Page 206 - Revista da Armada
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The major deterrent [to war] is in a man’s ricano identificou explicitamente dois estados contra as suas forças no exterior ou contra os
mind. The major deterrent in the future is que representam uma ameaça para os EUA: O países amigos e aliados (dissuasão pela retalia-
going to be, not only what we have, but what Irão e a Coreia do Norte. A preocupação resi- ção), por outro lado, a componente defensiva
we do, what we are willing to do, what they de no facto destes Estados estarem empenha- tentará evitar os efeitos desse ataque (dissua-
think we will do. Stamina, guts, standing up for dos no desenvolvimento de armas nucleares. são pela negação).
the things we say - those are deterrents. A actual doutrina estratégica norte-americana
baseia-se numa lógica de dissuasão pela reta- É CREDÍVEL A JUSTIFICAÇÃO
Almirante Arleigh Burke, 3 de Outubro de 1960 liação ou pela negação. As modalidades de NORTE-AMERICANA DE QUE SE
acção desta doutrina podem aplicar-se con- TRATA DE UM SISTEMA DE DEFESA
esde há um ano que assistimos a uma tra os Estados, que têm existência geográfica,
dialética entre os EUA e a Federação mas dificilmente se aplicam contra terroristas. CONTRA MÍSSEIS IRANIANOS?
DRussa (FR) a propósito da intenção O pensamento norte-americano baseia as mo- O Irão acredita que uma bomba nuclear al-
norte-americana de instalar na Europa um dalidades de acção na ameaça que represen- tera a balança de poder no Médio Oriente. Is-
“escudo antimíssil”. Será que estamos à beira ta um míssil balístico. Desta forma, a trajectó- rael deixará de ser o único Estado da região a
de uma crise internacional como a que ocor- ria do míssil intercontinental ICBM é a chave possuir a arma dissuasora por excelência. Os
reu em 1963, com a tentiva russa de instalar para compreensão da lógica de Washington. estrategistas iranianos esperam usar a ameaça
mísseis balísticos em Cuba? Que mudanças Qualquer míssil lançado por parte do Irão da bomba para o Irão aumentar a sua influên-
estratégicas estão em cia na região e reforçar
curso? o seu patrocínio à fren-
te anti-israelita e an-
O QUE É ti-ocidental nos Estados
PRETENDIDO do Golfo Pérsico.
COM O SISTE- A actual capacida-
MA DE DEFESA de iraniana, em termos
ANTIMÍSSIL NA de alcance máximo de
vectores de lançamen-
EUROPA? to, situa-se na ordem
O sistema previsto dos 2.000 Km com os
para a Europa consis- mísseis Ashoura e os
te na instalação, em Shahab-3.
2011, de um pode- O Irão ainda não tem
roso radar da banda a arma nuclear, mas
X na República Che- está a desenvolver vá-
ca e, na Polónia, em rias iniciativas para a
2011-2013, uma base desenvolver e para a
de intercepção com poder projectar a gran-
mísseis Patriot PAC-3 de distância.
(Patriot Advanced Ca- Com 2.000 Km de
pability), especialmen- Ilustração do funcionamento do sistema de defesa antimíssil que os EUA pretendem instalar na Europa. alcance pode-se atingir
Imagem elaborada com base em: http://www.mda.mil/mdalink/pdf/euroassets.pdf.
te desenhados para in- alvos em Israel, meios
terceptar mísseis balísticos e as suas ogivas. com destino ao continente norte-americano americanos no Golfo Pérsico e áreas da Eu-
terá de sobrevoar a Europa Central, é por isso ropa SE e SW.
QUAL O PENSAMENTO que os Estados Unidos têm acordos penden- Fica a pergunta, será que Israel aceita um
ESTRATÉGICO NORTE-AMERICANO tes para criar uma base interceptora na Polónia vizinho com esta capacidade? (Só se de todo
QUE SUSTENTA ESTE PLANO? e uma estação de radar na República Checa. não o puder evitar).
Da mesma forma, qualquer míssil norte-core-
Os EUA não escondem os seus interesses, ano terá de sobrevoar o Alasca, local onde os ENTÃO QUAIS SÃO OS OBJECTIVOS
não pretendem abdicar da presença militar norte-americanos têm uma grande plataforma APARENTES E OS REAIS?
pelo mundo fora, aumentar a influência na de interceptores.
OTAN, contribuir para a estabilização do Cáu- A actual estratégia norte-americana realça Oficialmente, o “escudo” antimíssil balístico
caso e reforçar acções que evitem a prolifera- a necessidade de modificação do conceito visa defender os EUA e grande parte da Europa
ção de Armas de Destruição Maçica (ADM). de dissuasão, partindo da constatação que as contra a ameaça de mísseis balísticos lançados
Continuarão a defender os seus interesses ameaças actuais são muito mais diversas e im- do Médio Oriente. Os EUA beneficiariam com
económicos e, consequente, a implementa- previsíveis. Considera, também, que os estados a muito maior protecção contra ataques origi-
ção de multinacionais pelo mundo fora. Em hostis têm demonstrado a vontade de aceitar nados no Médio Oriente, enquanto a Europa
simultâneo, gostariam de ver concretizado o riscos elevados na prossecução dos seus ob- ganharia defesas que actualmente não tem. A
acesso livre aos recursos energéticos, optando jectivos, exercendo o seu esforço na aquisição OTAN centrou-se no desenvolvimento de de-
pela criação, se necessário, de redes de gaso- e desenvolvimento de ADM e respectivos vec- fesas antimíssil de curta distância, pelo que a
dutos e oleodutos que evitem a passagem ou tores de lançamento, como um dos seus prin- iniciativa dos EUA é complementar.
dependência da FR. Por fim e não menos re- cipais meios para atingir os seus fins. Assim, A única razão para o exagero dos EUA em
levante, continuarão a cruzada de expansão os EUA declaram o direito de responderem de relação à ameaça do Irão deve-se à intenção de
da cultura Ocidental ao mesmo tempo que forma esmagadora, recorrendo a todas as op- validar o seu sistema de defesa antimíssil balís-
tentarão travar o crescimento da cultura Islâ- ções disponíveis (incluindo o recurso às forças tico. Os EUA insistem que o sistema pretende
mica no Mundo. estratégicas nucleares), em resposta a um ata- proteger os EUA e seus aliados do programa
O actual pensamento estratégico norte-ame- que com ADM contra solo norte-americano, balístico do Irão, mas não parece haver nenhu-
24 JUNHO 2008 U REVISTA DA ARMADA