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REVISTA DA ARMADA | 501
um dia e meio de La Manche, ainda houve tempo, antes da ansia- Foto CTEN Paulo S. Garcia
da entrada em imersão, para sofrer as agruras do Atlântico norte:
ventos fortes e mar grosso, provocando o típico desconforto de
um submarino à superfície, que proporcionou 40 graus de banda,
alguns enjoos e banhos de mar àqueles que, na ponte, garantiam
a segurança do submarino.
Com a entrada em imersão tudo se relativizou, dando início à
travessia do Golfo da Biscaia. Nesta travessia de 4 dias, a opor-
tunidade de treino com a Marinha Francesa, com a realização de
exercícios de luta antissubmarina contra a aeronave de patrulha
marítima Atlantique 2, entusiasmaram o que poderia ter sido
uma pernada menos interessante. Ao demandar o cabo Finister-
ra, o Arpão finalmente guinou para o rumo 180, pouco antes de
entrar em águas portuguesas. Culminando esta navegação de 13
dias com um último fim de semana de mar, na madrugada de
segunda-feira, dia 13 de julho, foi dada a ordem de “ar a todos,
vamos para cima”10, permitindo ao primeiro homem a chegar à
ponte contemplar a magnífica vista de Lisboa com a primeira luz
do dia. Já com a boia nº 2 da barra sul do porto de Lisboa à vista,
o Arpão demandou o saudoso porto de Lisboa, acolhendo o tão
desejado clima português. Passando cabos às 09h00 ao atracar
em frente à Esquadrilha de Submarinos, no cais nº 6 da BNL11,
reuniu-se novamente com o irmão Tridente, aguardando com de-
sejo a sua próxima missão.
Foram 168 dias de missão que deixaram o Arpão pronto para
mais um período operacional que se espera cheio de atividades
no mar, contribuindo para a missão da nossa Marinha.
Colaboração do COMANDO DO NRP ARPÃO
Notas
1 Thyssen-Krupp Marine Systems, anteriormente designada por HDW.
2 Direcção de Navios – Divisão de Navios.
3 Torpedo Counter Measures.
4 De um total de 384 que constituem a bateria desta classe de submarinos.
5 Este centro de treino, a cerca de 30km a norte de Kiel, na cidade de Eckernförde,
dispõe de um conjunto de sistemas de simulação para o treino das guarnições dos
seus submarinos, nomeadamente a réplica dos centros de operações dos submari-
nos U-212 Bach 1 e 2, sendo este último muito semelhante aos da classe Tridente.
6 Estes 14 elementos da guarnição que permaneceram em Portugal, além de reali-
zar o necessário trabalho administrativo de bordo, frequentaram diversos cursos de
formação e desempenharam diversas tarefas na Esquadrilha de Submarinos.
7 Mar limitado a sul pela Alemanha, a leste pelo mar Báltico, a oeste pela penínsu-
la da Jutlândia (onde se situa grande parte do Reino da Dinamarca) e a norte pelo
Skagerrak, mar que, por sua vez, banha a costa norte da Jutlândia, o sudeste da No-
ruega e o sudoeste da Suécia.
8 Zonas de convergência de diversas rotas marítimas predominantes, normalmente
presentes próximas de portos comercialmente importantes, e caracterizadas por
uma muito elevada densidade de navegação.
9 SLOC – Sea Lines of Communication.
10 Ordem que o Oficial de Quarto dá para levar o navio à superfície. “Ar a todos” os
tanques de lastro, que permite ao submarino ganhar a reserva de flutuabilidade
necessária para se manter à superfície.
11 Base Naval de Lisboa.
NOVEMBRO 2015 7