Page 18 - Revista da Armada
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muitos outros, como a Telha e a Azinheira, até    vos actos públicos, mas também pela presen-
ao momento da armação final e do baptismo.        ça das representações partidárias com assento
                                                  na Assembleia Municipal nos eventos mais
 No século XIX, o mesmo país que protagoni-       significativos. E a abertura oficial teve lugar
zara a Expansão quinhentista entrava na era in-   na inauguração da Exposição de Actividades
dustrial. O momento da Índia e do Brasil tinha    da Marinha, levada a cabo no dia 17 de Maio
passado e Portugal preparava-se para novos        pelo Chefe do Estado-Maior da Armada, Al-
desafios. Impunha-se alcançar as revoluções       mirante Saldanha Lopes, acompanhado pelo
industriais europeias e um dos passos mais im-    Presidente da Câmara Municipal do Barreiro,
portantes desse rumo foi a construção da linha    Carlos Humberto de Carvalho.
de caminho-de-ferro que ligava Lisboa ao sul.
Com ela veio a progressiva industrialização,       À semelhança dos anos anteriores a exposição
que, no Barreiro, começou com as corticeiras      tinha dois pólos distintos, um deles no átrio do
mas cresceu, no princípio do século XX, com       Auditório Municipal Augusto Cabrita e outro
a instalação da CUF e do imenso complexo          no exterior, no Parque da Cidade do Barreiro. A
fabril que se lhe seguiu. Do Barreiro desapa-     parte apresentada no interior do edifício foi coor-
reciam as vinhas e os estaleiros artesanais de    denada e preparada pela Comissão Cultural da
construção em madeira, dando lugar à cida-        Marinha e constava de pequenos núcleos que
de industrial que até nós chegou. As praias e     procuravam explicar alguns dos aspectos mais
os pequenos pontões foram substituídos por        significativos da actividade sectorial da Marinha
imensos cais de carga, ao terminal ferroviário e  Portuguesa, como o Instituto Hidrográfico, o Co-
à estação fluvial. Mudavam-se os tempos, mas      mando Naval, a Direcção-Geral da Autoridade
ficava a estrutura do Tejo, agora com outras      Marítima, a própria Comissão Cultural, a Escola
mercadorias e outros meios de transporte, mas     Naval, a Superintendência dos Serviços de Tec-
mantendo-se como sistema humano produtivo         nologias da Informação e a Escola de Tecnolo-
associado ao grande porto de Lisboa.              gias Navais. Realço, pela relevância que tem
                                                  tido, a actividade de investigação que decorre
 No Barreiro nasceu Álvaro Velho, o homem         dentro da Marinha, seja ela através do Instituto
que embarcou na armada de Vasco da Gama           Hidrográfico, do Centro de Investigação Naval
e que nos deixou o único relato conhecido do      (CINAV) e Escola Naval ou da Escola de Tecno-
que ocorreu desde a partida, em 8 de Julho de     logias Navais (ETNA). Mas mereceram especial
1497, até que os navios alcançaram a costa da     atenção dos visitantes, o modelo do submarino
Guiné, já no regresso. É nesse texto que pode-    Tridente, sobretudo aquele que apresentava o
mos ler como em 20 de Maio de 1498, sendo         navio em corte de forma a permitir uma melhor
domingo, os navios fundearam em frente de         compreensão da organização de bordo, o simu-
Calecut e de terra vieram embarcações com         lador de navegação do CITAN e o simulador de
gente, para saber quem eram aqueles foras-        voo da Esquadrilha de Helicópteros.
teiros [portugueses] e ao que vinham. Estabe-
lecia-se o primeiro contacto humano com a          No Parque da Cidade do Barreiro as activi-
Índia das especiarias, e é essa a data que todos  dades ao ar livre foram coordenadas pelo Co-
os anos comemoramos na festa do Dia da Ma-        mando Naval, mas envolviam um conjunto de
rinha. A escolha da cidade do Barreiro para o     meios e equipamentos pertencentes ao CCF, à
fazer em 2013 é, portanto, uma homenagem          Esquadrilha de Submarinos, à Direcção-Geral da
a Álvaro Velho e a todos os artesãos dos esta-    Autoridade Marítima e ao Instituto de Socorros a
leiros da Telha, aos arrais e patrões das embar-  Náufragos. Este sector expositivo merece sempre
cações de pesca e de transporte, mas também       a simpatia das populações, e especialmente da
aos tempos modernos da indústria, do cami-        juventude que se sente atraída para as activida-
nho-de-ferro e da estação fluvial, elementos da   des tidas como radicais, aqui propostas pelos
cidade do Tejo em relação com o mundo.            fuzileiros e pelos mergulhadores. Os baptismos
                                                  de mergulho são sempre muito populares, mas
AS COMEMORAÇÕES                                   o ensaio de escalada, em torre vertical própria,
DO DIA DA MARINHA                                 e a prática de air-soft e laser-tag em tenda pró-
                                                  pria também recolheram a simpatia de muitos
 A Câmara Municipal do Barreiro associou-se       jovens. Visitaram este núcleo da exposição cerca
e apoiou de forma activa as comemorações do       de 3500 pessoas, das quais 392 fizeram o seu
Dia da Marinha, bem visível na participação       baptismo de mergulho e 311 experimentaram a
do seu presidente e da vereação nos sucessi-      torre de escalada.

18 JUNHO 2013 • REVISTA DA ARMADA
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