Page 166 - Revista da Armada
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PORTUGAL VAI CONTINUAR A DISPOR
PORTUGAL VAI CONTINUAR A DISPOR
DE CAPACIDADE SUBMARINA
DE CAPACIDADE SUBMARINA
ela Resolução do Conselho de Ministros se. Efectivamente na “fuel cell”, o hidrogénio mas ainda assim com a necessidade de garantir
n.º 183/2003 de 6 de Novembro, foi ad- e o oxigénio reagem através de uma membra- a existência dos meios necessários ao exercício
Pjudicado ao GSC (German Submarine na, a uma temperatura baixa de cerca de 80º da vigilância, controlo e defesa, do seu vasto
Consortium) (1) a construção de dois subma- C, produzindo electricidade e água. espaço marítimo, a detenção da capacidade
rinos tipo 209PN, que formarão a 5ª Esqua- Existem actualmente vários tipos de “fuel submarina significa:
drilha da Marinha Portuguesa. Esta resolução cell”, tendo o adoptado para os submarinos a - determinação de defesa autónoma
constituiu um importante passo no Processo designação de PEM (Polymer Electrolyte Mem- - credibilidade da imagem de empenho
de Aquisição iniciado em 1995, permitindo brane ). A sua escolha foi consequência das efectivo para assumir as responsabilidades
iniciar a fase de negociações pré-contratuais vantagens que tornam este tipo especialmente militares no âmbito das alianças em que
que culminou com a assinatura do contrato indicado para aplicação em submarinos, no- se insere.
em 21 de Abril. A percepção des-
Deste modo, Por- te significado esteve
tugal vê assegurada a patente ao longo dos
continuidade da sua últimos 90 anos da
capacidade submari- nossa história tradu-
na, que detém desde zindo-se na manuten-
1913, ano em que foi ção dessa importan-
entregue o “Espadarte”, te capacidade que as
o primeiro submersível várias esquadrilhas de
português. submarinos têm vin-
Ao longo dos noven- do ininterruptamente
ta anos decorridos des- a assegurar ao nos-
de então, formaram-se so país.
quatro esquadrilhas, Satisfazendo os re-
tendo sido marcante a quisitos da Marinha
evolução ocorrida na Portuguesa face aos
passagem da terceira novos cenários rela-
para a quarta e actu- tivos ao período pós
al esquadrilha, com o Guerra Fria, os sub-
despontar do subma- marinos da 5ª Esqua-
rino em vez do sub- drilha (equipados com
mersível. AIP) estão projectados
Com efeito, a evolu- para ser empregues,
ção tecnológica permitiu o desenvolvimento meadamente: baixa temperatura (baixa assina- nomeadamente, nas seguintes missões:
de operações em que os submarinos podiam tura térmica), bom rendimento na conversão s Protecção avançada à força naval portu-
permanecer em imersão profunda durante três de energia, facilidade de iniciar e interromper guesa ou aliada, nomeadamente em futuras
ou quatro dias, o que era impensável na época o funcionamento, não existência de produtos operações que impliquem a utilização do na-
dos submersíveis. de evacuação e funcionamento independente vio polivalente logístico (LPD);
Recorda-se este grande salto tecnológico da profundidade de imersão. s Vigilância e recolha de informações dis-
pelas consequências operacionais que acar- Para além dos vários módulos que associa- cretas, junto à costa de um opositor, ou em
retou e porque, com a 5ª Esquadrilha, se irá dos dão à “fuel cell” a potência necessária, o zonas sob o seu controlo;
verificar um novo passo em frente de seme- sistema consiste ainda de vários equipamentos s Ataques selectivos a interesses de alto valor
lhante importância. Isto porque, para além de auxiliares, do interface com o sistema de con- estratégico na zona litoral de um opositor;
os novos submarinos serem naturalmente mais trolo da plataforma, do tanque para armazena- s Interdição de áreas focais junto a portos,
modernos em todas as áreas, virão dotados de mento da água proveniente da reacção quími- costa ou zonas de navegação de elevado inte-
um sistema AIP (Air Independent Propulsion) ca e dos reservatórios para o armazenamento resse para o opositor (operações de minagem
que lhes permitirá desenvolver operações em do oxigénio (no estado líquido no interior do e de luta anti-superfície).
imersão profunda durante semanas. Neste pe- submarino) e do hidrogénio (no estado gasoso s Integração em forças combinadas e/ou
ríodo, o submarino não necessita de vir à cota em reservatórios especiais localizados no exte- conjuntas em acções de apoio avançado.
periscópica para carregar as baterias de pro- rior do submarino, em que o “metal hydride” s Acções de negação do uso do mar (sea
pulsão, não se expondo assim a uma possível que os preenche, absorve o hidrogénio como denial) em áreas oceânicas.
detecção pelos seus antagonistas, o que per- se de uma esponja se tratasse). s Patrulha de área oceânica, anti-submarina
mite aumentar não só a incerteza sobre a sua Esta importante capacidade, associada a e/ou anti-superfície
área de operação, mas também o seu poder uma plataforma extremamente silenciosa e a s Vigilância da ZEE no quadro de uma po-
de dissuasão. um sistema de combate – comando e controlo, lítica de dissuasão a infracções ambientais e
O sistema AIP dos novos submarinos têm sensores e armas – de última geração, tornam de segurança.
como fonte de energia a “fuel cell”, equipa- os novos submarinos um meio naval extrema- s Vigilância discreta, nas áreas costeiras, de
mento que permite a produção de energia mente eficaz. actividades ilícitas como o narcotráfico, o trá-
de forma silenciosa, sem combustão, através Num país com limitações na edificação do fico de pessoas ou outras actividades associa-
de uma conversão electroquímica que não é seu sistema de forças, decorrentes da sua di- das ao crime organizado.
mais do que o fenómeno inverso da electróli- mensão e potencial económico e financeiro, s Vigilância da infiltração, a partir do mar,
20 MAIO 2004 U REVISTA DA ARMADA