei, e Artur de Sacadura Freire Cabral ,
um bom camarada e aluno aplicado mas sempre
muito metido consigo. Afirmou que todos os aspi-
rantes do seu curso eram tão amigos que até
pareciam irmãos!
A Marinha estava no último período de transição
da vela para o vapor. Exclusivamente à vela, já
só havia o transporte de guerra «Pêro de Alen-
Canhoneira «D. Luiz. (1893-1911). Última canhoneira mista.
Nela embarcou o comandante Maduro como guarda-marinha
em Cabo Verde. Segundo ele, era o navio mais bonito da
Marinha. Por fora era pintado de branco; os interiores cor de
grão
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