Page 51 - Revista da Armada
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A ele se deve o Observatório Astronómico Na delimitação de fron-
“Campos Rodrigues”, de Lourenço Marques, Grandes Desportistas teiras e em missões geográ-
onde foi também inspector de obras públicas, ficas e hidrográficas no
e a si se devem igualmente importantes obras Ultramar, muitos foram os
no porto de Macau. Foi sócio correspondente que deram o seu contributo
da Academia das Ciências de Lisboa. valioso. Aqui, também nos
O capitão-de-mar-e-guerra Baldaque da aparecem entre outros, al-
Silva é autor de numerosos trabalhos de guns dos ilustres oficiais já
natureza marítima, entre os quais, o “Estudo citados, como Fontoura da
histórico e hidrográfico da barra e porto de costa, Ivens Ferraz, Vieira
Lisboa”. da Rocha, Baeta Neves,
O seu “Estado actual das pescas em Dias de Carvalho, Joaquim
Portugal”, publicado há já várias décadas, é da Costa Marques, Sena
um raro exemplar bibliográfico e nada até hoje Barcelos e outros.
o substitui. O seu nome figura numa unidade O comandante Vieira da
naval de estudos de pesca. Rocha, que já vimos comba-
De entre muitos oficiais que, embora não tente nos rios e no mar, foi
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CMG
sendo engenheiros-hidrógrafos, deram um António Lopes Jonet Jorge Soares um dos pioneiros dos traba-
contributo valioso à hidrografia, citaremos o 1927-0000 1942-0000 lhos geodésicos e hidrográfi-
capitão-de-fragata Ernesto Tavares de cos no Ultramar. Fez parte de
Almeida Carvalho, que chefiou a Missão de interesse nacional, no Ultramar, citaremos várias missões de 1904 a 1926. Na missão de
Hidrográfica da Costa de Portugal em seguida como governadores gerais de Angola, Isidoro Barotse, chefiada pelo sábio almirante herói da
a Hugo Lacerda e o contra-almirante Filipe Pereira Leite e Artur Sales Henriques, que travessia do Atlântico Sul – e é ele que nos relata
Carlos Dias de Carvalho, que também chefiou alcançariam o posto de contra-almirante. – Vieira da Rocha reconhece o Zambeze por
a referida missão e a quem se deve a bali- Pereira Leite, quando capitão-de-fragata e terra, em grande parte a pé, contornando-lhe 300
sagem do Tejo até Vila Franca. 2º comandante do Corpo de Marinheiros, quilómetros de margens, por vezes alagadas.
Também Almeida Carvalho é o patrono de domina uma revolta no quartel na noite trá- Como nota curiosa a juntar à sua notável
uma das actuais unidades navais em serviço gica do 19 de Outubro, sendo então agraciado biografia, a de ter desempenhado em 2º tenente
da hidrografia. com a medalha de prata de Valor Militar. o cargo de capitão dos portos da Índia, lugar
No ensino ao mais alto nível, da Armada, Seria, em 1925, Ministro das Colónias. sempre destinado a um oficial superior. Este
distinguiu-se o capitão-de-mar-e-guerra Por governadores de província passaram ilustre marinheiro atingiria o posto de capitão-
Ernesto Carlos Rosa que, além de oficial de Coriolano da Costa em Benguela; Vieira da -de-mar-e-guerra e possuía, além da “Torre e
Marinha onde foi primeiro do seu curso, era Fonseca, futuro contra-almirante, Coriolano da Espada”, a medalha de ouro de Valor Militar.
também engenheiro-construtor-naval e seria Costa e José Luís Sales Henriques de Brito em Ivens Ferraz, o jovem tenente que António
aos 31 anos lente das cadeiras de cálculo e Moçâmedes; Eugénio Soares Branco, mais Enes considerava como filho, é outro oficial com
mecânica da Escola Naval. tarde professor da Escola Naval e da Escola de uma carreira brilhante, tanto no Ultramar como
Também aluno distinto e primeiro do seu Guerra, na Lunda; Luís Gonzaga Ribeiro resi- nos navios. Em oficial superior comanda o
curso de Marinha, o capitão-de-fragata enge- dente no Ambrizete e em Cabinda, e outros. cruzador “República”, nos acontecimentos de
nheiro-construtor-naval Raul César Ferreira foi Na província de Moçambique governaram Xangai em 1927, acumulando com o comando
lente de Arquitectura Naval na mesma escola e Augusto Pinto Cardoso e Boaventura Mendes das forças navais estacionadas no Extremo-
autor de numerosas publicações e artigos sobre de Almeida, em Lourenço Marques; José -Oriente. Pela sua acção é promovido, por dis-
assuntos de Marinha e da sua especialidade. Tavares de Almeida Carvalho em Inhambane; tinção, a contra-almirante. Termina a sua car-
Oriundo de arma de engenharia, o capitão- Vieira da Fonseca e Filipe Dias de Carvalho reira no posto de vice-almirante Chefe do
-de-fragata engenheiro-construtor-naval em Quelimane; José Alcobia, Salazar Moscoso Estado-Maior Naval. É autor de várias publi-
Salvador de Sá Nogueira, que obteve no curso e Gonzaga Ribeiro, na Zambézia, tendo sido cações de carácter técnico e de divulgação geral.
de engenharia naval, em Génova, a mais alta estes dois últimos também intendentes do Outro oficial, o 1º tenente Artur Leonel Barbo-
classificação, viria a ser, durante mais de 30 Chinde, assim como Pinto Cardoso, Augusto sa Carmona, tem notável acção em Macau, onde
anos, Administrador-Geral do porto de Lisboa. Metzener e Pedroso Lima. serviu doze anos, nos Serviços de Marinha.
10 – Na governação ou noutras actividades Governaram Cabo Verde na I República, Como director do Observatório Meteo-
Júdice Bicker, Fontoura da rológico, introduziu-lhe valiosos melhoramen-
Costa e Filipe Dias de tos, o que permitiu uma intensiva cooperação
Padres Capelães
Carvalho. com os de Manila e Xangai na previsão de
Foram governadores da tufões. Foi em 1930 a Timor, proceder à insta-
Guiné, Álvaro Herculano lação de um posto rádio por si construído, que
da Cunha e Júdice Bicker tornou possível efectuar comunicações daquela
e de S. Tomé e Príncipe, colónia com a metrópole, via Macau, as quais se
Vieira da Fonseca e Eugé- faziam, antes por intermédio do Timor
nio Soares Branco. holandês. Regressado de Macau, comandou
Governaram Macau, Ma- diversos navios, o último dos quais o “Afonso
galhães Correia e Hugo de de Albuquerque”, em missões de soberania,
Lacerda, e Timor este último durante a II Guerra Mundial. Terminou este
e Sousa Gentil. distinto oficial a sua carreira naval como contra-
Além de governador da -almirante, Director-Geral da Marinha.
Guiné e de Cabo Verde,
Júdice Bicker seria Minis- A. Almeida Brandão
tro da Marinha por duas CALM
vezes, em períodos curtos (Fotos do Arquivo Central –
2TEN CFR – Biblioteca Central da Marinha)
A. Mendes Serrano J. Corrêa de Sá (Asseca) como era normal nos go-
1902-1945 1910-1968 vernos da I República. (Conclusão no próximo número)
REVISTA DA ARMADA • FEVEREIRO 2003 13