Page 61 - Revista da Armada
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POLÍCIA MARÍTIMA



       Estas são funções que diariamente implicam riscos, carga horária elevada, trabalho por
      turnos e exigem muita dedicação, mas são funções que as mulheres com quem falámos
      encaram como um desafio. “ (…) sempre me atraiu a carreira militar e a de agente da
      polícia. Cativa-me o que posso aprender, a disciplina e a possibilidade de contrariar a co-
      notação masculina dada a este tipo de profissões.”
       “No início, quando entrava a bordo de uma embarcação para fiscalizar, os pescadores
      paravam o que estavam a fazer e ficavam a olhar para mim porque não estavam habitua-
      dos a ver mulheres na PM. Actualmente já estão acostumados e, como sempre até hoje,
      têm muito respeito e acatam as minhas indicações prontamente.(…)” – Helena Figueira,
      Agente 2CL, Capitania do Porto de Sines.
       Passado o período inicial de adaptação, no qual foi especialmente importante o apoio
      dos camaradas com os quais dizem ter aprendido bastante, elas orgulham-se do trabalho
      que desenvolvem. “Uma das mais valias desta profissão é que todos os dias são diferen-
      tes e todos os dias aprendemos coisas novas, lidamos com diferentes tipos de pessoas,
      situações e contextos. É uma profissão dinâmica, acima de tudo, onde a constante actua-
      lização e formação são fundamentais.(…)” – Susana Gomes, Agente 2CL, Capitania do
      Porto de Setúbal.
       Observar estas agentes da Polícia Marítima no seu dia a dia, no desempenho das suas
      funções, permitiu-nos confirmar que elas constituem uma mais valia para a força. No en-
      tanto, a escolha deste tipo de profissão vem acrescida, naturalmente, de exigências de
      conciliação profissional e familiar, quer para a instituição, quer para as agentes, especial-
      mente quando existem filhos.
       Assim, embora durante o período de gravidez as agentes fiquem limitadas a certo tipo
      de serviços, quando deixam de estar abrangidas pela legislação de protecção à materni-
      dade, é preciso regressar ao dia a dia normal de polícia e de mãe.
       “ (…) Mesmo não tendo filhos, não é fácil conciliar os riscos, o trabalho por turnos e
      a carga horária que esta profissão exige com a disponibilidade para a vida familiar. (…)”
      – Sandra Silva, Agente 2CL, Capitania do Porto de Lisboa.
       “ (…). Não é fácil, principalmente para quem é casada e tem filhos, que é o meu caso.
      No entanto com muita compreensão, inter-ajuda e uma boa gestão do tempo, vai-se con-
      seguindo conciliar a vida familiar com a vida profissional.”.
       “ (…) Durante a minha gravidez tive serviços resguardados e no período da amamentação
      não me foi levantado qualquer problema quanto aos horários de serviço. Claro que existe
      sempre quem critique e se ache prejudicado, mas quanto a isso dou de barato porque na
      força fazemos os mesmos serviços que os nossos camaradas e ainda temos em casa todo o
      trabalho que decorre da maternidade. (…)” – Cristina Fontan, Agente 2CL, RGPPM.
       Decidir ser agente da Polícia Marítima, é uma aposta elevada, para homens e mulheres,
      mas que acaba naturalmente por se tornar um modo de vida. A exigência das funções, a
      capacidade e prontidão físicas necessárias e a convivência diária com situações de risco
      obrigam a uma dedicação que mereceu a nossa admiração.
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                          2TEN TSN Cidália Anjos / Agente 2ª Classe Cristina Fontan
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