Page 202 - Revista da Armada
P. 202
tro séculos depois é n:slaurada por decreto de 13 de Maio de gra de S. Bento, passou a denominar-se «Ordem Militar de S.
1808, na regência do principe D, João, quando se encontrava no Bento de Avis».
Brasil. A primeira sede foi em Coimbra. sendo o seu primeiro mes-
Na Bafa mandou abrir uma medalha com a legenda «Valor tre D. Pedro Afonso, irmão bastardo de D. Afonso Henriques.
e Lealdade», confirmando simultaneamente a «Ordem da Em I 166 foi transferida para Évora, acabada de reconquistar
Espada». aos mouros, tendo aqui como primeiro mestre o monge Gonçalo
Uma lei de 29 de Novembro de 1808 renovou a ordem, a qual Viegas. Morto este, foi substituído por D. Fernando Annes que
passou a designar-se por «Ordem da Torre e Espada». Com ela pediu ao papa I nocêncio III a confirmaçãO da Ordem , dada já
quis agraciar alguns vassalos de el-rei da Grã-Bretanha, seu anti- à de Calatrava, de Castela, da qual dependia para efeitos de obe·
go e fiel aliado, além dos portugueses que seguiram para o Brasil diência. ° pedido foi autorizado.
desprezando todos os seus bens e interesses particulares. Resolveu-se mais tarde substituir Évora por outro local
Passou a ser o seu grão-mestre, sendo grã-cruz-comendador- apropriado, mais perto dos mouros a quem continuavam a fazer
-moro príncipe da Beira, e grã-cruz-daveiro o infante D. Miguel guerra, e assim lançaram os alicerces duma fortaleza denomina·
(ambos seus filhos) e ainda grã-cruz-alferes o infante D. Pedro da Avis(*), onde no momento e segundo reza a história. se aviso
Carlos (seu sobrinho). Os grão-mestres seguintes seriam os fUlu- taram duas águias sobre uma árvore que, por alusão, deram o
ros monarcas, os grã-cruzcs os prfncipes e infantes, o comenda- nome à nova sede da Ordem. Assim se transferiu esta para ali
dor-mar o sucessor presuntivo da coroa, o claveiro o mais velho em 1213, quando reinava D. Afonso II.
dos infantes e o alferes o que se lhe seguisse. No reinado de D. Afonso IVo monarca solicitou ao papa
A insígnia desta ordem era uma chapa de ouro redonda, Inocencio VI para fazer a transmutação do escapulário e capelo
tendo de um lado a efígie real e no reverso uma espada com a de cor preta, forma do hábito dos cavaleiros, em cruz verde. O
legenda «Valor e Lealdade», para os cavaleiros, e para os co- papa ordenou então, em 1352, o uso de uma cruz verde sobre
mendadorese grã-cruzes mais uma torre encimando-a. o peito esquerdo e em forma de nor-de-lis. visto o cscapulário
As medalhas seriam pendentes de fita azul. curto servir de embaraço ao manejo das armas.
Em cada ano, no dia 22 de Janeiro, em memória da data em Nos actos eclesiásticos envergavam um hábito branco,
que aportaram ao Brasil, era celebrada uma festa em conformi- roçando pclochão, mantendo a cruz.
dade com o que fosse regulamentado para o efeito. O estandarte era igualmente branco, tendo ao lado a imagem
Por alvará de 5 de Julho de 1809 foi fixado o número de de Nossa Senhora e as armas de A vis (uma cruz verde em campo
comendadores e cavaleiros e o modo por que deveriam receber de ouro, com duas águias aos lados).
as insígnias. Os soberanos portugueses prezaram sempre as instituições
Por alvará de 28 de Julho de 1832 foi reformada a antiga militares como o mais significativo indício da conservação de vir-
Ordem da Torre e Espada que passou a intitular-se «A antiga tudese qualidades da raça. Segundo este critério a Ordem tinha
e muito nobre Ordem da Torre e Espada, do Valor, Lealdade como feição essencial constituir um honroso distintivo por bri-
e Mérito». lhantes feitos de armas ou. ao menos, pela constante e nunca
A insfgnia dos cavaleiros passou a ser uma medalha de prata desmentida dedicação pelo serviço e pela disciplina.
