Page 53 - Revista da Armada
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ACADEMIA DE MARINHA
100 Anos das Comunicações na Armada
100 Anos das Comunicações na Armada
proveitando o facto de publicações com incidência na
se perfazerem 100 anos área das comunicações e dos
Asobre as primeiras ex- problemas que tiveram que ser
periências de telegrafia sem fios equacionados e depois resolvi-
(TSF) na Marinha Portuguesa, dos no campo da preparação
em 26MAI1902, a bordo do técnica do pessoal da Armada,
cruzador “D. Carlos” ao largo passando pelos cursos de espe-
de Cascais, realizou-se na cialização e da criação da Escola
Academia de Marinha em de Comunicações e do que ela
29OUT02 uma sessão presidida representou na modernização
pelo Almirante Mendes Ca- das técnicas de comunicações.
beçadas, Chefe do Estado- Descreveu o desenvolvi-
-Maior da Armada, evocando mento sofrido pela rede radio-
“100 Anos das Comunicações telegráfica da Armada, com os
na Armada” em que usaram da postos radionavais e centros
palavra sucessivamente, o de comunicações por feixes
VALM Vicente Almeida d’Eça, Assistência à sessão mostrando os quatro oradores na primeira fila. hertzianos, da rede radiogo-
o VALM António Alves Samei- niómetrica e da guerra electró-
ro, o VALM Pedro Moreira Rato e o CFR Prosseguiu citando a evolução sofrida nica e do que isto implicou na moderniza-
António Gameiro Marques. pela Marinha com a criação do Posto ção dos equipamentos em terra e a bordo.
Abriu a sessão o CALM ECN Rogério Radiotelegráfico de Monsanto e uma vasta Finalizou a sua intervenção referindo-se à
d’Oliveira, Presidente da Academia, que rede de postos e estações radiotelegráficas, colaboração da indústria nacional no sis-
aludiu à importância genérica que consti- do Centro de Comunicações da Armada tema integrado de comunicações com início
tuiu a comunicação entre navios e entre (1959) e do impulso e modernização pro- em 1979/80 para as unidades navais, pas-
estes e as estações em terra. porcionado pela NATO. Apoiado, entre sando então a palavra ao último orador o
Apresentou seguidamente cada um dos nós, pela DSEC durante os 54 anos da CFR Gameiro Marques.
oradores, todos eles com um passado rico existência desta Direcção. Este orador iniciou a sua intervenção
de experiências, quer no campo da TSF e Referiu-se, ainda, aos radioamadores da referindo-se aos marcos mais relevantes
transição desta para o mundo mais mo- Marinha e à confiança inspirada pelo ocorridos no passado recente, para depois
derno das comunicações, bem como das serviço de comunicações da antiga terminar perspectivando o caminho a ser
tecnologias ligadas à electricidade e elec- Aviação Naval. O orador seguinte, o trilhado no mundo das comunicações e
trónica que foram apoiando a constante VALM Alves Sameiro relacionou o pro- nos sistemas de informação, tendo-se
evolução verificada. gresso das radiocomunicações na Marinha referido ao processo de implantação do
Usou então da palavra o VALM Almeida com a evolução e o desenvolvimento das correio electrónico formal na Marinha.
d’Eça que historiou sinteticamente os aplicações da electricidade e da electrónica Abordou depois o problema das alterações
primeiros passos e ensaios da TSF, em 1904, e das tecnologias que sucessivamente recomendadas para os aspectos relaciona-
no Serviço e Escola Prática de Torpedos e foram aparecendo, o que obrigou a cons- dos com as Comunicações móveis e as
Electricidade em Vale de Zebro, do tantes adaptações nos métodos de trabalho Estações Radionavais e, por fim, o planea-
cruzador S. Gabriel (em DEC1909) na e na preparação específica do pessoal mento e execução do projecto de ade-
viagem de circum-navegação levando a envolvido, resultantes de sucessivas e quação das fragatas “Vasco da Gama” na
bordo uma instalação de TSF e do facto de atentas reorganizações de escolas e orga- área das Comunicações e Sistemas de
na Casa da Balança ter sido a primeira vez nismos da Marinha. Informação para as funções de navio-chefe
que se prestou serviço com regularidade Referiu-se ao período das campanhas no na STANAVFORLANT em 2001 e 2002.
devido à instalação no seu canto SW de um Ultramar até à descolonização e do enorme A R.A. publica nesta edição um artigo
Posto Radiotelegráfico. esforço da Marinha nos três teatros de ope- da autoria deste último orador sobre o
rações, mantidos em simultâ- mesmo tema.
neo com as obrigações assumi- Na Academia, e a propósito desta sessão,
das com a NATO e a incorpo- estiveram expostos, com a colaboração do
ração na Armada de novas Museu de Marinha e Biblioteca Central de
unidades navais, terminando a Marinha antigos equipamentos de TSF e
sua intervenção afirmando aprontamentos dos primeiros cursos de
que “a Marinha sempre procurou especialização em Radioelectricidade em
reagir, com oportunidade, aos Vila Franca.
novos desafios da Técnica e às Na assistência encontravam-se muitos
alterações do ambiente em que oficiais ligados às Comunicações, bem
actua”. como ex-funcionários que durante muitos
A palavra foi então reto- anos serviram na DSEC e antigos directores
mada pelo VALM Pedro de diversas Estações Radionavais.
Moreira Rato que descreveu a
Equipamento em exposição. doutrina naval, documentos e (Colaboração da Academia de Marinha)
REVISTA DA ARMADA • FEVEREIRO 2003 15