Page 27 - Revista da Armada
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aqueles que, além de merecerem, ti- Uma aula da Direcção de Tiro rações, intolerável falta de respeito,
verem a sorte de ser nomeados para Destacados da Escola Naval. chamam ... «prato de sopa». Em abono
as «Vasco da Gama» o seu modelo Uma futura equipa de Armas e Electrónica. da verdade aquele com que demandá-
actual (80 tiros por minuto), mais so- À "volta" dos "problemas" é que se aprende. mos, em 1962, a Baía da Rosema, em
fisticada, ou, alternativamente, para Seguindo atentamente a instrução. S. Tomé, não deveria ser maior que um
os seleccionados para as fragatas da prato de fruta... mas que alegria deu ao
nova Classe «Bartolomeu Dias» a de seu jovem Navegador quando o seu
76mm (a nova Otto Melara) que, nes- eco surgiu, ali, bem na proa do nosso
ta matéria, introduzem uma pertur- Patrulha, o NRP «Madeira»!
bação logística na desejável e procu-
rada uniformização dos equipamen- Outro Curso pontual, específico das
tos de qualquer esquadra. «Vasco da Gama», era o do Telefone
Submarino que em silêncio Electróni-
No nosso deambular, noutra sala, co pode ser utilizado entre navios de
um sargento Artilheiro (de trinta, superfície e que estava a ser ministra-
hoje nada surpreendentes, anos!) do aos futuros membros do Departa-
dava uma aula a uma turma do Cur- mento duma das novas Fragatas, no
so de Formação de Sargentos, o mais caso o Chefe do Departamento, o Che-
antigo, já com 15 anos de Marinha, fe do Serviço (há alguns anos eram
assentara praça aos 18 anos de idade. dois Serviços, o das armas A/A e
Nunca será tarde… o das A/S, traduzindo assim uma
economia, funcional ou financeira).
Estudavam a Direcção de Tiro
DDWCS das «Vasco da Gama», a, ori- Na sala mesmo ao lado decorria
ginalmente holandesa «Signaal» e que uma aula prática do Curso de Sargen-
hoje, depois de um outro proprietário, tos Electrotécnicos - Alistamento, em
é da francesa «Thales» o que de algum que seis alunos, sob a orientação de um
modo traduz a interdependência que, Sargento, estudavam, no âmbito das
nos nossos dias, caracteriza a globaliza- «Acções de Manutenção Correctiva», a
ção das economias mas que pode com- reparação das avarias mais previsíveis
prometer a autonomia militar que uma da clássica Mesa de Registos do Centro
indústria nacional asseguraria. de Operações, muito semelhante (mas
não igual!) às já existentes nos CIC dos
Permita-se-nos recordar que a última anos cinquenta e sequentes.
DT analógica foi a das abatidas fragatas
«João Belo» que, nos fins da década de Num espírito de cooperação com
sessenta, foram o salto tecnológico que entidades exteriores, um grupo da
abalou a nossa Armada, o que, infeliz- Polícia Marítima (PM), nem todos
mente, vem ocorrendo, entre nós, por oriundos da Armada, estava a fazer
sobressaltos geracionais que por vezes um Curso de Navegação de modo a
ultrapassam os clássicos 30 anos, mais colmatar notadas falhas no desempe-
do que o tempo necessário para a Fran- nho dessas novas funções, indepen-
ça ter integralmente autonomizado a dentemente doutras duplicações de
sua esquadra, ultrapassando fragilida- recursos de duvidosa eficiência que
des, sucessivos falhanços e, por vezes, vão desmantelando a desejada efi-
clamorosos desaires que, no entanto, cácia. Da dúzia de alunos, entre eles
conduziram ao, v.g., famoso Exocet ou uma senhora, certamente pontificava
a Espanha, que da «Descubierta» con- o mais antigo, com 22 anos ao serviço
cebida a partir das nossas corvetas vai da Armada dos quais 15 na PM.
já na avançada classe «Bazan» e que,
por via doutras parcerias, prossegue Assegurada a propulsão e a energia,
na construção dos seus próprios sub- dotado dos sensores e das armas que jus-
marinos e não só. tificam a sua classificação como Navio
de Guerra, é a altura de se garantir a efi-
Noutro andar deparámos com qua- ciência da sua utilização Militar-Naval e
tro aspirantes da Escola Naval, da Clas- de Serviço Público e de se estabelecerem,
se de Engenheiros Navais do Ramo de isolado ou integrado em Forças Navais
Armas e Electrónica, às voltas com o ou no Sistema de Autoridade Marítima,
radar «Kelvin Hughes 1007», um dos redes de vária ordem que a assegurem.
equipamentos que detalhadamente es- Disso se ocupa o Departamento de Co-
calpelizam durante o Estágio de 25 dias, municações e Sistemas de Informação.
antes de, em Maio, embarcarem para
a viagem que na volta os fará Guarda Não admira pois que, concluída a re-
Marinhas, já Oficiais da Armada. cruta, todos os grumetes que optaram
por uma carreira embarcada, tenham
Na escadaria alegrámo-nos ao reco- uma primeira iniciação na língua em que
nhecer um «Decca 974», assumindo, comunicarão e no recurso comunica-
com muita dignidade, a sua condição cional que hoje mais presente está onde
de peça de museu, mas a cujo presti- a palavra tecnologia não seja coisa vã; a
moso PPI soubemos que as novas ge- informática!
27REVISTA DA ARMADA • AGOSTO 2011