Page 50 - Revista da Armada
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um homem para qualquer cargo difícil, ainda
                           Oficiais Com Percurso Notável                       que fosse para bispo.
                                                                                 Além destes três brilhantes oficiais que cita-
                                                                               mos, também a Marinha teve o seu inventor.
                                                                                 Quando as experiências em navegação sub-
                                                                               marina davam os seus primeiros passos em
                                                                               países como a França e a Rússia, na década de
                                                                               80 do século passado, o então 1º tenente João
                                                                               Augusto Fontes Pereira de Mello apresentava
                                                                               ao Rei D. Carlos em 1890, o seu projecto de
                                                                               um barco submarino para lançamento de tor-
                                                                               pedos. A administração da época começa por
                                                                               nomear uma comissão que dá um parecer téc-
                                                                               nico favorável. Vai-se arrastando no entanto o
                                                                               assunto até 1893, data em que é possível efec-
                                                                               tuar as primeiras experiências no Tejo, com
                                                                               um pequeno submarino construído no
                   CMG                   VALM                   CMG
               F. Vieira da Rocha    A. Ladislau Parreira   A. Cisneiros de Faria   Arsenal de Marinha, de 11 metros e meio de
                 1870-1944             1869-1941              1879-1946        comprimento e 17 toneladas de deslocamento
                                                                               em imersão.
                                                                                 Da comissão fizeram parte, entre outros, o
                                                                               capitão-tenente Ernesto Rosa, lente da Escola
                                                                               Naval e o primeiro-tenente engenheiro-
                                                                               -hidrógrafo Baldaque da Silva. Embora as
                                                                               experiências resultassem, os trabalhos não
                                                                               prosseguiram por falta de apoio das entidades
                                                                               oficiais. Talvez, pelo facto, o malogrado inven-
                                                                               tor nos apareça anos depois, a conspirar a
                                                                               favor da implantação da República.
                                                                                 Da plêiade dos distintos engenheiros-
                                                                               -hidrógrafos do século passado distinguem-se
                                                                               ainda os vice-almirantes José Maria de Sousa
                                                                               Soares de Andrea Ferreira e Hugo Carvalho
                   2TEN                 CFR ECN                 CMG            de Lacerda Castelo Branco e o capitão-de-mar-
                António Sérgio       Raul César Ferreira    H. Baeta Neves     -e-guerra António Artur Baldaque da Silva.
                 1883-1969             1890-1959              1890-1959
                                                                                 O almirante Soares de Andrea Ferreira, além
                                                                               de ter efectuado importantes trabalhos hidro-
         quanto a condecorações, apenas eram deten-  É um dos oficiais que colabora nos progra-  gráficos, foi o primeiro director do Obser-
         tores do grau de grande-oficial de Aviz.  mas navais e de reorganização da Armada do  vatório Astronómico “Rainha D. Amélia” do
           Já atrás nos referimos ao capitão-de-fragata  seu tempo, sendo deputado após 1910.  Porto, depois de longos anos trabalhar no de
         João Baptista Ferreira que, nos primórdios da  Foi, por concurso, defensor oficioso do  Lisboa, então na Escola Politécnica.
         sua carreira naval, foi um valoroso comba-  Tribunal de Marinha. Como houvera já, guar-  O almirante Hugo de Lacerda é o primeiro
         tente em África. É também um dos mais dis-  da-marinha e oficial subalterno, combatido no  chefe da missão hidrográfica da costa de
         tintos artilheiros da nossa Armada, num tem-  Ultramar onde granjeara a “Torre e Espada” e  Portugal, criada em 1912 e apoiada no aviso
         po em que a artilharia, como outras armas e  fora promovido por distinção em combate,  “5 de Outubro”, o antigo iate real “Amélia”.
         equipamentos, não constituía especialização,  bem pode dizer-se ser um exemplo do oficial  No Ultramar, e na sua especialidade, teve
         como hoje. É autor de várias publicações té-  de marinha que, no tempo da rainha Victória,  uma acção de relevo chefiando trabalhos
         cnicas de artilharia e torpedos, lente de  o célebre ministro Disraelli ia buscar ao  hidrográficos em Angola, Moçambique,
         cadeiras de Balística e Artilharia da Escola  Almirantado Britânico quando necessitava de  Macau e S. Tomé.
         Naval, coman-
         dante da Escola                             Oficiais Com Percurso Notável
         Prática de Torpe-
         dos e Electrici-
         dade e da Escola
         de Artilharia Na-
         val. É também
         professor da Es-
         cola de Guerra e
         do Liceu de Pas-
         sos Manuel; co-
         labora na Revista
         Militar e nos
         Anais do Clube
         Militar Naval, e
         faz parte dos cor-
         pos gerentes da
         Cooperativa Mi-          1TEN                  CTEN                   CFR                  VALM
         litar e do Mon-     A. Prestes Salgueiro    E. Maia Rebelo      A. Soares de Oliveira   J. Ramos Pereira
         tepio Geral.           1891-1950              1894-1953             1895-1942             1901-1974

         12 FEVEREIRO 2003 • REVISTA DA ARMADA
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