Page 26 - Revista da Armada
P. 26

atafulhando no «saco» da coberta ou do camarote os iilti-
                                                                    mos «recuerdos» adquiridos.
                                                                       Dez horas.  Ainda não é possível a partida. A guarni-
                                                                    ção está  depauperada  e  nos postos de faina  fazem  falta
                                                                    elementos indispensáveis.
                                                                       Da hesitação passa-se à certeza.  Da ponte ao convés
                                                                    Mjá conversa aberta sobre oassunto.
                                                                       Contudo, mais uma hora.
                                                                       E agora sim, é meio-dia, é hora da largada.
                                                                       A vante e a ré há movimentação. Largam-se os cabos.
                                                                    O navio vai-se afastando daquela terra de maravilha , d:l-
                                                                    quela Austrália que tão bem nos recebe, e na tolda, pers-
                 o bispo dt Madar!uma.  Captl6o-mor das Forças Armadas. com t/tmtn-  picaz e zombeteira, ouve-se a voz dum marujo: Àqueles.
                 fO! da glllirniçõo dli /rliglilli ~Comlindlinlt lodo Btlo_.
                                                                    referia-se a quantos ficavam em terra, já fliflgllém os ap"-
                 nação, a fragata tocou diversos portos: Darwin , Brisbane,   fllm. A estas horas estão 1/0 saco do cangL/ru.
                 Sidney,  Perth e  Fremantle.  Havemos de , em  ulteriores   Tinha  razão o  marujo.  Realmente,  nunca  mais  nin-
                 apontamentos,  referir-nos a  belos episódios  da viagem.   guém os viu.
                    Hoje, vai um, acontecido mesmo no dia da largada da   S6 muito, muito mais tarde. alguns ousaram aparecer
                 Austrália.                                         de  novo nas vielas lisboetas.  Porém, um  pouco diferentes.
                    Aquela  «malta»  tinha  gostado  imenso  da  estadia.   Com uns cobres, mulher e filhos atrás, c muita coisa par:l
                 Óptima recepção, caras bonitas, gente aberta, povo rico   contar. A vida é assim , como diziam as figuras das teleno-
                 e  educado,  possibilidades de  emprego e  dinheiro,  tudo   velas brasileiras.
                 issoeonstituía chamariz para a rapaziada da fragata.   E até dá gosto, para quem conta e  para quem ouve,
                    De vez em quando ia-se sussurrando entre a gente res-  para quem vive e  para quem vê. saber que a vida é fcita
                 ponsável do navio: isto vai ser um problema. Já se antevia   destas proezas.
                 que alguma coisa iria acontecer. Eaconteceu mesmo.    O canguru, animal típico da Austrália , não escapou à
                    Nove horas era o momento da largada. Não foi  possí-  argúcia do marujo português e serviu-lhe, a ele e a mim,
                 vel.  O  comando concede mais uma hora,  pois  faltavam   para  falar  de  alguns  homens que, embora  gostando  da
                 dez elementos a bordo. E, vá que não vá, uma hora é coisa   Marinha, se deixaram apaixonar por uma terra extraordi-
                 passageira e até dá jeito para o último adeus de despedida   nária, a Austrália.
                 a quem fica  no cais, um  último abraço a quem provavel-
                 mente nunca mais se verá, enfim, uma hora propícia para                              De/mar Barreiros.
                 alguns que não tendo no cais a Quem dar um  aceno, vão                          cape/do 8radlwdQ ('III wp. -I ... " .



                                                      Re  ortagem








                                                   VIAGEM  DE  ADAPTAÇAO
                                                   DE  CADETES
                                                      Após cerca de dois mescs de laborioso  rinharia, saúde  navat  c  treino de  baleei-
                                                   processo de  selecção. que culminou com  ras, os cadetes participaram activamente
                                                   seis semanas de  Instrução Militar Básica,  nos  serviços  de  bordo.  nomeadamente
                                                   duas das  quais  na  Escola  de  Fuzileiros,  nas fainas de mastros.
                                                   dos 375 candidatos à Escola Naval, foram   Os  novos  alunos.  tal  como  já  vem
                                                   <lpurados 711 cõldctcs pilr.! a dilssc de Mari-  acontecendo  nos  últimos  anos,  foram
                                                   nha. 8 para a de Engenheiros Maquinistas  acompanhados. para além dos instrutores
                                                   Navais e 6 para a de  Administração Na-  da  Escola  Naval.  por uma delegação da
                                                   val. os quai~ passanml  ii constilUir o curso   7.~ Repartição da Direcção do Serviço do
                                                   .. CorllJeuc S. Viccnte .. em homcn"gcm ao  Pcssu'11. que cm ~ucc,sivas entrevistas de
                                                   primciro comandante da  Companhia  de  grupo confirmou a determinação e empe-
                                                   Guardas-Marinhas e  da  Academia  Reat   nho dos  novos  marinheiros,  para  o que
                                                   dos Guardas-Marinhas.             muito contribuiu, pelas suas característi·
                                                      O baptismo de mar dos novos cadetes  cas  c  voc,u,;,io.  o  n,!Vio·escola  "Sagres».
                                                   foi fcito a bordo do navio·escola .. Sagres"
                                                   no  período  compreendido  entre  18  de
                                                   Outubro c 2 de Novembro, tendo o navio
                                                   escalado o  porto do  Funchal. onde  per-
                                                   maneceu durante quatro dias. e fundeado
                                                   ao largo de Lagos e Sesimbra.
                 Clidf'I(,$ do CurSO "Condt dt S. ViUnlt_ ('m/Iii.   Durante a viagem de adaptação, para
                 na dt maSIrQs.                    além das instruções de regulamentos, ma·   ••••••••••••••••••••
                 24
   21   22   23   24   25   26   27   28   29   30   31