Page 131 - Revista da Armada
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ções em situação de catástrofe ou calamidade,  há uma alteração qualitativa muito forte em re-
                                            efectuadas a partir de meios navais.  lação às pessoas que as servem”.
                                              Em resumo, o SINGRAR constitui um exemplo   Mais adiante referiu ainda: “Se não tivermos
                                            de um sistema desenvolvido pela Marinha que é  investigação, ligação às universidades, à industria
                                            inovador a nível internacional, que contribui de  e às empresas, nós teremos com certeza muito
                                            forma clara para melhorar a eficácia, a eficiência  menos importância, muito menos significado no
                                            e a competitividade dos navios portugueses, para  contexto das nações”. Destacou, ainda, a “liga-
                                            cujo desenvolvimento foram mobilizadas capaci-  ção entre inovação, modernização e apetrecha-
                                            dades de I&D próprias e estabelecidas parcerias  mento” dos ramos militares, no que considerou
                                            com o meio Académico, e que tem ainda um vas-  um “tripé absolutamente fundamental” para o
                                            to campo de áreas inovadoras a explorar tendo em  desenvolvimento e para a importância de Por-
                                            vista aumentar as capacidades do sistema e as fun-  tugal no Mundo.
                                            cionalidades oferecidas aos utilizadores.  O Presidente da República não deixou tam-
                                              O actual estado de desenvolvimento do pro-  bém de classificar a LPM de “diploma funda-
                                            tótipo é compatível com a entrada em produção  mental para o país, que merece uma discussão
         humanos tendo em consideração, entre outros  de uma primeira versão do sistema, a qual tem  alargada” por parte do poder político.
         factores, qual é o cenário operacional em que  grande potencial de ser utilizada não só pela Ma-
         o navio opera, quais são as tarefas prioritárias e  rinha Portuguesa noutras classes de navios, como
         constitui uma plataforma comum para o proces-  por Marinhas estrangeiras que já manifestaram
         so de decisão e de comunicação entre todos os  o seu interesse por este projecto.
         decisores. Para que tal seja possível, recorre a   O Presidente da República, formulou então
         uma arquitectura distribuída, isto é, cada pon-  um conjunto de questões, indagando os apresen-
         to de acesso ao sistema encontra-se ligado por  tadores sobre a génese destes projectos, os me-
         uma rede de dados. Como a operacionalidade  canismos que a instituição possuía para manter,
         do sistema é um factor crítico, é requisito funda-  nos seus quadros, os oficiais neles envolvidos,
         mental assegurar uma robustez e uma capaci-  detentores de mestrados e doutoramentos face
         dade de regeneração no mais muito curto prazo  às comparativamente baixas remunerações au-
         de tempo, que não encontra paralelo na maior  feridas pelos militares e ainda, sobre as principais
         parte dos sistemas conhecidos.     fontes de financiamento associadas aos projectos
           O SINGRAR encontra-se numa fase de desen-  de I&D apresentados.
         volvimento que é compatível com a produção   Em resposta, foi afirmado que a I&D efec-
         de uma versão base, passível de ser utilizada,  tuada na Marinha beneficiava de uma vivência
         desde já, noutros tipos de navios, uma vez que  muito próxima da Comunidade que efectuava
         o programa tem características de configurabi-  aquelas actividades. Este aspecto, associado a
         lidade e de escalabilidade que permitem a sua  uma cultura comum simbiose de vários ideais
         adaptação a diferentes classes de navios com  também se traduzia na qualidade dos traba-
         níveis de complexidade diversos.   lhos apresentados.
