Page 11 - Revista da Armada
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REVISTA DA ARMADA | 501
GOLFO DA GUINÉ
A CRIMINALIDADE ORGANIZADA
parte 1
Aglobalização veio transformar o
mundo numa grande aldeia glo-
bal com melhor qualidade de vida, de
um modo geral; contudo, também veio
contribuir de forma decisiva para o de-
senvolvimento de atividades muito ne-
fastas como a criminalidade organizada
transnacional. Esta tem vindo a ganhar
força e proeminência nos últimos anos,
afirmando-se já como uma realidade
incontornável dos nossos tempos. O
crime organizado engloba, entre ou-
tros, os tráficos de seres humanos, de
drogas, de armas e de órgãos huma-
nos, o despejo de lixo tóxico no mar,
a pirataria marítima, a pilhagem de
recursos naturais, o bunkering (abas-
tecimento ilegal de petróleo), os con-
trabandos de tabaco e de álcool, a con-
trafação de medicamentos e a lavagem
de dinheiro. As redes transnacionais
de criminalidade organizada atingiram
uma dimensão tal que conseguem hoje
influenciar a organização política, eco-
nómica e social de muitos países, po-
dendo no limite pôr em causa a própria
sobrevivência do Estado de direito. O
crime transnacional está hoje espalha-
do pelos quatro cantos do mundo, o Geopolítica de África (Fonte: www.algerie-watch.org)
que vem dificultar muito a capacidade
dos Estados, por si só, de o combater. Um dos locais onde ele está guarida e, em geral, não está diretamente relacionada com uma
presente, nos seus mais diversos tipos, é o Golfo da Guiné. única causa, mas sim com um conjunto delas, as quais, quando se
Este golfo fica situado1 entre a Costa do Marfim e o Gabão2, conjugam, proporcionam as condições ideais para que ele possa
contudo, por vezes considera-se que ele é mais abrangente e se surgir e disseminar-se. O crime transnacional serve-se da globali-
estende desde o Senegal até Angola3, localizando-se, grosso modo, zação para proliferar e normalmente estabelece-se em países es-
entre os paralelos 15o0´0´´N e 15o0´0´´S. trategicamente localizados, politicamente instáveis, com baixos
A presença do crime organizado num dado país ou região está índices de desenvolvimento e com fracos recursos financeiros, o
sempre associada à fragilidade do(s) Estado(s) que lhe dá(ão) que faz com que exista uma fácil aceitação destas práticas ilícitas
NOVEMBRO 2015 11