Page 24 - Revista da Armada
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BREVES APONTAMENTOS SOBRE MODELOS, EVOLUÇÃO E FABRICOS DO SÉCULO XVIII ATÉ AO RUMA
Apartir do reinado de Dom Luís I Âncora com as marcas “H.M” (Hartog et Mar- CONCLUSÃO
(1861-1889), os Botões de Âncora são chand de Paris, Casa activa de 1865 a 1884, em
sujeitos a novos quadros normativos - Sociedade com a “TW&W”), da Casa “A.M & tal, fabricante de uniformes e comerciante de
botões e de outros artigos militares de grande
Cie”, criada em 1853 e, finalmente, botões com prestígio e qualidade.
a inscrição “Supérieur/France”, estes últimos
datados respectivamente de 1862, 1863, 1866, fabricados de 1860 a 1905. Acrescem a este variado panorama, al-
1874, 1875, 1886 - Ordens e Regulamentos da gumas situações em que firmas portuguesas
Armada que são completados ou modificados Nesse mesmo período, para a Marinha Real faziam importantes encomendas fora do País,
durante o reinado de Dom Carlos I (1889-1908) Portuguesa, foram também fabricadas grandes fazendo cunhar os botões nomeadamente em
mais precisamente em 1890, 1892 e 1894. Des- quantidades de botões na Alemanha, sendo de França ou na Alemanha, e mandando tam-
se período, conhecem-se 3 padrões de botão, referir o fabricante “A.S.& Cº” que generica- bém ai gravar as suas marcas no reverso dos
usado pelos Oficiais: um pequeno (15mm), botões, como por exemplo a “Casa Barros e
para punhos, golas, bonés, jaquetas, platinas; mente, marcava, no reverso, a inscrição “Extra Santos”, de Lisboa.
outro médio (22mm) para dolmans, e um Fein” (Figura nº20). A Casa “MAPRIL Sequei-
ra”, de Lisboa (Rua dos Retroseiros, 109), foi No que se refere a fabricantes nacionais
um dos estabelecimentos comerciais que im-
grande (24 mm) para capotes de abafo. Du- portou e vendeu em Portugal, Botões de Ân- da segunda metade do Século XIX, cabe-nos
rante esses anos, o modelo do botão de âncora cora de fabrico alemão com esta marca. igualmente recordar outro dos principais fa-
sofreu poucas transformações, confirmando- bricantes de Lisboa, a Casa “Henrique Schal-
-se as variantes preexistentes, por corpos e Simultaneamente, as casas comerciais in- ck”, mais tarde “Vitor Schalck” (Ver Figura
especialidades. Assim, de meados da década nº21), que tinha loja na Rua da Madalena, 17, e
de 1860 à data da instituição da República, foi glesas continuavam a fabricar botões com fábrica na Calçada do Cascão, na Freguesia de
usadoummodelodeBotãodeÂncorapadrão destino a Portugal, todavia em menores quan- SãoVicentedeFora,emLisboa.Essacasaespe-
para Oficiais Generais (Almirantes) (Figura tidades do que durante a primeira metade do cializada em “Pregos, capsulas para garrafas,
nº17) e para Oficiais Superiores e Subalternos Século XIX. Podemos citar por exemplo a Casa colchetes e ganchos para Cabelo” produziu
“Charles Jennens” de Londres (Depois “Jen-
da Marinha Real (Ver Figuras, nº18,nº19,nº20 nens and Co.”, 56 Conduit Street), activa desde botões para a Marinha e para o Exército Por-
e nº21), com variantes, das quais se mencio- 1800. De facto, a grande semelhança entre os tuguês até 1915. Instituição do Estado, a Coo-
nam as seguintes: Oficiais de Saúde (Figura Botões dos Regulamentos Ingleses e os dos Re- perativa Militar fundada por Decreto de 1893,
nº23); Oficiais de Fazenda (Figura nº22); En- gulamentos Portugueses (Coroa Real Inglesa comercializava também botões. Tinha sede na
genheiros, Construtores Navais (Âncora sobre Rua de São José e depósito na Rua e Convento
um Triângulo Isósceles); Facultativos Navais de 3 hastes, e Coroa Real Portuguesa de 5 has- do Grilo, ao Beato. No final do Século XIX, já
(Âncora com Caduceu) (Ver Figura nº24), En- tes), permitia que Botões de Âncora fabricados existia em Lisboa a famosa Casa “Buttuller”
em Inglaterra, com cunho e coroa inglesa, fos-
genheiros Maquinistas Navais (Âncora sobre- sem usados na nossa Marinha. Assim, possi- que se mantém honrosamente em funciona-
posta a um Pendulo Cónico) (Ver Figura nº25). velmente por razões economicistas foi evitado mento, na rua Barros Queirós.
