Page 370 - Revista da Armada
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Estado no mar. Isso não significa que concorde com derivas inte- - no desenvolvimento de uma atitude e de uma mentalidade
gracionistas, redutoras da diversidade. Entendo o “conjunto” como operacional direccionada para uma lógica baseada nos efeitos,
potenciador do desempenho e a “integração” como veículo de di- em oposição à lógica dos dispositivos;
minuição de custos. Um e outra têm o seu lugar mas não podem - numa aposta contínua na formação e treino;
nem devem ser confundidos. - no aproveitamento rigoroso das oportunidades de empenha-
Quanto ao Arsenal, os nossos principais objectivos são simples: mento operacional;
que sirva prioritariamente a Marinha e que continue onde está. - na maximização das facilidades de simulação e treino;
No que respeita à revisão dos vínculos e carreiras da função - na flexibilização de emprego da espinha dorsal da Esquadra,
pública e da sua aplicabilidade às Forças Armadas, a nossa con- os seus meios oceânicos, promovendo a diversificação das suas
dição militar não nos per- missões, designadamente,
mite ímpetos públicos, mas no quadro da segurança e
não nos impede de, na sede Foto Júlio Tito do exercício da autoridade
própria, indicarmos os nos- do Estado no mar.
sos pontos de vista, certos Só assim poderemos con-
que estamos da sua valida- cretizar, na presente con-
de e relevância. Tudo farei juntura, dois objectivos de
para que a especificidade acrescida importância:
da condição militar seja - a preparação para a re-
consagrada na revisão le- cepção dos novos meios: as
gislativa em curso, não só Fragatas da classe “M”, os
porque isso é fundamental Submarinos da classe “Tri-
para os militares como tal dente”; o Navio Polivalente
e como cidadãos, a título Logístico; os Navios Patru-
individual, mas, principal- lha Oceânicos e de Comba-
mente, porque é essencial te à Poluição e as Lanchas
para as Forças Armadas e de Fiscalização Costeira, e,
para o País. o aprontamento dos meios
Como Comandante, oceânicos que se constitui-
compete-me criar as con- rão como navios-chefe do
dições que fomentem a Foto 2MAR FZ RC Espregueira STANDING NATO MARI-
motivação e correspondam TIME GROUP 1, cujo co-
aos justificados anseios mando será assumido por
das pessoas, tendo sempre Portugal em 2009.
presente que os interesses
da Marinha e a especifici- Ilustres e distintos con-
dade da condição militar vidados,
são a primeira das priori- Militares, militarizados e
dades. Este conjunto de civis da Marinha
valores tem que ser assu- Tracei-vos uma breve
mido. Assumido por todos avaliação do desempenho
no seu nível de actuação operacional de que me or-
próprio, desde o político gulho, como Comandante
ao militar. É que a discipli- da Marinha!
na depende também desta Os resultados alcança-
compreensão. Foto Júlio Tito dos só foram possíveis gra-
Como tenho repetida- ças à qualidade e dedica-
mente afirmado, não há ção daqueles que vivem a
Forças Armadas sem dis- Marinha de forma intensa e
ciplina. Por isso, cumpro abnegada, cuja postura de
convictamente os meus serviço a Portugal e aos Por-
compromissos e exijo que tugueses é incontestável.
os meus subordinados os Estou certo que conse-
cumpram da mesma for- guiremos vencer o exigen-
ma. A base de tudo está te mas estimulante desafio
no dever de honestidade e que se nos depara, con-
de serviço a que nos obri- substanciado na integração
gamos. São atitudes que de novos meios, na renova-
exigem muito de quem as ção da Esquadra, no apro-
pratica, mas que são funda- fundamento da cooperação
mentais para a coesão, o espírito de corpo e o espírito de missão interdepartamental, na reorganização que teremos que efectuar
que são apanágio dos marinheiros. para acomodar a previsível alteração de estatuto do Arsenal do
Incumbe-nos levar esta grande nau a bom porto, como o fize- Alfeite, e nas implicações das alterações legislativas actualmen-
ram os nossos antepassados. Contra ventos e marés, se necessário te em estudo.
for! Não vos conduzirei pelos caminhos fáceis, mas antes darei o O País pode contar com a nossa vontade e com o nosso empe-
meu contributo para que saibamos sempre para onde queremos nho. A Marinha estará, como sempre, pronta, porque o vento so-
e devemos ir. pra demasiado forte para podermos descansar!
Nesta conjuntura, dirijo-me agora à Esquadra, identificando Z
como esforço principal da actividade operacional a manutenção Fernando de Melo Gomes
de exigentes padrões, assente: Almirante
8 DEZEMBRO 2007 U REVISTA DA ARMADA