Page 306 - Revista da Armada
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No dia 3 de Maio, a Força largou de Amsterdam, tendo efec-  armas e sensores de todos os navios. A guarnição do navio esteve
         tuado diversos exercícios nas áreas do FOST, no sudoeste da  em 2º grau de prontidão para combate, sob o stress inerente a este
         Inglaterra. A 5 de Maio, a “Corte Real”, o SNS “Astúrias” e o  tipo de missões, e sobretudo com pouca actividade, a não ser a
         HMCS “Athabaskan” atracaram em Plymouth, onde efectuaram  manutenção de uma elevada vigilância. Toda a guarnição trans-
         um exercício conjunto de apoio a populações sinistradas,  portava o seu equipamento individual de protecção térmica (anti-
                                                              -flash) bem como o respectivo colete-de-salvação, ao entrar de bor-
                                                              dada, o que traduz efectivamente o grau de risco a que a Força
                                                              esteve sujeito naquele período. A “Corte Real”, de início, patrulhou
                                                              uma área localizada mais a norte, perto das águas territoriais da
                                                              Croácia, na qual passava pouca navegação. Os navios foram rodan-
                                                              do pelas diferentes áreas, consoante destacava algum navio da
                                                              Força para escalas logísticas de algumas horas nos portos de Brindisi
                                                              ou Bari. A “Corte Real” escalou Brindisi no dia 12 e Bari no dia 21
                                                              de Junho. No período de 9 a 11 de Junho, de referir que a “Corte
                                                              Real” assumiu as funções de navio-chefe, com o embarque do
                                                              Comodoro Morse e do seu Staff (reduzido), em virtude da estadia do
                                                              navio-chefe designado, HMCS “Athabaskan”, em Brindisi. Foi neste
                                                              preciso período que foi assinado o cessar fogo entre a Sérvia e a
                                                              NATO (MTA – Military Technical Agreement), que definiu o proces-
                                                              so de retirada das tropas sérvias do território do Kosovo e a sua
                                                              substituição por tropas da NATO, com o objectivo final de fazer
                                                              regressar em segurança os refugiados kosovares-albaneses. O acor-
                                                              do MTA foi assinado precisamente no dia 10 de Junho, tendo sido
                                                              estabelecido um calendário rigoroso sobre a retirada das tropas
                                                              sérvias, com uma duração de 11 dias. Esse calendário foi cumprido
         Equipa médica multinacional, no exercício DISTEX.    na integra, apesar de terem ocorrido alguns incidentes que não
                                                              comprometeram o essencial do acordo. Face a estes acontecimen-
         denominado DISTEX (Distress Relief Exercise). No dia 6, os 3  tos, a NATO suspendeu a campanha aérea sobre a República da
         navios largaram de Plymouth, onde tendo-se juntado à restante  Jugoslávia e foi reduzindo progressivamente o dispositivo militar
         Força para participação na tradicional “Guerra de 5ª feira”  montado ao longo dos cerca de 74 dias de campanha. Neste con-
         (Weekly War). Para além do treino positivo, foi
         uma boa oportunidade para a guarnição do navio
         recordar o imenso esforço dispendido naquela
         instituição de treino há um ano atrás
           Após este treino no FOST, a Força iniciou um trân-
         sito com destino a Barcelona, de acordo com o ca-
         lendário em vigor. No entanto, face ao conflito no
         Kosovo envolvendo a NATO, vislumbrava-se no hori-
         zonte a participação da SNFL naquele teatro de ope-
         rações, apesar de não existirem confirmações. Esta
         confirmação chegou nessa altura, tendo sido cancela-
         da a visita a Barcelona, e antecipado o período de
         manutenção da Força em Lisboa. A SNFL esteve em
         Lisboa entre 14 e 24 de Maio, onde foram efectuadas
         importantes acções de manutenção, bem como
         preparação dos navios para a Operação “Allied
         Force”, a decorrer no mar Adriático.       O NRP “Corte Real” no mar Adriático, a patrulhar a sua área durante a Operação Allied
                                                    Force/Determined Force.
         O ENVOLVIMENTO DA SNFL NA OPERAÇÃO
         ALLIED FORCE                                         texto, a SNFL retirou também do teatro de operações do Adriático
                                                              na noite do dia 23 de Junho, tendo iniciado o seu trânsito para
           A 24 de Maio, a SNFL larga de Lisboa e inicia um trânsito para  Palermo, na Secília, para uma visita de porto entre 25 e 30 de
         Nápoles, na Itália, tendo sido efectuado nesse trânsito diversos exer-  Junho. Havia passado precisamente um mês desde a largada da
         cícios relacionados com o cenário vigente no teatro de operações  força de Lisboa, com 3 curtíssimas escalas em portos, duas delas
         do Adriático. Entre 28 e 31 de Maio, a Força fundeou ao largo de  logísticas, pelo que a estadia em Palermo se revelou fundamental
         Nápoles, onde tiveram lugar diversos briefings no Quartel-General  para a “recarga de baterias” da guarnição. De referir que Palermo é
         do COMNAVSOUTH, comando NATO sediado em Itália. No dia 3  um porto bastante importante na economia da  Sicília, onde diaria-
         de Junho, a SNFL rende a STANAVFORMED (SNFM) no teatro de  mente chegam paquetes com turistas bem como diversos ferry’s que
         operações, ocupando assim o dispositivo naval adoptado para o  fazem travessias entre o continente italiano e a Grécia. As suas praias
         controlo naval em apoio às operações em curso no Kosovo. Este  envolventes atraem bastantes turistas, em especial italianos do con-
         dispositivo estava desenhado por forma a manter os navios aliados  tinente. Neste porto, decorreu um RPC de sargentos da “Corte
         fora do alcance máximo dos mísseis costeiros jugoslavos. A missão  Real”, bem como diversos eventos sociais da Força, como a despe-
         consistia em controlar toda a navegação que saía ou entrava nos  dida do USS “De Wert” e do SNS “Astúrias”, que iriam desintegrar a
         portos de Montenegro, não estando a Força autorizada a abordar os  SNFL. Após a largada de Palermo, a SNFL retomou o calendário
         navios, ou sequer a interrogá-los. A Força esteve debaixo de uma  operacional previsto antes da sua integração na Operação “Allied
         ameaça real, que consistia principalmente nos mísseis superfície-  Force”, rumando em direcção a Zeebrugge, na Bélgica.
         -superfície Styx colocados junto à costa montenegrina (mísseis
         móveis, transportados por camiões, que mudavam constantemente
         de local), pelo que foi adoptada uma elevada prontidão para as                    (Colaboração do NRP “Corte Real”)
                                                                               REVISTA DA ARMADA • SETEMBRO/OUTUBRO 99  15
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