Page 24 - Revista da Armada
P. 24
VEÍCULOS AÉREOS NÃO-TRIPULADOS
NA MARINHA
AMarinha e a empresa Tekever 1 assi-
naram em 24 de Junho de 2013, na Com a assinatura destes protocolos, é Como contrapartida, no final do projeto
Escola Naval, dois protocolos que esperado que o resultado desta parceria pos- está previsto a cedência à Marinha, de três
estabelecem os princípios de uma mútua sa mitigar esta situação a médio/longo prazo. sistemas aéreos compostos por veículos do
colaboração industrial e científica para o de- Tenciona-se assim, dar luz a um projeto de modelo AR4 Light Ray. Deseja-se desta for-
senvolvimento de atividades no domí- desenvolvimento dos sistemas autónomos aé- ma, incrementar a capacidade de vigilância
nio dos sistemas aéreos não-tripulados reos desta empresa para operar em ambiente
(também designados autónomos), com marítimo, baseado na troca de conhecimento e controlo do espaço marítimo, contri-
uma validade de três anos. tecnológico e operacional, bem como na dis- buindo de forma direta e significativa
ponibilidade de condições de teste. para o programa de edificação da ca-
A aquisição de sistemas aéreos não pacidade de Conhecimento Situacio-
tripulados é um objetivo há muito am- Concretizando, a Tekever pretende a pro- nal Marítimo (CSM), consagrado na
bicionado pela Marinha, cuja priori- dução de um sistema validado operacional- Diretiva de Política Naval de 2011.
dade vêm ganhando peso desde a rei- mente, em que a capacidade de lançamen-
vindicação da extensão da plataforma to/recolha a partir de um navio, transmissão Na cerimónia, o CALM Bastos Ribeiro
continental, o que tem suscitado uma de dados em tempo real para bordo ou esta- realçou a importância para a Marinha, e
maior determinação em satisfazer essa ções em terra, ou a transferência do controlo em particular para a Escola Naval, des-
necessidade. Recorde-se que esta capa- do veículo em voo entre terra e o navio e ta parceria contribuir para o esforço de
cidade estava prevista no documento vice-versa, são alguns dos objetivos a atingir. inovação a nível nacional. Por seu tur-
que define o Sistema de Forças Na- no, o Engº Pedro Sinogas, Diretor Exe-
cional – Componente Operacional de cutivo da Tekever, sublinhou o orgulho
2004 (SNF04-COP). da sua empresa em ter a Marinha como
um parceiro privilegiado no desenvolvi-
A justificação deste objetivo reside mento de sinergias que irão consolidar
na importância do contributo que este as posições de liderança das duas enti-
tipo de meios propicia no cumpri- dades no âmbito da Economia do Mar.
mento de missões que requeiram ca-
pacidade em assegurar: a vigilância e Aldeia Carapeto
o controlo dos espaços marítimos sob CFR M
responsabilidade nacional; o cumprimento
das missões de interesse público, desig- Nota:
nadamente, as que decorrem dos acordos 1 A TEKEVER SA é um Grupo Empresarial cuja
internacionais e das atribuições cometi- atividade se centra no desenvolvimento de Pro-
das à Marinha no âmbito do Sistema de dutos e Serviços nas áreas das Tecnologias de In-
Autoridade Marítima (AMN); e, enquanto formação e Comunicação, Aeronáutica, Espaço,
capacidade integrada numa força tarefa, Defesa e Segurança. Distingue-se por produzir,
contribuir para a proteção de unidade va- em Portugal, Sistemas de Gestão e Otimização
liosas. Contudo, as persistentes limitações de Operações Móveis nas indústrias da Energia,
orçamentais, no tocante ao reequipamento Telecomunicações e Utilidades, Sistemas Táticos
das Forças Amadas, têm inviabilizado su- Autónomos de duplo uso para ar, terra e mar bem
cessivamente a sua concretização. como Equipamentos de Comunicação para as For-
ças Armadas e Forças de Segurança.
Descrição técnica
Através do recurso a uma avançada tecnologia de comunicações e algoritmos de navegação, a atual versão do AR4 Light Ray destina-se às entidades
militares e policiais que procurem obter um panorama de situação mais esclarecido e de uma forma mais eficiente e eficaz responder a potenciais
ameaças, num cenário terrestre. As principais características deste sistema aéreo autónomo são as seguintes:
Usabilidade
► Com uma preocupação focada na portabilidade do sistema, o AR4 foi concebido para ser transportado por um indivíduo apeado. Com uma es-
trutura dobrável e desmontável, a plataforma pode ser facilmente montada apenas por uma pessoa sem a utilização de qualquer ferramenta, e ficar
pronta a voar num minuto. O sistema AR4 compreende uma estação móvel de controlo, um sensor de aquisição de dados em tempo-real, e uma
unidade de controlo de voo usando uma base cartográfica geo-referenciada.
Múltiplos modos de operação
► O sistema AR4 pode ser pilotado remotamente ou autonomamente desde a descolagem até à recolha, e pode ser lançado à mão ou por catapulta.
O operador pode planear o local de aterragem ou decidir em tempo-real. O perfil da missão pode ser modificado em tempo-real e o sistema de controlo
de voo suporta trajetórias pré-determinadas consoante se trate de alvos fixos ou do seguimento de alvos móveis, e a comutação para voo controlado
manualmente.
Flexibilidade das missões
► O payload (carga transportável) de base consiste num sensor eletro-ótico estabilizado de alta definição para vigilância diurna. Os clientes podem,
ainda, escolher entre um leque variado de opções de payload, onde se incluem sensores de infravermelhos para a realização de missões noturnas ou de
reduzida visibilidade. A plataforma AR4 tem capacidade para 2 kg de payload, permitindo um largo espetro de funcionalidades operacionais, incluindo
equipar o veículo com sensores adicionais, ou realizar lançamentos aéreos precisos.
24 NOVEMBRO 2013 • REVISTA DA ARMADA