Também os marinheiros da “Reserva Naval”, lavrar cunhos com coroa tipicamente portu-
passaram a usar, nas suas fardas, um botão guesa. Em meados e finais do Século XIX, não No Porto, há que mencionar a notável Cha-
específico (Ver Figura nº27). Pela Portaria de era raro portanto, verem-se em fardas da Ma- pelaria “Costa Braga e Filhos Limitada” e uma
1862, os marinheiros ou “Praças avulsas”, rinha Real Portuguesa, marcas e padrões de outra casa de fabrico e venda situada na Rua
usavam, por seu lado, “Botões de metal, com da Alegria que, de 1862 a 1864, pertenceu ao
celebre negociante e depois fotógrafo da Casa
botões de fabrico inglês, por vezes misturados Real, Carlos Emílio Biel. Na Cidade Invicta, foi
âncora e sem Coroa” (Figura nº29).
De 1860 até 1910, os Botões de Âncora fo- ou substituindo botões portugueses, vendidos igualmente fundada em 1894, a Real Fabrica
por comerciantes de Lisboa como por exem-
ram manufacturados no estrangeiro, muitas plo a célebre Sirgaria “Bello de Jorge e San- de Botões Portuense (R.F.B.P).
vezes encomendados por casas portuguesas, tos” situada na Praça Dom Pedro, 103 (Vulgo Já no Século XX, a evolução do Botão de
mormente comerciantes de fardas e de artigos Rossio). Esta empresa, fundada em 1826, era
militares, alfaiates, sirgarias ou chapelarias de fornecedora da Casa Real Portuguesa, e como Âncora foi mais discreta, no entanto, com o
Lisboa ou do Porto a grandes firmas france- antevento da República, num gesto de ruptura
política, é propositadamente omissa a Coroa
sas ou alemãs (fabricantes Real que encimava o cepo
de botões). Várias casas e o anete da âncora no Bo-
francesas forneciam a Ma- tão dos Oficiais e dos As-
rinha Real e o Exército Por- pirantes. Num período de
tuguês pelo menos desde transição, e somente 10 dias
finais de 1830. Destacava- após a Proclamação da Re-
-se, tanto pela quantidade pública, em Outubro de
como pela qualidade dos 1910, o Ministério da Ma-
seus produtos “burnidos” rinha e das Colónias, pro-
à mão, a Casa “TW&W mulga a seguinte ordem:
Paris” (Trelon Weldon et “Em todos os artigos de
Weil de Paris, 14bis Boule- uniformes, não serão mais
vard Poissonière), grande usadas coroas, devendo os
fabricante mundial, e acti- botões que com elas foram
va desde 1844 (Ver Figu- enfeitados, ser substituídos
ras nº17; nº19; nº23; nº24; por botões lisos”.
nº25;nº26; nº31 e nº32). Com os novos Regu-
Com origem francesa, lamento de Setembro de
encontramos igualmente 1911 (“Praças da Arma-
em Portugal, Botões de da”), de Outubro 1911
24 DEZEMBRO 2011 • REVISTA DA ARMADA