Page 271 - Revista da Armada
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Satisfeita com o trabalho que tem ano e conta-nos que "não foi com
desenvolvido, esta militar diz-nos agrado que os meus pais aceitaram o
"tenho aprendido muita coisa, pois meu ingresso na Marinha, mas com
quando se acaba um curso que tem o tempo acabaram por se habituar".
uma grande componente teórica, na Perguntámos-lhe se alguma vez se
prática existem sempre algumas difi- tinha sentido discriminada por ser
culdades e até uma certa insegu- mulher e a resposta foi "sim, já passei
rança, mas devo dizer que fomos por situações de discriminação,
muito bem recebidas no Hospital da porque normalmente associam a um
Marinha e os camaradas mais velhos determinado tipo de funções homens
ajudaram-nos bastante na integração e por vezes acham que pelo facto de
e neste momento não temos grandes ser mulher não tenho força física ou
dificuldades". capacidade técnica para uma deter-
Perguntámos-lhe se pretendia fazer 1MAR CM Elisete Descalço junto ao painel de controlo das válvulas minada tarefa, mas são situações
carreira na Marinha e a resposta foi dos tanques de combustível (NRP “Bérrio”). perfeitamente ultrapassáveis".
"neste momento ainda não sei, o A marinheira Elisete Descalço já
futuro logo dirá. Sempre fui muito bem tratada e se um dia sair da esteve em outras unidades navais, nomeadamente no G2EA e N.R.P.
Marinha, o convívio, as recordações e as particularidades da Enfer- "Hermenegildo Capelo". Conta que tem aprendido muita coisa em
magem naval, são o que me irão deixar com mais saudades!". cada unidade por que tem passado.
Satisfeita por estar na Marinha, a 1MAR Elisete Descalço pre-
A 1MAR CM Elisete Descalço tem 26 anos, pertence aos QP e fez tende continuar a sua carreira de CM com vontade e empenho,
parte do primeiro contingente feminino de praças da Marinha. Neste salientando o forte espírito de grupo e camaradagem que existe
momento encontra-se a prestar serviço no N.R.P. "Bérrio". nesta organização.
Ao conversarmos com a Elisete é fácil percebermos que esta mari-
nheira desempenha com gosto as funções de condutora de E é assim que estas nossas camaradas vivem a sua vida profissional
máquinas. na Marinha. Da conversa que tivemos com elas é fácil perceber que a
Um sonho que já vem de longe, Elisete Descalço sempre quis vir vontade de continuar na Marinha é grande. O convívio, a camara-
para a Marinha "na altura ainda não havia militares do sexo feminino dagem e o espírito de equipa são as palavras-chave que mais caracte-
na Marinha e pensei como alternativa concorrer à PSP, só que entre- rizam esta instituição.
tanto abriu concurso para a Marinha e acabei por concorrer".
De uma família que não tem qualquer tipo de tradição militar, esta Alexandra Brito
marinheira deixou um curso superior para trás, ficando com o 12º 2TEN TSN