Page 372 - Revista da Armada
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OS INTRUSOS - (poesia) por Na- AINDA HÁ ESTRELAS NO CÉU
tércia Freire - por Luiz Forjaz Trigueiros
bibliografia Surgiu mais um livro de poemas Em edição da Verbo acaba de
de Natércia Freire. aparecer mais este livro de Luiz
A voz de Natércia Freire ergue-se Forjaz Trigueiros. Volume de crí-
suficientemente para prescind ir de tica social, nele se escalpeliza,
elogios e encómios que nada vêm com ironia implacável, a socieda-
juntar ao incontestado valor da de dita burguesa.
sua poesia. É, portanto, mais uma
boa e segura pedra para o edi-
fício da poesia portuguesa conte!ll- O: Lemos
porânea. Cap.-trag .
. ~ .
clenclas
artes e letras
~ Pintura
presença nos deixa inquietos porque
MeJafí_s_ic_al sabemos não poder adivinhá-lo.
A sua natureza de homem criado
na Grécia, onde a fantasmagoria do
passado povoa de visões e sortilégios
Foi o pintor Giorgio de Chirico, nas- Que pretendia ele com isso? Simples- o presente, contribuia para influen-
cido na Grécia em 1888 e filho de mente fazer brotar do eterno silêncio ciar o conteúdo prático da sua pintura.
pais italianos, que empregou pela das coisas, da sua imobilidade impas- A luz, na Grécia, é de uma pureza
primeira vez o termo «pintura meta- sível e angustiante, segredos sobrena- sem, igual no Mundo. A visão das
física» . turais - uma espécie de enigma cuja coisas, defmidas e recortadas com
precisão alucinante, estende-se, de
"o Enigma da Hora» forma por assim dizer irreal, até ao I
infinito. E esta sensaç~o transpomo-la
logo para as telas de Chirico, onde há
cidades cujas ruas desertas se perdem
na lonjura, nítida é assustadoramente
abandonadas e onde as fachadas de
pureza geométrica e as altas chaminés
tristes e melancólicas nos põem na
alma uma inquietàção, um não sei
quê de tragédia que não sabemos se
iminente se de sempre, que nos prende
çomo o olhar da esfinge. Os figurantes
são estátuas, vivas, no entanto, à cus-
ta da sua trágica imobilidade, postas
como uma interrogação aos segredos
que se escondem por detrás de facha-
das enigmáticas, ou de paredes de
muralha impressionantes.
Chirico, pintor-poeta em permanente
estado de ansiedade!
As arcadas dos palácios de Chirico
são como grandes olhos vazios, impos-
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