Page 22 - Revista da Armada

50º aniversário do curso “Luís de Camões”
da Escola Naval
Odia 1 de Outubro de 2010 foi dia gran-
de para este curso, pois nesta data, há parada, onde se encontrava já em formatura a
50 anos, 58 jovens mancebos ingres-
saram como cadetes na Escola Naval.
Para comemorar o acontecimento foi esta-
belecido um alargado programa que se iniciou
logo de manhã no Mosteiro dos Jerónimos,
onde nos reunimos numa singela mas muito
sentida cerimónia junto ao túmulo do nosso
patrono, enquadrado por uma pequena guar-
da de honra naval.
O chefe do curso – Comte. Almada Con-
treiras – numa breve alocução dirigida a Luís
Vaz disse: “Há precisamente meio século, este
punhado de marinheiros, aqui reu-
nidos junto ao teu túmulo, iniciava
uma longa caminhada sob o signo
do teu nome. […] E, assim chega-
dos […] queremos-te dizer que a
nossa presença aqui, neste Mos-
teiro dos Jerónimos, tão profunda-
mente ligado à epopeia lusitana:
simboliza a homenagem devida a
ti, insigne poeta, patrono do nosso
curso; simboliza, também, a nossa
homenagem aos que, com a farda
do botão de âncora, lutaram por
Portugal; simboliza, sobretudo, a
nossa homenagem aos camaradas
do Curso “Luís de Camões”, que
da lei da morte se foram libertan-
do. A coroa de flores que vamos
depositar junto ao teu monumento
funerário materializa essas devidas
homenagens.”
Seguidamente foi apitado a
“Sentido” e feita a chamada de
cada um dos sete saudosos cama-
radas já falecidos, ali representados por seus
familiares, tendo todos nós respondido “Pre-
sente!”: Eça Soares, Lopes Pereira, Monteiro
Serra, Farrajota Ramos, Coelho Rita, Alves Sal-
tão e Pinto Madeira.
Em autocarro seguimos depois para a Esco-
la Naval, com uma passagem pela Base Naval
onde pudemos ver de perto as novas fragatas e
a mais moderna unidade da nossa Armada, o
submarino “Tridente”, ali atracado.
Seguiu-se a visita à Escola Naval onde os
“velhos cadetes”, acompanhados de seis dos
seus antigos professores, foram recebidos
pelo Comandante, contra-almirante Seabra
de Melo, que muito amavelmente nos quis
acompanhar durante toda a visita.
Depois de assinarmos o Livro de Honra na
nova e bonita ‘Sala da Reserva Naval’, segui-
mos para a antiga biblioteca onde tivemos
acesso aos livros de assentos com os registos
da nossa passagem pela Escola, nomeadamen-
te as notas escolares e os castigos.
Tirada a fotografia de grupo nas escadarias
do átrio, junto ao busto do Infante que militar-
mente cumprimentámos, dirigimo-nos para a
22 NOVEMBRO 2010 • Revista da aRmada
Companhia de Alunos, fardados de branco e
com espada.
Aí, mais uma vez, dirigiu-lhes a palavra o
chefe de curso A. Contreiras, referindo nomea-
damente: “Cadetes! Há precisamente meio sé-
culo formavam pela primeira vez nesta parada
58 cadetes do Curso “Luís de Camões”. […]
Ao longo desse tempo vivemos uma experi-
ência ímpar, que poucas gerações terão opor-
tunidade de viver, quer no mar quer em terra
[…]. Essa experiência vivida dá-nos autoridade
para que vos exortemos a que aprofundem o
conhecimento que a Escola Naval vos vai trans-
mitindo, tanto no campo da formação técnico-
-naval, como no da liderança. […] Em nome
de todos os antigos cadetes do Curso “Luís de
Camões”, manifesto o nosso orgulho em estar-
mos hoje convosco, nesta nossa Escola Naval,
desejando-vos uma carreira plena de êxitos, ao
serviço da Marinha e de Portugal.”
A seguir ao desfile da Companhia de Alu-
nos, escutámos uma apresentação feita pelo
Comandante da Escola Naval sobre o ensino
agora aqui ministrado e dirigimo-nos para edi-
fício do refeitório, onde nos foi oferecido um
almoço que nos proporcionou um convívio
muito simpático.
No final, às palavras do Comandante da
Escola respondeu o mais graduado do curso
– Vice-almirante Mota e Silva – que lhe fez a
oferta do escudete do curso, também distribuí-
do a cada um de nós, aos antigos professores e
aos familiares dos falecidos. O almoço termi-
nou com a tradicional “salva naval”.
Seguiu-se o descerramento da tradicional pla-
ca comemorativa no átrio do internato, onde se
pode ler, do CantoV dos Lusíadas: “Assim fomos
abrindo aqueles mares/ que geração alguma
não abriu/As novas ilhas vendo e os novos ares/
que o generoso Henrique descobriu.”
Depois de uma breve passagem pelas no-
vas instalações do internato, à nova biblioteca
e ao ginásio, voltámos ao pequeno auditório
onde escutámos mais uma intervenção do
chefe do curso, que terminou agradecendo a
presença dos professores e instrutores, nossos
mestres naqueles tempos, e pediu um minuto
de silêncio evocando a memória dos que já
nos deixaram. Tomou de seguida a palavra o
Comte. Saturnino Monteiro, antigo Coman-
dante da Companhia de Alunos, não para nos
dar uma lição, mas apenas para nos relatar
uma saborosa história vivida no
início da sua carreira de oficial da
Armada. E assim terminou a visita
à Escola Naval.
No dia seguinte, sábado 2 de
Outubro, bem cedo, partimos da
Doca da Marinha em autocarro
rumo à vila de Constância, terra
onde Camões viveu desterrado al-
guns anos da sua vida.
Ali chegados fomos amavelmen-
te recebidos pelo Presidente da
Câmara Municipal, Dr. Máximo
Ferreira, antigo marinheiro como
nós, que fez questão de nos acom-
panhar durante todo o dia.
Visitado o Jardim Horto de Ca-
mões, onde de uma forma curiosa
e inédita foram reunidas todas as es-
pécies vegetais referidas pelo épico
na sua obra, e depois da obrigató-
ria fotografia de grupo, seguiu-se o
descerramento de mais uma placa
comemorativa, perto da estátua de
Camões, onde se pode ler: “Os antigos cadetes
da Armada do Curso “Luís de Camões” home-
nageiam o seu patrono, na data em que come-
moram o cinquentenário da entrada na Escola
Naval - Constância OUT 2010”.
Visitámos ainda a Casa-Memória de Ca-
mões, o Museu dos Rios e das Artes Marítimas
e outros pontos interessantes da vila, seguindo-
-se o almoço de confraternização no refeitório
quinhentista da Quinta de Sta. Bárbara, com
os elementos da edilidade que nos acompa-
nharam durante a visita e onde tivemos ain-
da a oportunidade de ouvir declamar poesia
de Camões.
Antes do regresso a Lisboa visitámos o Cen-
tro de Ciência Viva, com o seu Parque de As-
tronomia, só por si merecedor de uma visita
a Constância.
O Livro do Curso deverá ser editado em Ou-
tubro de 2012, quando comemorarmos no Na-
vio-Escola “Sagres” os 50 anos da sua viagem
inaugural, que também foi a 1ª viagem de ins-
trução deste curso da Escola Naval.

(Colaboração do CURSO “LUÍS DE CAMÕES”)