           Um outro aspecto prende-se com as possibili-  A Jornada concluiu-se com a intervenção   A visita do Presidente da República concluiu-
         dades de aplicação do modelo SINGRAR. Ape-  do ALM CEMA, do Ministro de Estado e da  -se após a assinatura do Livro de Honra na Aca-
         sar do contexto de aplicação ter sido, até agora,  Defesa Nacional e por último do Presidente  demia de Marinha, a que se seguiu um almoço
         o ambiente naval, o modelo é generalizável a  da República.           oferecido pelo ALM CEMA.
         outros contextos, isto é, é de duplo uso, sendo   O Chefe do Estado-Maior da Armada, no               Z
         aplicável a outros tipos de problemas comple-  final da jornada, referiu que esperava ter de-  (Colaboração do EMA)
         xos em que a definição de prioridades de acção  monstrado que a Marinha também é um dos   Notas
         e a gestão de recursos limitados seja uma acti-  Centros Nacionais que contribui para o engran-  (1) DAGI – Direcção de Análise e Gestão de Informação.
                                                                                 (2) O Centro em apreço foi criado nos finais dos anos
         vidade crítica. Facilmente se encontram outros  decimento de Portugal. E referiu ainda o seguin-  60 e desactivado em 1985, salientam-se os projectos
         campos de aplicação, tanto a nível militar como  te: “Como Embaixada Permanente e Itineran-  I&D, de engenhos com propulsão por foguete para a
         civil. Em particular no domínio das aplicações  te que somos, esforçamo-nos neste e noutros   guerra do ultramar, de um sistema de libertação de las-
         da sociedade civil, refere-se o apoio à decisão a  domínios, contribuindo todos os dias, para um   tro dos torpedos de exercício, e de utilização da energia
                                                                               eólica na autonomização dos faróis marítimos;
         nível do Planeamento Civil de Emergência, da  Portugal mais rico, mais nobre, mais moderno   (3) Os elementos de informação histórica, referidos
         Protecção Civil. Prevê-se, aliás, que uma próxi-  e mais respeitado”.  neste âmbito constam do livro “A Marinha e a Investi-
         ma actividade da Equipa de Desenvolvimento   O Ministro de Estado e da Defesa Nacional,   gação do Mar. 1800-1999”, publicado pelo IH;
         seja a aplicação do modelo SINGRAR no apoio  usou depois da palavra para se congratular com   (4) SINGRAR é o acrónimo para Sistema Integrado
         à decisão em operações de assistência a popula-  a associação da Universidade e das Empresas   para a Gestão de Prioridades de Reparação e Afectação
                                                                               de Recursos;
                                            aos projectos apresentados e afirmou que o   (5) Processamento Digital de Sinal;
                                            Quadro Comunitário de Apoio para o período   (6) “Rapid Environmental Assessment”;
                                            2004/2006 vai contemplar pela primeira vez   (7) Zona Económica Exclusiva;
                                            uma “linha específica de financiamento”, rela-  (8) “Western European Armaments Group”;
                                                                                 (9) “Research Technology Organization”;
                                            tiva a “Segurança e Defesa”.         (10) “North Atlantic Treaty Organisation”;
                                              O Presidente da República, Dr. Jorge Sam-  (11) Este tema foi abordado na Revista da Armada
                                            paio, mostrou-se agradado com a evolução do   de Novembro de 2003, pelo que a leitura do artigo em
                                            conhecimento das Forças Armadas, elogiando a   apreço, dispensa mais desenvolvimentos;
                                                                                 (12) “Differential Global Positioning System”; este
                                            evolução qualitativa dos quadros militares, e de-  tema foi abordado na Revista da Armada de Março de
                                            fendeu o desenvolvimento de uma base científi-  2004, pelo que a leitura do artigo em apreço, dispensa
                                            ca nacional que contribua para a capacidade de   mais desenvolvimentos;
                                            autonomia estratégica e evite que Portugal perca   (13) Esta matéria foi abordada na Revista da Armada
                                            influência a nível internacional. Das suas pala-  de Setembro/Outubro de 2003;
                                                                                 (14) Este tema foi abordado na Revista da Armada
                                            vras, salientam-se as seguintes: “É necessário que   de Agosto de 2003, pelo que a leitura do artigo em
                                            Portugal conheça que nas suas Forças Armadas   apreço, dispensa mais desenvolvimentos;
                                                                                       REVISTA DA ARMADA U ABRIL 2004  21
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