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As comunicações na Marinha
As comunicações na Marinha
Passado recente e perspectivas sobre a evolução futura
INTRODUÇÃO de antenas de bordo tendo em vista a mini- b. Componente do serviço fixo
mização do seu número face à sempre pre- No âmbito do serviço fixo toma-se a
O presente artigo tem como objectivo prin- sente interferência electromagnética, ao decisão de encetar um grande projecto, o
cipal elencar os marcos mais relevantes ocor- espaço exíguo disponível no navio e ao SINCOMAR, que visaria:
ridos no passado recente na área das comu- número de transmissores e receptores que • modernizar o ETARM (instalado em
nicações e das tecnologias associadas, dar nele deveriam existir. 1973), já anteriormente falado, por um seu
uma breve panorâmica sobre sucedâneo com maior ca-
o lugar onde a Marinha se pacidade de processamento,
encontra nesta área e final- o que se veio a concretizar
mente perspectivar o cami- em 1993.
nho que se antecipa venha a • substituir a rede ana-
ser trilhado no mundo que lógica da Marinha por uma
são as comunicações e os sis- rede digital integrada de
temas de informação. serviços (RDIS), a qual viria
a constituir a infra-estrutura
2ª METADE tecnológica fundamental
DA DÉCADA DE 80 que hoje é a base das
comunicações e dos servi-
A década de 80 é marcada ços disponíveis na compo-
por dois factores fundamen- nente fixa (voz e dados), e
tais, um na componente ainda servir de embrião ao
naval, outro na componente futuro sistema de proces-
do serviço fixo, que determi- samento de mensagens for-
naram o início de um novo mais (MMHS).
ciclo de desenvolvimento Refira-se, na oportunidade,
das comunicação e tecnolo- que o SINCOMAR esteve na
gias associadas na Marinha. Por outro lado, a vinda dos navios desta génese de um programa funcionalmente
a. Componente Naval classe introduz na Marinha, pela primeira similar ao nível do EMGFA e do Ramos,
A decisão de adquirir as fragatas da classe vez, os sistemas de informação de denominado SICOM, o qual é o garante,
Vasco da Gama leva a que, numa oportu- Comando e Controlo e a automatização dos hoje em dia, da interoperabilidade ao nível
nidade única, a indústria nacional desenvol- tactical data links. Também neste âmbito foi do serviço fixo, com o EMGFA, demais
va uma nova versão do Sistema Integrado possível concretizar a transferência de tec- Ramos da Forças Armadas e aliados.
de Controlo de Comunicações (SICC), incor- nologia para a Marinha e para indústria
porando lições aprendidas no desenvolvi- nacional, uma vez que o desenvolvimento 1ª METADE DA DÉCADA DE 90
mento dos sistemas equivalentes para as da parte específica do sistema foi efectuado
Fragatas Classe João Belo já mencionados. por uma equipa de engenheiros portugue- Os projectos iniciados na segunda
Os requisitos que enformam metade da década de 80
este desenvolvimento apon- começam, neste período, a
tam para a incorporação dos tomar forma exigindo um
mais recentes padrões desafio à Marinha que se
NATO, por um alto nível de tornou imperativo vencer.
automatização dos processo Foi a preparação de todo o
associados à gestão, adminis- pessoal envolvido com a
tração e exploração do sis- operação, manutenção e
tema e pelo recurso, na má- administração dos sistemas,
xima extensão possível, de foi o início da sua utilização
tecnologia Commercial Off operacional em situações
The Shelf (COTS), o que frequentemente assaz exi-
disponibilizou capacidades gentes, foi, enfim, um con-
de processamento substan- junto de situações novas
cialmente superiores às exis- que se tornou fundamental
tentes na anterior geração do dominar.
sistema. a. Componente Naval
O SICC, ao seguir o con- A primeira fragata da
ceito MEKO, foi projectado classe Vasco da Gama é
de uma forma modular entregue à Marinha no início
sendo a maioria das partes constituintes dis- ses, o que permitiu que a respectiva de 1991 e cerca de 6 meses depois é sub-
tribuídas por contentores. manutenção tenha vindo a ser executada metida, com a respectiva guarnição, ao
Constituiu, ainda, desafio assinalável o recorrendo maioritariamente a know-how Basic Operational Sea Training no Reino
desenvolvimento da arquitectura do parque nacional. Unido, mais conhecido por BOST, que é
16 FEVEREIRO 2003 • REVISTA DA ARMADA