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NOTÍCIAS



                     A BANDEIRA NACIONAL DAS INSTALAÇÕES NAVAIS DE BISSAU

         ¬ÊNo passado dia 10 de Dezembro foi entregue pelo VALM Vicente
         Almeida d´Eça a Bandeira Nacional que em 14 de Outubro de 1974         TESTEMUNHOS
         foi arriada pela última vez nas Instalações Navais em Bissau.   Do Comandante do DFE nº 5 – Cte José Lopes Fernandes
           Na presença de oficiais que então prestavam serviço no Coman-  Na altura como combatente, Comandante do Destacamento n.º 5 de Fuzileiros, par-
         do da Defesa Marítima da Guiné, nomeadamente o VALM Malhei-  ticipei no evento com uma representação da minha unidade. Recordei o acontecimento
         ro Garcia, na altura Sub-Che-                                          como se se tivesse realizado recentemente. Recordei os
                                                                                sacrifícios de tantos portugueses que, no cumprimen-
         fe do Estado-Maior, os CMG                                             to da sua missão, não pouparam trabalhos e sacrifícios,
         Carreiro e Silva e CMG Lopes                                           muitos deles pagando com ferimentos ou com a vida a
         Fernandes, na altura coman-                                            sua dedicação e entrega. Para todos eles o meu respeito
         dantes dos Destacamentos de                                            e a mais alta consideração.
                                                                                 Tendo cumprido recentemente uma comissão de ser-
         Fuzileiros Especiais e o Senhor                                        viço na República da Guiné-Bissau, como Adido de De-
         Lemos Teixeira, na altura cla-                                         fesa, não pude deixar também de trazer ao pensamento
         rim do NRP”Roberto Ivens”,                                             os cerca de trinta mil homens, até 1974 militares por-
         o VALM Almeida d´Eça fez a                                             tugueses e agora cidadãos guineenses que, ao serviço do
         entrega da bandeira que rece-                                          Exército, da Marinha e da Força Aérea cumpriram com
                                                                                toda a dignidade, entrega e espírito de sacrifício as suas
         bera na sua qualidade de Co-                                           missões e tarefas. Acompanhei os seus problemas e a sua
         mandante da Defesa Marítima                                            esperança de que Portugal um dia se possa lembrar dessa
         e que conservou em seu poder                                           dedicação e desse trabalho. Como Português, como mi-
         até ao presente.                                                       litar e como combatente sei bem o que lhes vai na alma
                                                                                e o quanto se lhes é devido. Na cerimónia da entrega do
           Na ocasião, o VALM Almei-  Aspecto da cerimónia no Museu de Marinha.  histórico Símbolo Nacional ao Museu de Marinha não pude evitar um nó na garganta
         da d’Eça proferiu a alocução donde salientamos:       ao recordar esses homens, que defenderam esta mesma bandeira e que, sem que lhes
           Tenho a satisfação de estarem aqui presentes oficiais que então presta-  fosse dado a possibilidade de opção, são hoje cidadãos guineenses.
         vam serviço naquele Comando de Defesa Marítima: o Almirante Malhei-
         ro Garcia-Sub-Chefe do Estado-Maior; o Comandante Carreiro e Silva   Do Comandante (então 1TEN FZE) – António Carreiro Silva
                                                                Como 1º Ten. FZE, comandei a Força de Fuzileiros que prestou Honras militares no
         e o Comandante Lopes Fernandes sob cujas ordens estavam os Destaca-  último arriar de Bandeira Nacional nas Instalações Navais de Bissau (INAB).
         mentos; e também o Sr. Lemos Teixeira, na altura marinheiro clarim na   A cerimónia foi simples. Muito digna. Extremamente sentida.
         Fragata “Robert Ivens”.                                Lembro-me, comovido, de ver fuzileiros especiais, endurecidos por várias comis-
           Dá-me ainda o prazer da sua presença  o Almirante Leiria Pinto, Presiden-  sões nos piores teatros de operações de Guerra do Ultramar, em uniforme de combate
         te da Comissão Cultural da Marinha, bem como o Sub-Director e oficiais em   e com inexcedível postura e dignidade, prestarem a homenagem da Marinha Portu-
                                                               guesa ao último Estandarte Nacional no “chão” da Guiné. Após o destroçar da for-
         serviço neste Museu, ao qual, devo dizer, me sinto particularmente ligado.  matura, os homens permaneceram em total silêncio. Á passagem do então Comodoro
           A todos agradeço terem aqui vindo, pois este simples  acto reveste-se para   Almeida d´Eça, que recolhia aos seus aposentos levando nas suas mãos a bandeira,
         mim de grande significado.                             os fuzileiros abriam alas e com notável aprumo faziam-lhe a continência. Nalguns
           Senhor Comandante Beça Gil: entrego nas suas mãos a Bandeira Na-  as lágrimas bailavam nos olhos. Sentimos todos naquele dia que um ciclo da nossa
         cional que foi pela última vez arriada no Comando de Defesa Marítima da   História tinha terminado.
         Guiné, para que fique à boa guarda do Museu de Marinha.         Do MAR FZQ Adélio Lemos Teixeira (Clarim):
           O Director do Museu de Marinha, ao agradecer a entrega da ban-  Senti, enquanto tocava e via descer no mastro respectivo a Bandeira Portuguesa,
         deira, realçou o facto de o Museu de Marinha ser o local apropriado   uma forte emoção, de tal intensidade que não me permitiu verificar, ali, se o toque que
         para receber mais aquele testemunho da nossa memória colectiva   estava a realizar tinha a normalidade e o timbre devidos, tal era a tensão vivida nesse
         que, para além de enriquecer o espólio do museu, irá integrar o nú-  singular momento que marcava o fim da soberania portuguesa.
         cleo museológico alusivo às campanhas de África 1961-1974 na ex-
         posição permanente, a criar previsivelmente em finais de 2004.                     (Colaboração do Museu de Marinha)