redonda, tendo de um lado uma espada colocada sobre uma co- Assim se foi mantendo, durante mais de sete séculos, a
roa de carvalho. no eimo uma torre. e à volta a legenda em tradição deixada pelo primeiro rei de Portugal, até que. pela car-
letras de ouro em campo azul «Valor. Lealdade e Mérito», e no ta-de-lei de 19 de Junho de 1789, D. Maria I designou-a para
reverso o escudo das quinas portuguesas sobre um livro repre- premiare ornar o corpo militar.
sentando a carta constitucional da monarquia com a legenda No reinado de D. Carlos. por alvará de 13 de Agosto de
«Pelo reie pela lei». 1894. foi regulamentada e passou a intitular-se por «Real Ordem
Para os outros graus da ordem existiam disposiçõcs diversas. MilitardeS. Bento de Avis».
Por ser a única ordem exclusivamente destinada aos milita·
res e por se considerar curioso o contexto do seu regimento,
ORDEM MILITAR DE CRISTO cita-se parte dele. sem lerem conta o articulado.
Tinha como graus e dignidades: o grão-mestre. o comenda-
Foi fundada pelo rei D. Dinis em 1318, com o nome de dor-moro os grã-cruzes. os grandes-oficiais. os comendadores,
«Religião Militar de Cristo». os oficiais e os cavaleiros.
° rei doou-lhe a vila e fortaleza de Castro Marim onde insta- O grão-mestre era sempre o soberano e, na sua menoridade
lou o convento da ordem, por ser ponto estratégico para fazer ou impedimento, o regente do reino faria as suas vezes.
guerra aos mouros de Marrocos e Granada. O comandante-mar era sempre o príncipe. herdeiro presun·
Nela ingressaram todos os antigos templários de Portugal. tivodo reino.
Foi seu primeiro grão-mestre D. Gil Martins. A Ordem tinha um conselho presidido pelo grão-mestre e do
Em 1356 o convento foi mudado para Tomar. quando era qual faziam parte o comendador-mor e os grã-cruzes nacionais.
mestre da ordem D. Estêvão Gonçalves Leitão. servindo de secretário c arquivista um dignitário, de qualquer
Anos depois. o infante D. Henriques. duque de Viseu. admi- dos graus da Ordem. nomeado pelo governo, sob proposta do
nistrou-a com o título de governador, continuando os seus cava- mesmo conselho.
leiros a render os maiores serviços aos reis de Portugal, tanto na Não podia ser conte rido pela primeira vez grau superior ao
luta contra os mouros como nas expedições maritimas. de cavaleiro. nem nenhum dos outros graus. sem que tivesse
Os dignitários da ordem eram o mestre. o comendador-mor. sido atribuído o grau imediatamente inferior.
o claveiro. o sacristão-mor e o alferes. Nenhum militar poderia ser agraciado com o grau de cavalei-
A insfgnia da Ordem era uma cruz vermelha, quase quadra- ro sem contar pelo menos dez anos de serviço como oficial do
da, fendida no meio com outra bra nca. notoriamente diferente Exército ou da Armada.
da dos Templários que era toda vermelha.
(.) A vi/a de Avis, que i poSluior 6 edificação do ca!ilt'lo, lem iUn/o
da POria do Anjo. fora dos mUfOS da mesma, o Conven/O de Nosso
ORDEM MILITAR DE A VIS
Senhora da A scenção, que foi cabeça da Ordem.
Com o nome de A I'is exisliu rambim uma cidade da an/iga Lusifánia,
Foi fundada por D. Afonso Henriques em 1147, chamando- qrle se p'elende lU eSlado sill/ada 110 lugar de Ribadaves. freguesia de
·se inicialmente «Ordem Nova»e.sendo-lhe dada em 1162 a Re- SorllO da Carpalhosa, concelho de Leiria.
20