Page 127 - Revista da Armada
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A NATO e a Marinha Portuguesa
           A NATO e a Marinha Portuguesa


                                       Uma participação empenhada


         A GÉNESE DO TRATADO
         DE WASHINGTON

               o final da II Guerra Mundial a
               Europa Ocidental iniciou um ace-
         N lerado processo de recuperação
         económica, que implicou drásticas
         reduções dos aparelhos militares. No
         entanto, paradoxalmente a URSS adoptou
         uma estratégia expansionista, consubstan-
         ciada por poderosas forças armadas e
         pela ideologia  do Partido Comunista.
         Entre 1947 e 1949 o mundo assistiu, estu-
         pefacto e aterrorizado, à imposição de
         formas totalitárias de governo, à repressão
         das oposições políticas e à eliminação
         dos direitos, liberdades e garantias dos
         cidadãos de diversos países da Europa
         Central e de Leste. Concretamente, o
         golpe de Junho de 1948 na Checoslová-
         quia e o bloqueio ilegal a Berlim, em
         Abril desse ano, motivaram grande pre-
         ocupação no Ocidente.              Inauguração do Quartel General do IBERLANT na presença do ALM. USN Thomas Moorer, Comandante
                                            em Chefe do SACLANT e do Ministro da Defesa de Portugal, General Gomes de Araújo.
           Como primeira resposta à estratégia
         expansionista soviética surgiu, em Março  terminou a 4 de Abril de 1949 com a  NATO – fórum de consulta e  de coope-
         de 1948, o Tratado de Bruxelas, que evi-  assinatura do Tratado de Washington,  ração nas áreas política, militar, económi-
         denciou a determinação da Bélgica,  foram convidadas outras potências euro-  ca e científica. De início as principais
         França, Luxemburgo, Holanda e Reino  peias: Dinamarca, Islândia, Itália, Noruega  actividades da Aliança foram direc-
         Unido ao desenvolverem um sistema  e Portugal. Aos 12 membros fundadores  cionadas para: a formulação de planos
         comum de defesa e ao reforçarem os  juntaram-se a Grécia e a Turquia no ano de  comuns de defesa; o estabelecimento das
         laços de solidariedade recíproca, por  1952. A República Federal da Alemanha  infraestruturas necessárias às operações
         forma a resistirem às ameaças que, nos  aderiu em 1955 e a Espanha em 1982.  das forças militares; a organização de
         campos ideológico, político e militar, se  O objectivo essencial do Tratado de  programas de treino e de exercícios con-
         colocavam à sua segurança. Quase de  Washington foi estabelecido em torno da  juntos e combinados. A realização das
         imediato os signatários do Tratado de  preservação da liberdade e da segurança  actividades aliadas implicou a edificação
         Bruxelas iniciaram negociações com os  dos seus membros, utilizando meios  de uma complexa estrutura civil e militar,
         EUA e Canadá, tendo em vista a constitu-  políticos e militares, nos termos previstos  que engloba pessoal administrativo,
         ição de uma aliança entre a Europa  no Artº. 51 da Carta das Nações Unidas.  financeiro e de planeamento, bem como
         Ocidental e a América do Norte. Para  A fim de garantir este objectivo foi consti-  organismos coordenadores de áreas
         participarem no processo negocial, que  tuída a Aliança do Atlântico Norte –  específicas, como são as comunicações e
                                                                               o apoio logístico.
                                                                               O PRINCÍPIO OPERATIVO DA NATO

                                                                                 O Tratado de Washington é firmado li-
                                                                               vremente por Estados independentes e
                                                                               soberanos, após debate público e
                                                                               aprovação parlamentar. Este tratado vin-
                                                                               cula os Estados membros à partilha dos
                                                                               riscos, das responsabilidades e dos bene-
                                                                               fícios da segurança colectiva; para além
                                                                               disso, também estabelece a exigência de
                                                                               os seus subscritores não se envolverem
                                                                               em compromissos internacionais que co-
                                                                               lidam com os termos acordados.
                                                                                 O princípio operativo da Aliança assen-
                                                                               ta na indivisibilidade da segurança dos
                                                                               signatários do Tratado de Washington.
                                                                                 Com efeito, sem privar os seus mem-
                                                                               bros dos direitos e deveres de assumirem
                                                                               individualmente responsabilidades sobe-
         Primeiras instalações do COMIBERLANT em Mem Martins.                  ranas no campo da defesa, a NATO é o
         16 ABRIL 99 • REVISTA DA ARMADA
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