                               “ERA UMA VEZ UM REI QUE AMAVA O MAR...”

         ¬ÊNo passado dia 19 de Dezembro, pelas 16,30 horas,                Vasco da Gama, tornando esta Instituição, uma
         o Aquário Vasco da Gama realizou o lançamento do                   das mais emblemáticas, junto da juventude esco-
         livro “Era uma vez um Rei que amava o Mar...”, inau-               lar portuguesa.
         gurando simultaneamente a exposição dos desenhos,                   Sendo a sua primeira incursão neste género de
         pinturas e colagens que ilustram esta edição.                      literatura, Carlos Caseiro é autor de vasta Obra já
           Obra da autoria do Dr. Carlos Caseiro, conta com                 publicada, de que destacamos, entre outras: “MAIS
         magníficas ilustrações criadas por alunos da Escola                 DE MIL ANOS SE PASSARAM” (edição comemorativa do
         Prof. António Pereira Coutinho, de Cascais, no se-                 Décimo Aniversário do Museu da Água da EPAL);
         guimento de uma visita escolar realizada ao Aquá-                  “A CASA GRANDE DO MAR - AQUÁRIO VASCO DA GAMA
         rio Vasco da Gama.                                                 1898-1998” (edição oficial comemorativa do Primei-
           “Era uma vez um Rei que amava o Mar...”, des-                    ro Centenário do Aquário Vasco da Gama); “HISTÓ-
         creve, numa linguagem simples de acordo com                        RIAS E OUTRAS MEMÓRIAS DO AQUEDUTO DAS ÁGUAS
         a faixa infanto-juvenil a que se destina, a expe-                  LIVRES” (edição comemorativa do 250º Aniversário
         riência gratificante proporcionada aos milhares                     da construção do Aqueduto das Águas Livres) e já
         de alunos, vindos das mais variadas escolas do                     em 2003, “A MARCHA É LINDA – LISBOA, O CULTO A SAN-
         país, que anual mente, em excursões escolares, ou                  TO ANTÓNIO, AS MARCHAS POPULARES DA CIDADE”.
         acompanhados por familiares, visitam o Aquário                                 (Colaboração do Aquário Vasco da Gama)
                                                                                      REVISTA DA ARMADA U MARÇO 2004  27
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