Page 371 - Revista da Armada
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O Presidente da República visita
O Presidente da República visita
navios hidrográficos
navios hidrográficos
o passado dia 8 de Outubro, o Presidente da Republica, Professor Aní-
bal Cavaco Silva visitou os navios hidrográficos NRP “D. Carlos I” e
NNRP “Alm Gago Coutinho”. Esta visita integrou-se no âmbito das jor-
nadas dedicadas às ciências e tecnologias do mar, com os navios atracados na
Horta, Ilha do Faial, Arquipélago dos Açores.
O Prof. Cavaco Silva começou por embarcar no NRP “Alm Gago Coutinho”,
tendo sido recebido pelo Secretário do Estado da Defesa Nacional e dos Assuntos
do Mar e pelo CEMA, ALM Melo Gomes. Da comitiva acompanhante e convidada
para o evento incluíram-se diversas entidades do governo central e do governo
regional. Após o embarque o navio largou, tendo navegado durante pouco mais
de uma hora. Este período de navegação permitiu apresentar as capacidades do
navio recentemente instaladas e que o colocam ao nível dos modernos navios de
investiga ção do mar. No Centro de aquisição de dados foi realizada uma apre-
sentação sobre o Instituto Hidrográfico pelo Director Geral, VALM Augusto de
Brito, e outra sobre o Projecto de Extensão da Plataforma Continental, pelo Coman-
dante Pinto de Abreu. Após a navegação o NRP “Alm Gago Coutinho” atracou ao
NRP “D. Carlos I”, onde foi servido um almoço volante a toda a comitiva.
De salientar que os navios se encontram em missão, a realizar os levantamen-
tos hidrográficos para o Projecto de Extensão da Plataforma Continental, na Zona
Marítima dos Açores. A visita do Prof. Cavaco Silva constituiu uma oportunidade
para divulgar as capacidades da Marinha no domínio das ciências do mar, apre-
sentar os navios às entidades locais e contactar directamente com a comunidade
científica, designadamente com a Universidade dos Açores.
Z
(Colaboração do Comando do Agrupamento de Navios Hidrográficos)
RECORDANDO 1
A CONVENÇÃO DE GENEBRA NA GUINÉ
A CONVENÇÃO DE GENEBRA NA GUINÉ
navio tinha feito, uma vez mais, o cialmente quando, como era o caso, os nos- ar uma escolta de 3 praças que passaria a
percurso até Bombadinca, a fim de sos soldados haviam passado por situa- guardá-los à vista, no local escolhido para
O reabastecer as unidades do Exér- ções difíceis. Desde que não houvesse uma os recolher. Este era isolado, protegido do
cito estacionadas no leste da Guiné. Eram vigilância apertada, facilmente aconteciam sol e da chuva por um toldo que se man-
viagens espectaculares mas exigentes, pois violências sobre os prisioneiros. dou montar expressamente e os prisionei-
o Rio Geba estreitava-se consideravelmen- A certa altura, o mais velho desses pri- ros passariam a receber água e alimentação
te a partir da Ponta do Inglês, depois de- sioneiros pediu para ser recebido pelo co- fornecidas pelo navio.
senvolvia-se para montante em meandros mandante do navio. Vindo à presença des- Nada mais ocorreu até ao desembarque
cada vez mais apertados, até que à chega- te, o “guerrilheiro”, pois disso se tratava, da força em Bissau e tudo teria sido esque-
da a Bombadinca, a sua largura excedia de homem de ar digno, cabelo grisalho e mo- cido, como mais um episódio a juntar a
apenas alguns metros o comprimento do dos urbanos, disse em bom português que tantos outros, não fora o caso de o coman-
navio, o que tornava as inversões, de rumo exigia para os seus homens o tratamento dante ter recebido, semanas depois, uma
verdadeiramente problemáticas. previsto na Convenção de Genebra para carta anónima, sem remetente, cujo curto
O percurso de ida decorreu normal- os prisioneiros de guerra. O Comandan- texto dizia, mais ou menos, isto: “É bom
mente e, como sucedera noutras ocasiões, te, que teve de se conter para não revelar o verificar que, mesmo nas forças colonia-
aproveitou-se a viagem de regresso para seu espanto, explicou-lhe que aquela Con- listas, ainda há quem respeite a vida e a
transportar para Bissau uma companhia venção não era aplicável, na circunstância, dignidade dos guerrilheiros”.
de infantaria que participara em operações pois teria de existir um estado declarado O comandante tinha consciência de
na difícil zona de Madina do Boé. Pelo as- de guerra entre nações soberanas, o que que nada havia feito que ultrapassasse a
pecto daqueles homens, exaustos e em de- não era o caso. No entanto, seriam toma- sua obrigação mas, nos anos 60 e em ple-
salinho e por uma ou outra conversa ouvi- das as medidas necessárias para garantir na guerra na Guiné, aquela pequena carta
da a bordo, percebeu-se que eles vinham a segurança dos prisioneiros. poderia trazer dissabores.
com fraco moral, agravado pelo facto de O homem retirou-se, o comandante pe- Por isso, discretamente, a “mensagem”
terem sofrido algumas baixas, entretanto diu a comparência do capitão responsável que o PAIGC quis transmitir foi reduzida
evacuadas de helicóptero. pela companhia e após explicar o sucedi- a pequenos pedaços que logo vogaram no
A companhia trazia 3 prisioneiros o que, do, disse-lhe que, enquanto estivessem a Rio Geba, ao sabor da corrente.
não sendo novidade, era sempre motivo de bordo, os prisioneiros ficariam sob sua res- Z
alguma preocupação e de cuidados, espe- ponsabilidade, devendo no entanto nome- UM MARINHEIRO JÁ ANTIGO.
REVISTA DA ARMADA U DEZEMBRO 2007 9