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REVISTA DA ARMADA | 492

Guarnição do NRP Tridente em Cartagena      do da deteção e seguimento dos contac-       O dia da partida fica marcado pela in-
                                            tos de interesse, assim como da passa-     teressante saída coordenada de 3 sub-
vastíssima e que o contexto geográfico      gem do panorama aéreo e de superfície.     marinos, todos de construção alemã, o
privilegiava a operação de um submarino:    Contacto a contacto, era feita uma passa-  NRP Tridente, o FGS U33 (alemão) e o HS
operações de vigilância encobertas em       gem formal de responsabilidade para as     Poseidon (grego), tendo-se obtido um
meio litorâneo e reconhecimento costei-     unidades navais que constituíam a força    singular registo fotográfico com o porto
ro. Aqui valeram as modernas facilidades    de superfície do SNMG2 que os recebiam,    de Cartagena em pano de fundo. Iniciou-
de comunicação por satélite, que permiti-   acompanhavam e interrogavam. Quando        se assim o maior exercício aeronaval
ram a passagem de informação em tempo       justificado e superiormente autorizado     NATO do ano. O NOBLE JUSTIFICATION
real para o COMSUBNATO, garantindo um       este procedimento culminava em abor-       era dividido em duas fases distintas de
enorme fluxo de informação de qualida-      dagem, com o objetivo de recolher infor-   mar. Primeiramente, com um programa
de (registos fotográficos, recolha de da-   mação mais pormenorizada relativa aos      seriado para familiarização e integração
dos eletromagnéticos, padrões de com-       contactos de interesse.                    da força e, por fim, um “jogo de guerra”
portamento da navegação mercante, civil                                                que explorava um cenário hipotético de
e militar, entre outros) e uma ímpar capa-    Chegado o último dia de patrulha e       uma nação com interesses económicos
cidade de reação por parte desse coman-     com ele a merecida pausa em Cartagena,     num outro Estado soberano e que apoia-
do da NATO. Estas facilidades foram de      cidade de submarinistas, foi tempo de      va um grupo terrorista oriundo de um
tal forma relevantes que o HQ MARCOM        ultimar os preparativos para a segunda     Estado não-alinhado na invasão do ter-
sentiu necessidade de reconhecer pes-       fase da missão: o exercício NOBLE JUSTI-   ritório soberano deste terceiro Estado.
soalmente o contributo do Tridente para     FICATION. Às reuniões de coordenação,
o esclarecimento do panorama de super-      acerto da fita de tempo prevista para as     Participaram neste exercício duas for-
fície da NATO, assim como para o sucesso    séries, verificação das áreas de navega-   ças navais permanentes da NATO, os
da operação durante esse período, consi-    ção atribuídas, envio/receção das tabe-    SNMG2 e Standing NATO Mine Coun-
derando terem sido atingidos novos pa-      las de ordens, somaram-se as típicas ati-  termeasures Group 2 (SNMCMG2), para
drões para a participação de submarinos     vidades de receber notícias de casa, re-   além de meios navais de 10 países alia-
na OAE. Foi de salientar ainda a boa coor-  por horas de sono e desenferrujar o cas-   dos (Portugal, Espanha, Canadá, França,
denação com os meios de superfície que      telhano para alguns, “portunhol” para      Itália, Grécia, Reino Unido, Alemanha,
constituíam o Standing NATO Maritime        outros. 3 dias de plena atividade!         Estados Unidos da América e Turquia)
Group 2 (SNMG 2), em particular aquan-                                                 num total de 25 navios de superfície (en-
                                                                                       tre os quais 1 porta-aviões, um navio
                                                                                       polivalente, dois reabastecedores, um
                                                                                       contratorpedeiro e 10 fragatas com he-
                                                                                       licópteros orgânicos), 5 submarinos (dos
                                                                                       quais 1 nuclear e 4 convencionais), 10
                                                                                       aviões de patrulha marítima, unidades
                                                                                       de forças especiais e de mergulhadores.
                                                                                       Este exercício serviu três propósitos prin-
                                                                                       cipais: certificar o Comando espanhol
                                                                                       do SNMG2, integrar e treinar os meios
                                                                                       navais à disposição desse Comando, as-
                                                                                       sim como os meios NATO integrantes do
                                                                                       exercício, e demonstrar a capacidade de
                                                                                       reação da Aliança face às violações do
                                                                                       direito internacional cometidas contra
                                                                                       qualquer um dos seus membros, num ce-
                                                                                       nário de rápida escalada de tensão, sem-
                                                                                       pre em ambiente marítimo complexo.

                                                                                         A primeira fase de mar proporcionou
                                                                                       ao Tridente uma excelente oportunida-
                                                                                       de de treino antissubmarino, opondo-o
                                                                                       por diversas vezes aos outros 4 subma-
                                                                                       rinos, constatando-se que entre os pre-
                                                                                       sentes o único participante com capaci-
                                                                                       dade para se bater “mano-a-mano” foi o
                                                                                       U33. Em todas as séries o saldo foi mui-
                                                                                       to positivo para esta unidade, confirma-

                                                                                       JANEIRO 2015             9
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