Page 15 - Revista da Armada
P. 15

"CREOULA" E O FUTURO                                 Em 2012, o "Creoula" celebra o seu 75º                do próximo ano e que a distingam com a
   Embarcar no "Creoula" é uma opor-              Aniversário, data extremamente signifi-                  dignidade que o Navio merece.
                                                  cante para um navio com uma forte pe-
tunidade única de se formar uma no-               netração junto da nossa camada jovem e                      O "Creoula" constitui actualmente um
ção aquilatada sobre a importância do             onde, desde que está ao serviço da Mari-                 testemunho vivo da nossa extensa e incon-
mar para Portugal nas suas diversas               nha, passaram mais de 15.500 cidadãos ao                 tornável História Marítima, e um dos derra-
vertentes, no fundo, aprender com a               longo de mais de 20.000 horas de navega-                 deiros elos que verdadeiramente liga Portu-
nossa maritimidade, e descobrir as nos-           ção e mais de 100.000 milhas percorridas,                gal ao Mar, criando, como nenhum outro, a
sas capacidades e limites. Ninguém sai            constituindo-se assim num embaixador                     ponte entre o nosso passado e aquilo que, no
do "Creoula" tal como entrou. Pode-se             primordial da “…Promoção de uma ampla                    futuro, ambicionaremos ser. O País de Ma-
constatar isso mesmo nas palavras de              abertura da Marinha à sociedade...” conforme             rinheiros que nos orgulhamos de ser obriga
uma instruenda que após embarcar es-              a linha de acção nº 4, elencada na Directiva             que esta “Escola de Vida” se consubstancie,
creveu:”… não ponho em dúvida que, ao             de Política Naval.                                       continuadamente, ano após ano.
longo da minha vida futura, fossem acontecer                                                               Fotos: Luis Miguel Correia -
situações que exigissem de mim o mesmo, mas          Um Navio, que foi construído em Por-                  http://Imcshipandthesea.blogspot.com
nunca, nunca com a intensidade que o Creou-       tugal, por Portugueses e para Portugueses,               Nigel Pert - http://nigelpert.wordpress.com
la imprimiu. Desta viagem, não saí diferente.     que navegou sempre com bandeira Portu-                   Universidade Itinerante do Mar (UIM)
Sou eu mesma, sempre eu, sempre igual, mas        guesa desde que foi lançado à água em 10
com outra consciência do que consigo atingir.     de Maio de 1937. Por tudo isto, pretende-se                         Colaboração do Comando do
Mas, acima de tudo, aprendi o que muitos não      celebrar esta data, efectuando uma série de                                          NTM CREOULA
aprendem numa vida inteira.”                      actividades que se prolonguem ao longo

                   REAVIVANDO MEMÓRIAS

A AORN EMBARCOU NO NTM CREOULA

    No âmbito das actividades dirigidas aos       cacilheiros, dos ferries e de alguns paquetes, bem           Depois foi o regresso e a verificação da
seus sócios, a AORN – Associação de Ofi-          como a navegação de dois draga-minas alemães             satisfação de todos por este reencontro com
ciais da Reserva Naval teve a iniciativa de       (que trocaram com o NTM Creoula os normais               a Marinha no mar e sobre o convés de um
acordar com a Marinha, um embarque no             cumprimentos do cerimonial marítimo), para               navio. Numa fase de grande perturbação na-
NTM Creoula, que se realizou no passado dia       além das muitas embarcações à vela que despor-           cional e de acentuada crise, todos os passa-
24 de Setembro.                                   tivamente aproveitavam aquela serena manhã,              geiros-navegantes da AORN puderam teste-

    A feliz iniciativa mobilizou um               enriqueciam o cenário que, porventura, faz de                         munhar como a Marinha mantém
significativo número de antigos                   Lisboa um dos mais belos portos do mundo.                             elevados padrões de desempe-
oficiais da Reserva Naval - cerca                                                                                       nho, com competência, compos-
de sete dezenas de pessoas entre                      Sucessivamente, o monumento ao Cristo-Rei                         tura e profissionalismo dos seus
sócios e seus acompanhantes - que,                e a ponte, o Padrão dos Descobrimentos e a Torre                      homens e mulheres.
dessa forma puderam, muitos                       de Belém, tal como o novíssimo Centro Champa-
anos depois de terem cumprido                     limaud, passaram ante os olhos dos passageiros-                           Estão de parabéns o Presidente
o seu serviço militar na Armada,                  -navegantes, recordando-lhes o tempo em que                           da Direcção da AORN, Coman-
voltar a sair a barra do Tejo a bordo             serviram a Marinha e tinham conhecido essas mes-                      dante Joaquim Moreira, bem como
de uma unidade da Marinha.                        mas sentinelas referenciais do rio. Mais adiante, o                   a própria associação, pela forma
                                                  imponente forte de São Julião da Barra e, depois, ao                  impecável como foi planeada e or-
    Uma vez mais, a Marinha soube                 longe, a baía de Cascais, o casario da linha do Estoril               ganizada esta acção e a respectiva
reconhecer a importância de man-                  e um excelente almoço, a recordar na iconografia da                   logística, mas também o coman-
ter os laços institucionais e afecti-             palamenta e na qualidade do serviço, a mesma Ma-                      do superior da Marinha por ter
vos com aqueles que ocasional e                   rinha que todos haviam conhecido há muitos anos.                      compreendido a importância de
empenhadamente a serviram, por                                                                                          manter ligações estreitas com os
exemplo nos teatros operacionais africanos,                                                                homens que antes serviram denodadamente
mas também em unidades navais, escolas,                                                                    a Marinha, muitas vezes em situações de ele-
direcções técnicas e outros serviços. Por isso,                                                            vado desconforto e grande risco, apoiando
o Almirante CEMA fez-se representar a bordo                                                                mais uma das suas iniciativas.
pelo seu Chefe de Gabinete, CALM Braz da                                                                       O comando e a guarnição do NTM Creoula
Silva, para além de ter reforçado a guarnição                                                              corresponderam em absoluto ao entusiasmo
do navio com o 1TEN Médico Naval Tiago Sil-                                                                de quem embarcou no seu navio, recebendo
va Nunes, o que foi particularmente apreciado.                                                             aqueles “velhos marinheiros” de uma forma
                                                                                                           exemplar que ficou na memória de todos.
    O navio largou da BNL sob o comando do                                                                     Obrigado à Marinha e obrigado ao coman-
CFR Cornélio da Silva e, depois de percorrer o                                                             do e à guarnição do NTM Creoula.
canal do Alfeite, iniciou a descida do rio Tejo
em direcção à barra, com o iluminado casario                                                                                   A. Rodrigues da Costa
da cidade a despertar a curiosidade e o interes-                                                                                            CTEN REF
se das pessoas embarcadas. O movimento dos

                                                                                                           15REVISTA DA ARMADA • DEZEMBRO 2011
   10   11   12   13   14   15   16   17   18   19   20