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Fotos do Museu de Marinha (3). de guerra construidos em estaleiros particu-
lares, cuja cópia acompanha esta ordem.
Não podemos deixar de salientar a nota a
este Regulamento do Almirantado, pois
assim, e concerteza na falta de regulamen-
tação da Armada, a construção do navio
podia ser seguida através de regras conheci-
das e actualizadas.
A 23 de Fevereiro foram efectuadas as
experiências de artilharia … no polygono
de Ridsdale, conseguindo-se nas peças de
15 cm a enorme velocidade de 876 m/s,
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com uma pressão de 3200 kg/cm , sem
avaria para o material…..deram-se tiros
com pontarias horizontaes, com 15º ele-
vação e maxima pressão, sem que o mate-
rial nem as montagens tivessem soffrido.
Uma das máquinas principais pronta a iniciar a montagem a bordo. Era uma máquina alternativa de tríplice Os torpedos foram lançados, sendo o
expansão de 4 cilindros. lançamento dos tubos submarinos feito
Nas officinas de machinas, os trabalhos
estão relativamente ás caldeiras, algum
tanto atrazados, mas como o trabalho pas-
sou a ser constante dia e noite, (á excepção
dos domingos) havendo dois turnos que se
revesam de 12 em 12 horas, começa a
notar-se um certo desenvolvimento.
As machinas principais ou propulsoras…
encontra-se no seguinte estado: todos os fixes
assentes e convenientemente nivelados, e
com as respectivas chumaceiras alinhadas
pelos centros, os veios motores, que se com-
poem de duas quartelladas, tendo cada uma
duas manivellas…os condensadores também
começaram a ser armados…. Vista do estaleiro com o navio atracado.
O navio foi deitado ao mar a 5 de Maio
de 1898, tendo então a missão atravessado “D. Carlos I”, apresentando-me, em seguida andando o navio com a velocidade de 16
a crise já referida. Só nas vésperas das a qualquer experiencia, um relatorio circuns- milhas, e sendo n´estas circunstancias só de
experiências a bordo, a missão voltou a ser tanciado do seu resultado, podendo acres- 16 metros o desvio do alvo (11).
reforçada, agora com alguns dos oficiais centar as observações que julgar conveniente Em princípios de Março decorreu a … 1ª
que viriam a pertencer à 1ª guarnição do fazer, para assegurar o bom funcionamento experiencia official do apparelho motor do
cruzador. Com o aproximar das provas de futuro dos machinismos installados a cruzador “D. Carlos I”… Como as provas
mar o chefe da missão ordenava: bordo… foram efectuadas em Inglaterra e no Inver-
… Ordem – Uma comissão … assistirá a Em Janeiro de 99 efectuaram-se as expe- no, a temperatura na casa das caldeiras
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todas as experiencias consideradas officiaes, riências de … illuminação electrica … os variou entre 27 a 32,5 C e na casa das
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tanto hydraulicas como a vapor, das cal- officiais abaixo designados examinarão se é máquinas entre 16 e 38 C. Durante a exe-
deiras e canalizações a bordo do cruzador satisfatorio o funccionamento de todos os cução das provas, com vento fresco, a
apparelhos electricos e dos velocidade máxima atingida, com tiragem
respectivos servo-motores, e forçada, foi de 22,15 nós (12), … indicando
se os diversos compartimen- as machinas 12176 cavallos, com 203,2
tos do navio ficam sufficien- rotações a BB e 201,7 a EB. Foram ainda
temente illuminados…. efectuadas provas de consumo.
Em Fevereiro tiveram lugar Não encontrámos referências exactas
as experiências de veloci- sobre a preparação da guarnição do novo
dade…uma comissão com- cruzador. Contudo, na Marinha, a entrada
posta do machinista naval de ao serviço do cruzador “Adamastor” mar-
1ª classe Cruz e …. tendo cou o primeiro contacto com as modernas
sob as suas ordens … o pes- tecnologias e, como consequência, origi-
soal actualmente em serviço nou profundas alterações na organização
n´esta missão, assistirá ás dos serviços técnicos. Assim, a 30 de Maio
experiencias de velocidade… de 99 a guarnição seguiu de Lisboa para
inspeccionando o funcciona- Newcastle no transporte à vela “Pero de
mento de todas as machinas Alenquer”, onde chegou a 21 de Junho.
e caldeiras, cingindo-se para O cruzador passou ao estado de arma-
este effeito tanto quanto pos- mento completo em 8 de Julho, assumindo
sível ás prescripções do o comando o CMG Guilherme Augusto de
Regulamento do “Almiran- Brito Capello (13). Este oficial comandou o
Fase final da construção. Atracado por EB nos Estaleiros Elswick
Works, da firma Sir W. G. Armstrong, Mitchell & Co Ltd tado Inglez” para as experien- navio até Março de 1900.
em Newcastle. cias das machinas dos navios Em 16 de Julho largou de Newcastle para
20 AGOSTO 99 • REVISTA DA ARMADA