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O Almirante CEMA condecora a “Sagres”
O Almirante CEMA condecora a “Sagres”
Foto 1SAR FZ Onofre
O navio-escola “Sagres” foi construído em 1937 e adquirido à Mari- Ao longo dos quarenta e cinco anos de distintos serviços, o
nha do Brasil, em 1961, para substituir o navio com o mesmo nome que N.R.P. Sagres realizou duas viagens de circum-navegação e efec-
chegara ao fim da sua vida útil. Por portaria de 30 de Janeiro de 1962, tuou várias viagens de longa duração, de onde se destacam, pelo
o N.R.P. Sagres foi formalmente aumentado ao efectivo dos navios da seu significado, a participação nas comemorações dos 450 anos
Marinha Portuguesa, tendo largado do Rio de Janeiro em 25 de Abril do da chegada dos Portugueses ao Japão em 1993 e dos 500 anos da
mesmo ano para a sua primeira viagem com bandeira portuguesa. descoberta do Brasil em 2000.
Desde então, a “Sagres” tem cumprido com particular brilho cente- Esta intensa actividade já levou a “Sagres” a cruzar o Equador por 25
nas de missões ao serviço da Marinha e do País . vezes e a navegar em zonas do imaginário marinheiro, como sejam o
Com efeito, vem realizando anualmente viagens de instrução com ca- Cabo da Boa Esperança, os canais do Panamá, do Suez, de Corinto e
detes da Escola Naval que, por serem realizadas num grande veleiro, ultra- de Kiel, os estreitos de Gibraltar e de Malaca, o Golfo Pérsico, os ma-
passam em muito os objectivos da formação marinheira, constituindo-se res Mediterrâneo, Báltico, Vermelho, do Japão e da Prata, e o Rio São
em catalisador do despertar de vocações e de estímulos ao apelo do mar Lourenço, tendo visitado 147 portos em 51 países de 4 continentes.
e ao desafio da aventura, e permitindo conjugar com rara oportunidade o Nestas viagens esteve cerca de 15 anos fora de Lisboa, 9 dos quais
legado dos nossos navegadores, o pulsar da alma lusitana e os valores da passados a navegar, ostentando garbosamente nas velas enfunadas a
condição militar que forjaram tantos e tão insignes marinheiros. Cruz da Ordem de Cristo, que a distingue e caracteriza, e que constitui
Se muito devemos à “Sagres” no campo da formação, de outro tanto um preito à gesta marinheira iniciada pelos membros daquela Ordem,
ela é credora pelo seu relevantíssimo papel em missões de representa- capitaneados pelo seu Mestre, o Infante D. Henrique.
ção da Marinha e do País, designadamente nas de natureza diplomática A Medalha Naval de Vasco da Gama, destinada essencialmente a
e de apoio à política externa do Estado. Nestas missões, especialmente galardoar aqueles que se têm distinguido quer pelos seus actos quer
nos países lusófonos e junto das comunidades portuguesas espalhadas pelos serviços prestados no mar ou em actividades com ele relaciona-
pelas sete partidas do Mundo, a “Sagres” tem sido um instrumento ím- das, é um merecido galardão a ser atribuído a um navio onde tantos
par de agregação e fervor pátrio, estimulados não só pela visão do pa- e tão ilustres têm as suas raízes marinheiras.
vilhão nacional drapejando ao sabor do vento, mas também pelo calor Assim, porque considero ser da mais elementar justiça reconhe-
humano que as suas guarnições têm sempre sabido irradiar. O prestí- cer publicamente os relevantíssimos serviços prestados no mar pelo
gio internacional que grangeou tem feito de si um palco privilegiado navio-escola “Sagres” e o seu significativo contributo para o prestí-
na afirmação da diplomacia portuguesa, não surpreendendo pois, o gio e lustre da Marinha e do País, concedo-lhe, nos termos do dis-
elevadíssimo número de honrosos convites à sua presença, provindos posto no artigo 3º do Decreto nº 49052 de 11 de Junho de 1969, a
de todo o mundo, nem as muitas centenas de milhar de visitantes das Medalha Naval de Vasco da Gama.
mais diversas nacionalidades que já recebeu a bordo.
Lisboa, 17 de Outubro de 2007
O Chefe do Estado-Maior da Armada,
Fernando José Ribeiro de Melo Gomes
Almirante
4 DEZEMBRO 2007 U REVISTA DA ARMADA