Page 275 - Revista da Armada
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Para além destes, Portugal adquire aos
         EUA mais 6 patrulhas em 2ª mão do
         mesmo tipo. Nenhum destes patrulhas é
         adequado para a agitação dos nossos
         mares quer no Continente quer nos
         Açores. Ainda hoje não percebo como é
         que os nossos especialistas embarcaram
         neste programa de patrulhas e Maurício
         de Oliveira que já é um jornalista mais
         do que formado nestas ciências náuticas,
         que tem imensos amigos na Marinha e
         que com todos fala, deve-se ter aperce-
         bido desta manta de retalhos que consti-
         tui a nossa esquadra do pós guerra
         acrescentada no fim dos anos 50 com
         uma fragata muito bonita, muito veloz
         mas que passa os anos atracada por
         deficiências nos motores, nas caldeiras e
         nos sistemas de tiro rápido. Os avisos de
         1ª e de 2ª para pouco mais servem do
         que para mostrar a bandeira no Ultra-
         mar ou fazer viagens presidenciais.  O Ministro da Marinha, Almirante Magalhães Corrêa, tendo à sua esquerda Maurício de Oliveira, na época
                                            do lançamento do programa de ressurgimento da Armada.
           É nesta altura que Maurício de Olivei-
         ra inicia uma nova campanha "Em defe-  com que tenacidade, temos de a manter,  medalha do Infante D. Henrique e com a
         sa de uma política naval" que é consti-  não em memória dos Gamas e dos Ca-  medalha de Vasco da Gama. A França
         tuída por 26 artigos que escreve no  bráis, mas em obediência firme às tare-  onde foi beber muito dos seus conheci-
         "Diário de Notícias" (19), "Diário de Lis-  fas inalienáveis do presente e do futu-  mentos náuticos numa breve análise que
         boa" (6) e "Diário da Manhã" (1). Todos  ro…". Poucos anos depois de 1960 a Ma-  fizemos da sua biblioteca técnica, fê-lo
         estes artigos foram escritos entre 1958 e  rinha aprovava o seu 2º plano de reno-  oficial da Legião de Honra e comen-
         1960 e muitas das suas ideias produzi-  vação da Armada deste século e man-  dador da Etoile Noire.
         ram efeitos quase imediatos. A seguir a  dava construir em França, na Alemanha  Maurício de Oliveira viajou por quase
         uma das suas frases "No nosso                                              todo mundo, entrevistou Chefes
         País, que escreveu no mar parte da                                         de Estado e outras personalidades
         sua história e que foi buscar à                                            importantes e na sua época ou tal-
         imensidade até então insondável e                                          vez até hoje, foi o único jornalista
         misteriosa das aliciantes rotas                                            português que teve acesso à Casa
         oceânicas, os louros de uma glória                                         Branca onde entrevistou o Presi-
         perpétua, não existiu nunca um                                             dente Kennedy.
         serviço, ainda que modesto, de                                               Por despacho de 28 de Agosto
         informação oficial para a Impren-                                          de 1970, foi nomeado membro do
         sa, quanto ao sector da Marinha de                                         Centro de Estudos de Marinha.
         Guerra." Passado muito pouco                                               Sarmento Rodrigues, Presidente
         tempo foi criado junto ao Gabinete                                         do C.E.M. que sabia o valor dos
         do Ministro um serviço de infor-                                           "média" não descansou enquanto o
         mação para a Imprensa. Referindo-                                          não nomeou membro efectivo da
         -se à inexistência de uma política                                         Secção de Artes, Letras e Ciências.
         naval disse que enquanto a não                                               Maurício de Oliveira já teve um
         houver "a Marinha de Guerra será                                           navio mercante com o seu nome.
         constituída por um conjunto maior                                          Era no nosso entender de inteira
         ou menor de navios de várias ida-                                          justiça que se lhe desse o seu nome
         des, formas e feitios, uns mais foto-                                      a um navio de guerra, por exemp-
         génicos que outros, mas todos                                              lo a um desses 10 patrulhas que se
         mais ou menos incapazes e hete-                                            vão construir para a fiscalização
         rogéneos para operar em conjunto,                                          da nossa ZEE.
         em acções coordenadas, e susceptí-
         veis de corresponder àquilo que,                                                         Gabriel Lobo Fialho
         num país de larga expansão mun-                                                                     CMG
         dial como o nosso, se pode e deve                                                  Director da "Revista de Marinha".
         exigir a uma força que se queira                                              Membro efectivo da Academia de Marinha.
         denominar, com propriedade, Marinha  e em Espanha, 4 fragatas, 4 submarinos e
         de Guerra". E para calar alguns oficiais  10 corvetas. Portugal construiu lanchas
         mais críticos que se sentissem beliscados  de desembarque, grandes, médias e  Bibliografia:
                                                                               Obras de M.M. :"Armada Gloriosa",
         disse "Não escrevo para os técnicos, pa-  pequenas e patrulhas médios e pequenos  "Os cruzadores na Marinha Portuguesa",
         ra os profissionais, para os Estados  e algumas lanchas rápidas. Maurício de  "Os  Submarinos na Marinha  Portuguesa",
         Maiores. Escrevo sim para o grande  Oliveira contribuiu mais uma vez, à sua  "Os Torpedeiros na Marinha Portuguesa",
         público, para este povo português tão  maneira, para renovação da Marinha.  "Armada Real Britânica" e "Em defesa
                                                                                de uma política naval".
         amigo da sua Marinha… Escrevo para   O País fê-lo comendador da Ordem  "Revista de Marinha", vários números.
         que aqueles a quem me dirijo sintam e  Militar de Cristo e oficial da Ordem do  "Jornal da Marinha Mercante",
         compreendam, em que elevado grau e  Império e a Marinha agraciou-o com a  vários números.
                                                                                     REVISTA DA ARMADA • AGOSTO 2000  21
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