Page 158 - Revista da Armada
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A  «Pérola»,  como todos os  navios  do seu tempo,  teve   nomeado regente do reino por D. Pedro. Este embarcou na
           uma vida aventurosa e  muito agitada, como pormenoriza-  «Pérola», em Portsmouth, no dia 9 de Fevereiro, chegando
           damente  relata  o  d istinto  historiador  naval comandante   a  Lisboa, depois de uma má viagem, a  22 do mesmo mês,
           António Marques Esparteiro, na sua obra «Três Séculos no   sendo saudado com salvas pelas fortalezas da capital. Ju-
           Man, (DIParte/Fragatas/3.oVolume).                  rou a Carta e tomou a regência em 26 das mãos de sua irmã,
              Desempenhou muitas e  difíceis  comissões de serviço,   infanta Isabel Maria.
           sofreu temporais, entrou em combates, esteve várias vezas   Em Julho de 1831 foi apresada no Tejo, com outros na-
           em risco de sossobrar ... enfim, uma vida cheia!    vios de guerra portugueses, e  levada para Brast onde foi
              Além de ter conduzido para Inglaterra a  baixela a  que   vendida.  Acabou assim ingloriamente a  vida  desta linda
           se refere o artigo, foi novamente àquele pais, em 1827, com   fragata, depois de ter passado muito de bom e de mau, tal
           o brigue «Tejo ..  e trouxe para Portugal o infante D. Miguel,   como acontece com todos os navios e todos os marinheiros.





                                                  Voz da Abita






           CARTAS  AO  DIRECTOR
                                             Fernando Chalana! Dois Fernandos,                 o
              Dos nossos leitores e amigos re-  portanto.
           cebemos as seguintes cartas:         Quanto  ao primeiro,  é absoluta-  De  Frederico  Horta  Silvares,
              Do  (,Pezinhos»,  cabo  M,  lis-  mente justo,  que ao comemorar-se o   Abrantes, na  qual,  dizendo  que foi
                                             cinquentenário da sua morte prema-  marinheiro  artilheiro,  da  classe  de
           boa,  a que  transcrevemos  na  ínte-
                                             tura,  se  falasse  dele,  da  sua  obra,   1949,  que prestou serviço na ex-ín-
           gra:
                                             dos seus hábitos, da sua famllia, dos   dia Portuguesa (que lhe está no co-
              Não é a primeira  vez,  nem será
                                             seus éxitos, das suas desventuras  ...   ração)  e  que  ficou  impressionado
           certamente a última,  que  nas pági-
                                             O que está errado é o exagero com   com a homenagem ao comandante e
           nas desta  Revista abordamos o as-
                                             que o fizeram.  Não houve, creio eu,   guarnição  da  lancha  .Nega»,  afun-
           sunto.  Desde já pedimos  desculpa
                                             neste  Portugal  aventureiro,  apren-  dada em combate durante a invasão
           pela insisténcia.                 diz, pseudo, ou intelectual consagra-  daquele território em 1961 , pede a di-
              Portugal é assim. Quando nos dá
                                             do, que não viesse a terreiro perorar  vulgação do poema que fez sobre o
           para  falar  de  qualquer  coisa,  para
                                             sobre o grande poeta.  E foram arti-  assunto. Ei-Io:
           bem ou para mal, ninguém é capaz
                                             gos,  publicações,  entrevistas,  foto-
           de nos calar! Os exemplos sucedem-                                      Foi em Diu! ... Bom tempo! ... / Mar
                                             grafias, caricaturas ..
           -se e o caso Saltillo,  como ficou co-                              ligeiramente encrespado ... / Pouco a
                                                Do Chalana, famoso jogador da
           nhecido o que se passou naquela ci-                                 pouco, o Céu clareava!  ... / Adivinha-
                                             bola do Benfica e da selecção nacio-
           dade mexicana com a selecção na-  nal,  foi tudo esmiuçado: que foi con-  va-se o Sol da "Banda de Terra» / A
           cional de futebol, durante o campeo-                                 ,Nega», fez-se ao mar! ... / Seus tri-
                                             tratado por uma fortuna por um clube
           nato mundial, é típico e há-de ser fa-                              pulantes!... Homens de uma fé. / Co-
                                             francês; que se lesionou num jogo, fi-
           lado por muitos anos mais ..      cando inactivo não sei quanto tempo;   ragem  indomável!..  Nervos  de
              Eu sei que vivemos num país li-                                  aço! ...  /  Sabiam para o  que iam.  A
                                             que veio operar-se à cidade do Porto
           vre, graças a Deus, onde toda a gen-                                morte  os  esperava  /  Ambos  ali  ti-
                                             e ali fazer a sua recuperação física e
           te pode manifestar as suas opiniões,                                nham marcado  «O Encontro» /  Sol
                                             moral; que regressou a França pron-
           estejam elas certas ou erradas.  Tudo   to para outra; que já está a jogar no-  nado, já acima do horizonte: - / Fa-
           bem...  menos  os  exageros.  Mais                                  mintos!...  /  Como  tigres  enraiveci-
                                             vamente; que o casal teve um meni-
           exemplos?  B -Ios:                                                  dos!... / Jactos indianosl ... Oito lá no
                                             no (ou  menina?) ...  E foram artigos,
                                                                               Céul  /  Descem,  sobem,  voltam  a
              Pondo  de parte algumas perso-  entrevistas,  a sós ou acompanhado   descer/ ... I Metralhal ... / Mais metra-
           nalidades  que,  pelos  altos  cargos   da  mulher;  fotografias;  caricaturas;   lha!...  Sempre metralha / A destrui-
           que  desempenham,  tem  forçosa-  foi a hipótese de se naturalizar fran-  ção foi total. / Da «Vega.» e seus ho-
           mente de aparecer diariamente nos   cês ...                         mens; seu  coração  sangrava  /  Era
           órgãos de comunicação social-jor-    No  caso de Fernando  Pessoa a   a  agonia  de  um  moribundo.  Era  o
           nais, revistas, rádio, televisão, etc. -  euforia está a passar e, ou eu me en-
                                                                               fim! ...  / As chamas faziam o resto! ...
           saberAo os leitores quem foram, digo   gano muito, ou vai-se cair no exage-
           talvez porque não fiz a estatística, as   ro oposto, não se falando mais nele,      o
           personagens de quem mais se falou   pelo menos até ao centenário. Mas,
           no nosso pais durante o ano transac-  quanto  ao  Chalana,  nem  pensem,   Do  1. -ten.  SG  Joaquim  Josê
                                                                                        o
           to de 1986?                       ainda a procissão vai no adro e a eu-  Ferreira, Lisboa, na qual, a propósi-
              Tenho a impressão que não an-  foria continua!                    to da tradição existente na nossa Ma-
           darei  longe  da  verdade  ao  afirmar   Somos  realmente  uns  exagera-  rinha  de brindar com um vale de al-
           que  foram:  Fernando  Pessoa  e ..   dos, não somos?                gumas cervejas ou litros de vinho as
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