Page 21 - Revista da Armada
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na sua festa anual. A ligação do Barreiro ao mar a “defender os mesmos valores de sempre: a
é secular – como teve ocasião de dizer – mas liberdade, a integridade territorial e a sobera-
tem uma componente actual de extraordinária nia do povo português”. Acrescenta-lhe agora
importância, que se prende com os inúmeros as missões de interesse público e as tarefas no
militares que aqui se estabeleceram, onde criam âmbito de compromissos internacionais. Pas-
os seus filhos e onde têm a sua família. sou em revista as dificuldades económicas que
têm assolado o país, nos últimos anos, e espe-
Passou, de seguida, em revista as mais impor- cialmente as que condicionaram a acção das
tantes actividades desenvolvidas no passado Forças Armadas, mas garantiu que, apesar das
ano, realçando as missões internacionais como a exigências de rigor financeiro – que se mantêm
“Operação Atalanta” (de comando português) e hoje como ontem – “já não estamos a discutir,
a “Operação Active Endeavour”. Mas acrescen- sequer, o modelo de Defesa Nacional”. Na se-
tou-lhe a Cooperação Técnico-Militar com a Co- mana corrente, foi possível assinar, “em conjun-
munidade de Países de Língua Portuguesa, a pre- to com o Senhor Ministro de Estado e das Finan-
servação do ambiente marinho, a segurança da ças, o despacho que autoriza as promoções nas
navegação e a colaboração no Sistema Nacional Forças Armadas para o ano 2013”. Esta e outras
de Busca e Salvamento no Mar. Os serviços hi- decisões – acrescentou o Ministro – foram to-
drográficos e a investigação científica contam-se madas “com base na gestão criteriosa de recur-
também dentro das múltiplas actividades desen- sos disponíveis”, mas teve em conta, também,
volvidas, a que acresce o exercício da Autorida- o “justo reconhecimento da especificidade da
de Marítima Nacional, que constitui a garantia de condição e da estrutura militar”. E terminou
soberania e autoridade do Estado no mar. com palavras de esperança para os militares.
“São estes os bons ventos e as marés de feição,
“Quem está de fora pode parecer-lhe que a que Portugal pode contar das suas Forças Arma-
«crise» passou ao lado da Marinha”, que, ape- das e, em particular, da sua Marinha.”
sar de tudo, conseguiu desempenhar a sua mis-
são, reduzindo apenas alguns índices de parti- A cerimónia chegava ao fim, e com ela as co-
cipação. Mas – chamou a atenção o Almirante memorações do Dia da Marinha 2013. Ao dis-
Saldanha Lopes – “não é possível prolongar esta curso do Ministro da Defesa Nacional seguiu-se
situação por muito mais tempo, pois estamos o desfile das Forças em parada, prestando-lhe
a navegar e operar no limite”. Prolongar esta continência, à passagem pela tribuna de honra.
situação potencia exponencialmente a proba-
bilidade de ocorrência de acidentes “com ma- À volta da tribuna e da formatura, muitos
terial, por ausência de manutenção, e com o curiosos e gente do Barreiro foi aparecendo na
pessoal por ausência de treino”. E, dirigindo-se avenida Bento Gonçalves (que muitos barrei-
ao Ministro da Defesa Nacional, o Almirante renses ainda chamam Avenida da Praia), para
Saldanha Lopes afirmou: “A Marinha cruza os ver a sua Marinha. No meio de todos eles havia
mares há séculos, cumprindo as missões que muitas caras conhecidas, daquelas com que
lhe são atribuídas, com brio, dedicação e espí- nos cruzámos durante décadas: velhos mari-
rito de bem servir, e assim continuará a fazê-lo nheiros reformados e afastados há largos anos,
enquanto Portugal e os Portugueses o exijam”. residentes no Barreiro, onde criaram filhos e
E encerrou o seu discurso reafirmando que netos e onde ainda hoje vivem. E ali estavam
“Os homens e as mulheres, militares, militari- eles, naquela manhã soalheira, passando de
zados e civis, que orgulhosamente comando, um lado para o outro, conversando uns com os
continuarão, na senda dos seus antecessores outros e trocando sorrisos, olhando a tribuna e
[...] cumprindo com o lema, que há 150 anos a formatura e participando na festa da Marinha
foi instituído e mandado inscrever nos navios, que é também sua. São a nossa gente espalha-
A Pátria Honrae que a Pátria vos contempla.” da por todo o lado, que não nos esquece. Eles
são aquilo que seremos quando chegar a altura
De seguida, usou da palavra o Ministro da De- de virmos ver o que fomos, nos muitos Dias da
fesa Nacional, Dr. José Pedro Aguiar-Branco, e Marinha que virão.
as suas palavras – como o próprio referiu – são
as mesmas que proferirá, dentro de dias, junto J. Semedo de Matos
dos militares que prestam serviço no NRP Ál- CFR FZ
vares Cabral, nas águas do Índico. E começou
o seu discurso realçando a existência secular N.R.
da Marinha Portuguesa, com um passado de O autor não adota o novo acordo ortográfico.
determinação e coragem, continuando hoje
REVISTA DA ARMADA • JUNHO 2013 21