Page 273 - Revista da Armada
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mais tarde, foi agraciado com os graus estas portas francamente abertas e estas to Osório (Uma epidemia de beri-beri).
de comendador do Mérito Naval, do páginas sinceramente ao seu dispor." Estes são os principais colaboradores do
Mérito Civil e da Ordem de Cisneros. Maurício de Oliveira tinha apenas 27 1º ano de publicação, a maioria são almi-
Em 31 de Janeiro de 1937, Maurício de anos. rantes e os outros são figuras de prestí-
Oliveira funda a Revista de Marinha que O editor e proprietário é a Parceria gio da época e dos tempos mais próxi-
vai ser até ao fim da vida mos.
a sua menina bonita. As Para ilustrar a sua re-
palavras de abertura são vista, Maurício consegue
feitas pelo ministro da convencer Stuart Carva-
Marinha, Capitão-Tenente lhais, de seu nome com-
Manuel Ortins de Betten- pleto José Herculano Stuart
court sob o título "Missão Torrie de Almeida Carva-
a cumprir" que, no caso lhais que foi um dos mais
da Revista de Marinha, notáveis caricaturistas
considera ser o despertar portugueses da primeira
da nossa vocação marinhei- metade do século XX. For-
ra. E de facto cumpriu mado em Paris no meio
essa missão. Ao longo da de vários artistas portu-
minha vida encontrei vá- gueses, destaca-se entre os
rios oficiais de marinha, numerosos desenhadores
mais velhos do que eu, humoristas da época sen-
nascidos no interior do do mesmo disputado en-
país e que me disseram tre vários jornais parisien-
que o seu primeiro con- ses. Na Revista de Ma-
tacto com a Marinha, A primeira Comissão de Propaganda de Marinha, constituída, em 1930, sob a presidência do rinha desenha a cabeça da
quando ainda eram meni- comandante Pereira da Silva e que teve Maurício de Oliveira (à esquerda) como secretário geral 1ª página que a acompa-
nos, tinha sido a R.M.. Foi e Júlio Cabral como 2º secretário. nhará durante muitos
com ela que nasceu a sua anos e desenha numero-
vocação pois Maurício tinha o condão António Maria Pereira que já editava os sos navios de guerra, de comércio e de
de imprimir nas suas páginas a paixão seus livros. O seu preço era de 2$50 ou pesca para servirem de separadores,
que tinha pela Marinha. seja, cinco vezes o dos jornais diários, e obras de arte que constituem a faceta
Logo a seguir à introdução do Mi- a sua periodicidade era mensal. mais séria, mais elaborada e mais desco-
nistro da Marinha, Maurício escreve um No primeiro número fala-se dos sub- nhecida de Stuart Carvalhais.
pequeno artigo sob o título "Duas pala- marinos alemães de motor
vras de saudação" onde diz entre outras único, alimentado a oxigé-
coisas que "…a Revista de Marinha sai à nio e hidrogénio e que cu-
luz do dia, com uma independência riosamente estão outra vez
absoluta, sem tutelas ou subsídios ofi- na moda passados 63 anos.
ciais ou particulares." …"A Revista de Para além das ultimas notí-
Marinha não saberá distinguir ideologias cias das marinhas de guerra
políticas, entre os verdadeiros amigos nacional e estrangeiras fala-
da Armada. Todos aqueles que, amando -se também das marinhas
ardentemente a Pátria, defendendo ou Mercante, de Pesca e de Re-
respeitando a República, servindo ou creio o que mostra bem que
exaltando a Marinha, queiram dar-nos a o estatuto editorial foi tão
honra da sua visita ou da sua colabo- feliz que permanece inalte-
ração, sabem que encontram sempre rável até ao presente.
O leque de colaboradores
inicial é impressionante:
Vasco Taborda Ferreira
(Marinha Mercante), Filipe
Dias de Carvalho (Memó-
rias de um marinheiro),
Henrique Tenreiro (Brigada
Naval), Fontoura da Costa
(Figuras e Factos de há 100
anos), Artur Carmona (Um Caricatura: "O Mar: escola da Nação".
ano nos mares de África),
Gago Coutinho (Viagens Secretas), A revista tinha só 32 páginas, era
Joaquim Manso (O Infante D. Henri- profusamente ilustrada e muitos artigos
que), Pereira da Silva (O Dia da Marinha eram divididos por vários números co-
e a necessidade da propaganda naval), mo por exemplo os de Fontoura da Cos-
Gago de Medeiros-Visconde de Botelho ta, de Gago Coutinho, de Taborda Fer-
(As marinhas mercantes estrangeiras), reira e de Gago de Medeiros.
Barreto de Oliveira - pai de Maurício - Maurício de Oliveira embora tenha
(O Exército e Marinha em cooperação), proclamado o caracter apolítico da revis-
Monteiro de Barros (A odisseia dos ta no seu 1º número, pressente-se pela
caça-minas na Grande Guerra), Ramalho leitura dos vários exemplares que admi-
Ortigão (O Estado Maior Naval), Augus- ra Salazar que arranjou verbas para a ✎
REVISTA DA ARMADA • AGOSTO 2000 19