Page 205 - Revista da Armada
P. 205
A “Sagres” e os seus Irmãos
A “Sagres” e os seus Irmãos
5. Gorch Fock II
os veleiros da classe Gorch
Fock, para a Kriegsmarine. E Ficha do Gorch Fock II
como argumento de capital Assentamento da quilha 6/3/58
importância ganhou peso o Lançamento à água 23/8/58
facto de todos eles ainda se Comprimento fora a fora 89,30 m
encontrarem a navegar, em Comprimento do casco 81,26 m
boas condições, mas em Boca 12,00 m
mãos estrangeiras (Tovarich, Calado 5,00 m
7,30 m
Pontal
Eagle e Guanabara). Deslocamento máximo 1870 tons
No final de 1957 o novo Motor Deutz MWM
navio foi encomendado à Potência 1600 hp
Blöhm & Voss. No dia 6 de Guarnição 80
Março de 1958 foi iniciada Cadetes 160
a sua construção, de acor- País Alemanha
do com os planos dos na-
vios anteriores, e a cerimó- sendo instalados a bordo novos equipamentos
nia de lançamento à água e efectuadas as necessárias modernizações. Em
teve lugar no dia 23 de 1985 foi instalado um gerador de água doce.
Agosto, tendo sido bapti- Em 1999, depois de um longo período de
zado com o nome do navio fabricos, o navio foi pintado com novas cores
construído em 1933: Gorch (amarelo e azul) em fundo branco, o que ge-
Fock. A madrinha de bap- rou enorme polémica entre todos aqueles que
tismo do novo navio-escola defendiam a pintura com as cores tradicionais
foi Ulli Kinau, filha de Ru- (verde e castanho).
dolf Kinau. Este era irmão
do falecido Gorch Fock,
um dos pseudónimos de
Johann Kinau (Revista da
Armada – FEV04).
Parte do aparelho utiliza-
O Gorch Fock II a navegar à vela.
do na sua construção desti-
uando terminou a guerra a Marinha nava-se inicialmente, como vimos, ao navio
Alemã – Kriegsmarine viu-se privada inacabado, Herbert Norkus. Depois de termi-
Qde todos os seus navios-escola. Após nada a sua construção o navio efectuou as suas
a sua reorganização, em 1957, passou a de- provas de mar e, no dia 17 de Dezembro de
signar-se Bundesmarine. 1958, foi aumentado ao efectivo dos navios da
Até 1957 a marinha mercante alemã utili- Marinha Federal Alemã (Bundesmarine).
zou a barca Pamir, de quatro mastros, para dar No dia 3 de Agosto de 1959, depois de algu-
treino de mar aos seus cadetes. Mas nesse ano mas pequenas viagens no mar Báltico, teve iní-
um grave acidente, provocado por um ciclone, cio a primeira grande viagem de instrução que
levou à perda do navio durante uma viagem de incluiu a visita a um porto estrangeiro: Santa
instrução, 600 milhas a sudoeste dos Açores. Cruz de Tenerife, nas ilhas Canárias.
De uma tripulação de 86 homens apenas 6 se Em Agosto de 1960, por ocasião das Come-
salvaram (4 marinheiros e 2 cadetes). Todos se morações Henriquinas, o Gorch Fock visitou pela
recordaram então da tragédia do Niobe, ocor- primeira vez o porto de Lisboa onde, depois dis-
rida em 1932, e que levou à construção do pri- so, tem regularmente feito escala. Nesse mesmo
meiro Gorch Fock. ano conheceu ainda a sua primeira participação
O Pamir havia sido também construído nos nos eventos da Sail Training Association. Desde
estaleiros da Blöhm & Voss, em 1905. Até à então venceu várias regatas internacionais. O Gorch Fock II visto do tombadilho da Sagres.
Primeira Guerra praticou a rota dos nitratos, A sua primeira travessia do Atântico Norte
fazendo a ligação entre a Alemanha e o Chile. ocorreu em 1962, tendo na altura atracado No ano de 2001 o navio sofreu a sua mais
Em 1949 tornou-se o último veleiro de carga a em Nova Iorque. importante modernização. Foram substituídas
rondar o Cabo Horn, tendo em 1951 sido ins- Em 1987 iniciou a sua primeira volta ao várias chapas do costado – utilizando cabeças
talados motores de propulsão, a bordo. mundo e participou nas comemorações do de rebite soldadas para manter o aspecto do
Aquando da reorganização da Marinha Ale- bicentenário da Austrália, em Sidney, no ano costado original – e foi instalado um propulsor
mã todos estavam convictos de que, para obter seguinte. de proa, extremamente útil nas manobras de
uma boa formação, seria necessário que os ca- O Gorch Fock embarca normalmente os ca- atracar e largar.
detes embarcassem num veleiro. Por isso, e não detes em instrução da Bundesmarine. Estes alo- Z
esquecendo o naufrágio do Pamir, foi decidido jam em cobertas e dormem em macas. António Manuel Gonçalves
encomendar um novo navio-escola ao estalei- O navio é regularmente sujeito a uma cui- CTEN
ro que cerca de 20 anos antes havia construído dada manutenção. Ao longo dos anos foram Foto: António Manuel Gonçalves
REVISTA DA ARMADA U JUNHO 2004 23