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REVISTA DA ARMADA | 510
fundezas, a ameaça submarina aguardava disponibilizados pelo FOST para treino na lado. Contudo, para os grupos de serviço,
pacientemente pela sua oportunidade de área da Marinharia, combate a sinistros e os fins de semana não eram nada fáceis,
atacar a força. Começava assim o trânsito abordagem a navios. sendo necessário manter permanente-
multi-ameaça. mente o navio apresentável com os mais
O período atracado também é apro- elevados padrões para o Sunday Walk
Convém referir que antes, pelas 07h30, veitado para treinar os grupos de serviço Around, visita de um avaliador do FOST
um pequeno catamaran encostava a esti- no combate a sinistros, com exercícios de geralmente não anunciada.
bordo, entrando a bordo 47 militares do combate a incêndios de complexidade
Flag Officer Sea Training, liderados pelo gradual, tendo o navio alcançado o nível AS FASES DE MAR
Captain RN David Dominy (Captain South2) satisfatório logo no primeiro exercício de
no papel de inspetor. Era este o dia da Ins- incêndio em espaço de máquinas para o Seguidamente à semana de terra são
peção Final, após um longo período de trei- grupo de serviço, o vulgo HF4, exercício esperadas cinco semanas de mar, com ro-
no operacional iniciado ainda em Lisboa. de maior complexidade e dificuldade que tinas muito similares, quebradas por exer-
um grupo reduzido de pessoal pode en- cícios pontuais de grande complexidade,
O INÍCIO frentar. geralmente apenas realizados uma vez,
incluindo alguns exercícios com o navio
Dia 4 de abril, o navio larga do cais nº2 A quarta-feira, dia 13, iniciou-se cedo atracado.
da Base Naval de Lisboa, rumo a Plymou- quando um pouco antes das 06h00, uma
th, no sul de Inglaterra. Durante o trân- equipa de Royal Marines, avaliadores do A rotina começava logo ao domingo
sito continuaram os preparativos para as FOST, entrava à prancha com um embru- com toda a guarnição, logo depois do al-
ações de treino seguintes, com o objetivo lho “nada suspeito”. Fazia parte do simu- moço, a efetuar os preparativos necessá-
de estar tudo pronto, a tempo e horas, e lacro de ameaça de bomba com a parti- rios para a semana seguinte.
o pessoal devidamente instruído da tarefa cipação de toda a guarnição. Às 06h00
que iria executar. Estes foram os pontos foi recebido o alerta e em 14 minutos já Às segundas, os navios efetuam uma
fortes assinalados em praticamente to- a “bomba” havia sido localizada. A robus- série curta de defesa antiaérea durante
das as aferições dos avaliadores do FOST, ta organização de bordo permitiu tomar a manhã, como aquecimento para o res-
que caracterizavam a nossa guarnição: os atempadamente todas as ações necessá- to da semana. Eram também efetuados
preparativos, a atitude e a vontade em rias e às 07h00 o exercício era dado como alguns exercícios na área da Marinharia,
aprender. terminado. O navio foi considerado capaz incluindo manobras de emergência como
de enfrentar este tipo de ameaças, atual- homem ao mar e avaria no leme, e exer-
O primeiro contacto com o FOST deu-se mente muito presentes. cícios na área da mecânica e eletrotecnia.
no dia 8 de abril, dia seguinte à chegada do Já próximo do arco noturno era efetuado
navio, durante a realização das reuniões Na fase de terra, são incluídos os mere- um exercício de interdição marítima, com
setoriais para coordenação do treino. Foi cidos descansos de fim de semana, onde um navio a interpretar o papel de navio
também nesse dia que o nosso Coman- a guarnição aproveitou para conhecer ou mercante com carga suspeita que preten-
dante prestou cumprimentos ao Captain revisitar Plymouth, em todo o seu espec- de furar a operação de embargo à Zona de
RN David Dominy (Captain South). Foi dei- tro, e os seus arredores. Foi também or- Exclusão acompanhado de uma unidade
xado assente que o objetivo da sua equi- ganizada uma excursão para a guarnição naval inimiga.
pa, o FOST staff, era aumentar o potencial a Londres, muito apreciada por todos os
de combate do navio, tornando-o mais rá- participantes, que facilmente se esquece- Terças-feiras, as manhãs eram preenchi-
pido, preciso e letal que o inimigo, pronto ram das 5 horas de autocarro para cada das com diversos tipos de exercícios, tan-
para realizar qualquer tarefa que o Estado
Português determine.
No dia 11 abril iniciou-se assim o nosso
treino nas terras de sua majestade com
a realização do Material Assessment and
Safety Check, onde são testados todos os
equipamentos e procedimentos de segu-
rança, determinando se o navio está em
condições de segurança para prosseguir o
treino. Considerado o navio pronto e se-
guro, com apenas alguns pormenores que
teriam de ser resolvidos, o navio avançou
para a fase seguinte.
A FASE DE TERRA
Esta primeira semana, excetuando o dia
do MASC, é com o navio atracado, reali-
zando-se diversas instruções e exercícios
preparatórios para as fases de mar. Foram
para isso utilizados diversos simuladores
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