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No dia 3 de Maio, a Força largou de Amsterdam, tendo efec- armas e sensores de todos os navios. A guarnição do navio esteve
tuado diversos exercícios nas áreas do FOST, no sudoeste da em 2º grau de prontidão para combate, sob o stress inerente a este
Inglaterra. A 5 de Maio, a “Corte Real”, o SNS “Astúrias” e o tipo de missões, e sobretudo com pouca actividade, a não ser a
HMCS “Athabaskan” atracaram em Plymouth, onde efectuaram manutenção de uma elevada vigilância. Toda a guarnição trans-
um exercício conjunto de apoio a populações sinistradas, portava o seu equipamento individual de protecção térmica (anti-
-flash) bem como o respectivo colete-de-salvação, ao entrar de bor-
dada, o que traduz efectivamente o grau de risco a que a Força
esteve sujeito naquele período. A “Corte Real”, de início, patrulhou
uma área localizada mais a norte, perto das águas territoriais da
Croácia, na qual passava pouca navegação. Os navios foram rodan-
do pelas diferentes áreas, consoante destacava algum navio da
Força para escalas logísticas de algumas horas nos portos de Brindisi
ou Bari. A “Corte Real” escalou Brindisi no dia 12 e Bari no dia 21
de Junho. No período de 9 a 11 de Junho, de referir que a “Corte
Real” assumiu as funções de navio-chefe, com o embarque do
Comodoro Morse e do seu Staff (reduzido), em virtude da estadia do
navio-chefe designado, HMCS “Athabaskan”, em Brindisi. Foi neste
preciso período que foi assinado o cessar fogo entre a Sérvia e a
NATO (MTA – Military Technical Agreement), que definiu o proces-
so de retirada das tropas sérvias do território do Kosovo e a sua
substituição por tropas da NATO, com o objectivo final de fazer
regressar em segurança os refugiados kosovares-albaneses. O acor-
do MTA foi assinado precisamente no dia 10 de Junho, tendo sido
estabelecido um calendário rigoroso sobre a retirada das tropas
sérvias, com uma duração de 11 dias. Esse calendário foi cumprido
Equipa médica multinacional, no exercício DISTEX. na integra, apesar de terem ocorrido alguns incidentes que não
comprometeram o essencial do acordo. Face a estes acontecimen-
denominado DISTEX (Distress Relief Exercise). No dia 6, os 3 tos, a NATO suspendeu a campanha aérea sobre a República da
navios largaram de Plymouth, onde tendo-se juntado à restante Jugoslávia e foi reduzindo progressivamente o dispositivo militar
Força para participação na tradicional “Guerra de 5ª feira” montado ao longo dos cerca de 74 dias de campanha. Neste con-
(Weekly War). Para além do treino positivo, foi
uma boa oportunidade para a guarnição do navio
recordar o imenso esforço dispendido naquela
instituição de treino há um ano atrás
Após este treino no FOST, a Força iniciou um trân-
sito com destino a Barcelona, de acordo com o ca-
lendário em vigor. No entanto, face ao conflito no
Kosovo envolvendo a NATO, vislumbrava-se no hori-
zonte a participação da SNFL naquele teatro de ope-
rações, apesar de não existirem confirmações. Esta
confirmação chegou nessa altura, tendo sido cancela-
da a visita a Barcelona, e antecipado o período de
manutenção da Força em Lisboa. A SNFL esteve em
Lisboa entre 14 e 24 de Maio, onde foram efectuadas
importantes acções de manutenção, bem como
preparação dos navios para a Operação “Allied
Force”, a decorrer no mar Adriático. O NRP “Corte Real” no mar Adriático, a patrulhar a sua área durante a Operação Allied
Force/Determined Force.
O ENVOLVIMENTO DA SNFL NA OPERAÇÃO
ALLIED FORCE texto, a SNFL retirou também do teatro de operações do Adriático
na noite do dia 23 de Junho, tendo iniciado o seu trânsito para
A 24 de Maio, a SNFL larga de Lisboa e inicia um trânsito para Palermo, na Secília, para uma visita de porto entre 25 e 30 de
Nápoles, na Itália, tendo sido efectuado nesse trânsito diversos exer- Junho. Havia passado precisamente um mês desde a largada da
cícios relacionados com o cenário vigente no teatro de operações força de Lisboa, com 3 curtíssimas escalas em portos, duas delas
do Adriático. Entre 28 e 31 de Maio, a Força fundeou ao largo de logísticas, pelo que a estadia em Palermo se revelou fundamental
Nápoles, onde tiveram lugar diversos briefings no Quartel-General para a “recarga de baterias” da guarnição. De referir que Palermo é
do COMNAVSOUTH, comando NATO sediado em Itália. No dia 3 um porto bastante importante na economia da Sicília, onde diaria-
de Junho, a SNFL rende a STANAVFORMED (SNFM) no teatro de mente chegam paquetes com turistas bem como diversos ferry’s que
operações, ocupando assim o dispositivo naval adoptado para o fazem travessias entre o continente italiano e a Grécia. As suas praias
controlo naval em apoio às operações em curso no Kosovo. Este envolventes atraem bastantes turistas, em especial italianos do con-
dispositivo estava desenhado por forma a manter os navios aliados tinente. Neste porto, decorreu um RPC de sargentos da “Corte
fora do alcance máximo dos mísseis costeiros jugoslavos. A missão Real”, bem como diversos eventos sociais da Força, como a despe-
consistia em controlar toda a navegação que saía ou entrava nos dida do USS “De Wert” e do SNS “Astúrias”, que iriam desintegrar a
portos de Montenegro, não estando a Força autorizada a abordar os SNFL. Após a largada de Palermo, a SNFL retomou o calendário
navios, ou sequer a interrogá-los. A Força esteve debaixo de uma operacional previsto antes da sua integração na Operação “Allied
ameaça real, que consistia principalmente nos mísseis superfície- Force”, rumando em direcção a Zeebrugge, na Bélgica.
-superfície Styx colocados junto à costa montenegrina (mísseis
móveis, transportados por camiões, que mudavam constantemente
de local), pelo que foi adoptada uma elevada prontidão para as (Colaboração do NRP “Corte Real”)
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