Page 9 - Revista da Armada
P. 9
REVISTA DA ARMADA | 492
Guarnição do NRP Tridente em Cartagena do da deteção e seguimento dos contac- O dia da partida fica marcado pela in-
tos de interesse, assim como da passa- teressante saída coordenada de 3 sub-
vastíssima e que o contexto geográfico gem do panorama aéreo e de superfície. marinos, todos de construção alemã, o
privilegiava a operação de um submarino: Contacto a contacto, era feita uma passa- NRP Tridente, o FGS U33 (alemão) e o HS
operações de vigilância encobertas em gem formal de responsabilidade para as Poseidon (grego), tendo-se obtido um
meio litorâneo e reconhecimento costei- unidades navais que constituíam a força singular registo fotográfico com o porto
ro. Aqui valeram as modernas facilidades de superfície do SNMG2 que os recebiam, de Cartagena em pano de fundo. Iniciou-
de comunicação por satélite, que permiti- acompanhavam e interrogavam. Quando se assim o maior exercício aeronaval
ram a passagem de informação em tempo justificado e superiormente autorizado NATO do ano. O NOBLE JUSTIFICATION
real para o COMSUBNATO, garantindo um este procedimento culminava em abor- era dividido em duas fases distintas de
enorme fluxo de informação de qualida- dagem, com o objetivo de recolher infor- mar. Primeiramente, com um programa
de (registos fotográficos, recolha de da- mação mais pormenorizada relativa aos seriado para familiarização e integração
dos eletromagnéticos, padrões de com- contactos de interesse. da força e, por fim, um “jogo de guerra”
portamento da navegação mercante, civil que explorava um cenário hipotético de
e militar, entre outros) e uma ímpar capa- Chegado o último dia de patrulha e uma nação com interesses económicos
cidade de reação por parte desse coman- com ele a merecida pausa em Cartagena, num outro Estado soberano e que apoia-
do da NATO. Estas facilidades foram de cidade de submarinistas, foi tempo de va um grupo terrorista oriundo de um
tal forma relevantes que o HQ MARCOM ultimar os preparativos para a segunda Estado não-alinhado na invasão do ter-
sentiu necessidade de reconhecer pes- fase da missão: o exercício NOBLE JUSTI- ritório soberano deste terceiro Estado.
soalmente o contributo do Tridente para FICATION. Às reuniões de coordenação,
o esclarecimento do panorama de super- acerto da fita de tempo prevista para as Participaram neste exercício duas for-
fície da NATO, assim como para o sucesso séries, verificação das áreas de navega- ças navais permanentes da NATO, os
da operação durante esse período, consi- ção atribuídas, envio/receção das tabe- SNMG2 e Standing NATO Mine Coun-
derando terem sido atingidos novos pa- las de ordens, somaram-se as típicas ati- termeasures Group 2 (SNMCMG2), para
drões para a participação de submarinos vidades de receber notícias de casa, re- além de meios navais de 10 países alia-
na OAE. Foi de salientar ainda a boa coor- por horas de sono e desenferrujar o cas- dos (Portugal, Espanha, Canadá, França,
denação com os meios de superfície que telhano para alguns, “portunhol” para Itália, Grécia, Reino Unido, Alemanha,
constituíam o Standing NATO Maritime outros. 3 dias de plena atividade! Estados Unidos da América e Turquia)
Group 2 (SNMG 2), em particular aquan- num total de 25 navios de superfície (en-
tre os quais 1 porta-aviões, um navio
polivalente, dois reabastecedores, um
contratorpedeiro e 10 fragatas com he-
licópteros orgânicos), 5 submarinos (dos
quais 1 nuclear e 4 convencionais), 10
aviões de patrulha marítima, unidades
de forças especiais e de mergulhadores.
Este exercício serviu três propósitos prin-
cipais: certificar o Comando espanhol
do SNMG2, integrar e treinar os meios
navais à disposição desse Comando, as-
sim como os meios NATO integrantes do
exercício, e demonstrar a capacidade de
reação da Aliança face às violações do
direito internacional cometidas contra
qualquer um dos seus membros, num ce-
nário de rápida escalada de tensão, sem-
pre em ambiente marítimo complexo.
A primeira fase de mar proporcionou
ao Tridente uma excelente oportunida-
de de treino antissubmarino, opondo-o
por diversas vezes aos outros 4 subma-
rinos, constatando-se que entre os pre-
sentes o único participante com capaci-
dade para se bater “mano-a-mano” foi o
U33. Em todas as séries o saldo foi mui-
to positivo para esta unidade, confirma-
JANEIRO 2015 9