Page 153 - Revista da Armada
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O NRP “Vasco da Gama”
O NRP “Vasco da Gama”
na “Força de Reacção Rápida” da NATO
na “Força de Reacção Rápida” da NATO
epois de cumpridas as formalidades do programa seriado, obrigando ao resguardo Unidos da América invocaram pela primeira vez
de integração do navio na Standing no interior dos fiordes noruegueses onde se o artigo 5º do Tratado da Aliança Atlântica. Da
DNato Maritime Group One (SNMG1), desenrolaram a maioria das acções de treino. aplicação do artigo 5º do referido tratado resul-
conforme descrito na edição de Março 2006 Com o agravamento das condições atmosféri- tou a implementação de algumas medidas que
da Revista da Armada e uma vez concretiza- cas e do estado do mar, os dois últimos dias incluem o empenhamento de unidades navais
da a transferência de comando desta força do exercício vieram mesmo a ser cancelados NATO de forma a demonstrar a sua presença na
Nato para um oficial canadiano, a força lar- e a força entrou no porto de Bergen para re- região e a sua determinação no cumprimento
gou do porto alemão de Kiel para o exercício abastecimento. Considerando a necessidade destas medidas.
SQUADEX 06. urgente de embarcar dois mísseis telemétricos A operação “ACTIVE ENDEAVOUR” teve
Este exercício, integrado no programa de “NATO SEASPARROW”, a “Vasco da Gama”, início formal em 26 de Outubro de 2001,
treino das Forças Armadas Dina- contudo o início das patrulhas
marquesas, teve como cenário o no Mediterrâneo Oriental co-
Mar Báltico e desenvolveu-se ao meçaram 20 dias antes, quando
longo de uma semana durante a a “Standing Naval Force Mediter-
qual foram treinadas todas as dis- ranean” foi destacada em apoio à
ciplinas da guerra no mar. campanha internacional contra o
Constituindo a primeira opor- terrorismo internacional.
tunidade de treino integrado das Presentemente a missão da
unidades que actualmente for- “ACTIVE ENDEAVOUR” inclui
mam a SNMG1, o exercício fi- acções com o objectivo de preve-
cou marcado pela perda de um nir e combater o terrorismo pra-
helicóptero CH 124A Sea King ticado e/ou relacionado com o
canadiano, ocorrida no dia 02 mar, nomeadamente o tráfico de
de Fevereiro a cerca de 50 milhas pessoas, armas, matérias e subs-
a NE do porto de Aarhus, quan- tâncias radioactivas.
do a aeronave efectuava uma Para efeito de permanência no
aproximação final ao navio mãe Mediterrâneo seria necessário
(HMCS Athabaskan). A rapidez assegurar o reabastecimento da
com que os cinco elementos da força, para o que estava planea-
tripulação foram salvos, contrariou dois facto- ainda com combustível suficiente para efec- da uma visita ao porto de La Valleta em Mal-
res desfavoráveis, designadamente o facto de tuar o trânsito até Lisboa, destacou tempora- ta. Foi assim com este objectivo que a SNMG1
ser de noite e a água do mar se encontrar a riamente da força, muito embora debaixo de entrou naquele porto em 19 de Fevereiro, de-
uma temperatura de 2º C, aspecto este muito condições particularmente adversas de estado parando-se com um cenário cultural muito
limitativo em termos de tempo de sobrevivên- do mar. Contudo e porque o mar se apresen- diversificado, como resultado das influências
cia. A aeronave viria a perder flutuabilidade tava dos sectores de alheta, o trânsito foi pos- geográficas e históricas que caracterizam aque-
cerca de uma hora após o acidente, tendo-se sível em condições de segurança. Assim, no le pequeno país mediterrânico, sendo visíveis
afundado num local onde a profundidade era dia 12 de Fevereiro o navio atracou na Base os traços ingleses, devidos a mais recente das
de 16 metros, aspecto este determinante em Naval de Lisboa tendo como objectivo o em- ex-colónias britânicas e árabes e italianos por
termos de facilidade futura no respectivo pro- barque dos mísseis telemétricos, execução de razões de proximidade geográfica.
cesso de recuperação. pequenas reparações e reabastecimento de À visita do porto de La Valleta seguia-se a
Após a operação de salvamento, a força combustível, e tendo-se aproveitado para re- participação da Força na operação “ACTIVE
prosseguiu com a execução do programa seria- ver as nossas famílias. ENDEAVOUR” tendo os navios transitado
do, tendo o navio canadiano permanecido no Enquanto a “Vasco da Gama” efectuava as para o Mediterrâneo Oriental, onde permane-
local do acidente para recolha de provas e su- suas manutenções, já os navios da SNMG1 ceram mais de uma semana exercendo o con-
porte às operações de recuperação da aerona- passavam ao largo da costa portuguesa em trolo da navegação no âmbito dos obje ctivos
ve, que decorreram nos dias seguintes, com o direcção ao Mediterrâneo. Assim, imediata- determinados.
apoio de um navio grua dinamarquês especial- mente após o embarque dos mísseis, o navio Com uma duração de aproximadamente
mente preparado para este tipo de resgate. largou para se juntar de novo à SNMG1 o que quinze dias, a participação da SNMG1 nesta
No dia seguinte a força iniciou uma visita ao aconteceu perto da passagem da Força pelo vertente do combate ao terrorismo terminou
porto dinamarquês de Aarhus. A visita a este estreito de Gibraltar. com a visita ao porto de Málaga onde a força
porto, decorreu com normalidade continuan- A entrada no Mediterrâneo da SNMG1 in- viria a atracar no dia 8 de Março. Contudo, e
do-se contudo a registar temperaturas negati- sere-se no contributo desta força NATO para a para chegar àquele destino, os navios tiveram
vas até aos -10º C, proporcionando imagens execução da operação “ACTIVE ENDEAVOUR” necessidade de reabastecer no mar, após o
da cidade para nós invulgares. cuja finalidade consiste no combate ao terroris- que cruzaram o estreito de Messina (estreito
Após uma estadia de 4 dias, a força largou mo internacional para o que se torna necessário entre a ilha da Sicília e Regio Calabria) para
em direcção a águas norueguesas para a par- controlar e deter o tráfico de armas, droga, subs- depois serem fustigados por um temporal de
ticipação no exercício “NOTG WEEK 06-07”, tâncias e/ou componentes de armas de destrui- dimensões muito incaracterísticas para o Mar
planeado pela Marinha daquele país, e que en- ção maciça e indivíduos referenciados a orga- Mediterrâneo, conforme fotografia inserida
volveu um elevado número de meios aéreos e nizações terroristas. Esta operação, de carácter nesta edição da Revista da Armada, e do qual
navais. As condições atmosféricas, determina- estritamente militar, decorre de um conjunto de resultaram danos materiais em alguns navios
das por uma depressão cavada a norte, impe- medidas adoptadas na sequência dos aconteci- da Força, designadamente no navio chefe o
diram a realização de uma significativa parte mentos de 11 de Setembro em que os Estados HMCS Athabaskan.
REVISTA DA ARMADA U MAIO 2006 7