Page 156 - Revista da Armada
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só tenham completado um ano da «Academia Polynechnica», ria harmonizar com a anarquia flagrante do seu espírito», Talvez
enquanto ele tinha os dois primeirose parte do terceiro, seja essa a razão de Patrício ter abandonado a carreira do mar,
trocando pela Escola Médica do Porto a Escola Naval,onde terá
Fica assim demonstrado que, depois de três anos na Acade- passado dois anos, sem ir além de aspirante, pois o seu nome não
mia do Porto, A ntónio Patricia frequentou a Escola Naval , onde figura nas Listas da Armada entre 1896 e 1901, E também nada
em 1897 era aspi rante, e na qual, segundo as palavras de Fernan- consta nos Livros Mestres: eles não falam dessa outra vida do
do Araújo Lima, que fomos encontrar na .. Vida Mundial»de 17- mar, que António Patrício continuou, vivida na beleza dos seus
-9-71, «a disciplina da arma, que era rígida e severa, não se pode- versos,
A baixela portuguesa de Wellington
A baixela portuguesa
de Wellington
co-director de pintura do Palácio da Ajuda, ao tempo em
H ã tampos, numa tipica tarde inglesa de chuva e ne- construção.
voeiro, visitei, acompanhado da famüia, Apsley
Fazendo parte dos portugueses que apoiaram Junot e
House, que foi residência, em Londres, do primeiro
duque de WeUington, título concedido a Arthur Wellesley, as tropas francesas de invasão, pintou uma alegoria do ge-
comandante-chefe do exército anglo-Iuso que venceu e neral francês, como libertador de Lisboa, pintura que ac-
expulsou da Peninsula Ibérica os invasores franceses de tualmente se encontra exposta no Museu Soares dos Reis,
Napoleão_ do Porto.
A residência foi oferecida à Nação pelo sétimo duque, Acusado de colaborador dos franceses, foi encarcerado,
seu descendente, em 1947, fazendo hoje parte do conjunto sendo posto em liberdade em 1809, graças à influência de
doMuseu Britânico, amigos seus. Em 1823, durante a Vilafrancada, exilou-se
Está recheada com verdadeiras preciosidades que fo- em Paris com outros politicos, seguindo dali para Roma
ram pertença do duque. Logo à entrada, numa vitrina, pode onde faleceu em 1837.
ver-se o seu uniforme de comandante-chefe do exército an- A baixela começou a ser trabalhada em Fevereiro de
glo-Iuso, Uma das peças mais notáveis, e qua maior curiosi- 1813 e ficou concluída em meados de 1816, tendo trabalha-
dade desperta aos visitantes, é a baixela de prata oferecida do nela 142 artlfices.
a Wellington pelos governadores do reino no tempo doprin- A baixela, composta de inúmeras peças de arte, como se
cipe regente D. João, futuro D, João VI, vê nas fotografias que publicamos, foi transportada em 55
A baixela foí encomendada ao Arsenal Militar de Lisboa caixotes, pela fragata II Pérola» , a qual largou do Tejo em 4
e executada exclusivamente por artistas portugueses, de Setembro de 1816 e fundeou em Portsmouth em 27 do
como preito de gratidão do povo português àquele notável mesmo mês. Acompanhavam~na três artifices portugueses
chefe militar. para reparar qualquer avaria ocasionada em trânsito.
Para desenhar e acompanhar a execução da monumen- O plateau é constituldo por simbolos e figuras alusivas
tal obra de arte foi designado o famoso pintor a desenhador às vitórias das tropas aliadas do comando do duque de Wel-
Domingos António de Sequeira, nascido em Lisboa em 1768 lington, desde o levantamento de 1808 em Portugal até à
e que foi mandado por D. Maria I estudar arte em Roma, entrada dos aliados em Paris.
apenas com a idade de 20 anos. Regressado a Lisboa em Logo que a baixela foi desembarcada em Inglaterra to-
1795 foi, seis anos depois, nomeado pintor da Casa Real e dos os jornais se referiram à chegada de tão valiosa carga,
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