Page 8 - Revista da Armada
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REVISTA DA ARMADA | 510
to de mecânica, eletrotecnia, marinharia, são sujeitos. A noite terminava com um Sexta-feira era geralmente um dia mais
de tiro ou de abordagem, dependendo da exercício de defesa antissubmarina. “calmo”, com exercícios de tiro ou de ope-
semana em questão, sempre de dificul- rações com helicópteros, e com o regres-
dade crescente. As tardes eram mais roti- As quartas eram também preenchidas so ao porto, a HMNB Devonport na cidade
neiras, com o habitual exercício de defesa com exercícios de tipo variado, como ope- de Plymouth.
aérea em postos de combate (condição rações de reabastecimento no mar, re-
geral 1), onde participavam aeronaves do boque, operações de voo, incluindo uma De salientar que entre séries o navio
tipo Hawk e Falcon, munidas com dispo- série de “crash-on-deck” – simulação de geralmente entrava no rio Hamoaze, a
sitivos de guerra eletrónica para empas- queda de helicóptero no convés de voo, norte do quebra-mar, para efetuar trocas
telamento de sensores e comunicações, exercícios de tiro contra diversos tipos de de avaliadores. Em todas as navegações
e que simulavam ataques com mísseis e alvos, como boias fundeadas próximas de em águas confinadas, quer para funde-
caças-bombardeiros. Simultaneamente, terra para simulação de tiro contra costa ar, transferências de pessoal, ou para o
treinava-se a batalha interna, com simula- ou alvos rebocados por aeronaves. Geral- regresso à base, a atuação da equipa de
ção de impactos, tendo nas duas últimas mente terminavam mais cedo que os res- navegação era supervisionada por um
semanas sido efetuados exercícios do tipo tantes dias, por forma a permitir a devida navegador do FOST. Foram estes os ele-
BDX 1.2, um dos de maior complexidade preparação para o dia seguinte, a célebre mentos mais sujeitos a ações de inspeção,
para o combate a sinistros, com impactos quinta-feira. treino e avaliação de bordo, num quadro
múltiplos de grandes dimensões, e a que de grande exigência mas com muita garra
só os navios com desempenho elevado O cenário descrito na introdução era o e vontade de bem-fazer.
de uma típica quinta-feira, dia da Weekly
War. Nesse dia o navio operava em for- O navio também foi acreditado para
ça num ambiente de multiameaça, com operar com os helicópteros do tipo Dau-
constantes ataques aéreos, ataques de phin, utilizados pelo FOST para transfe-
pequenas embarcações a simular ameaça rências de pessoal, mas não foi muito uti-
assimétrica, ataques de submarinos, ata- lizado, sendo a maioria das transferências
ques de unidades de superfície, e diversas efetuadas por embarcação.
aeronaves em simultâneo, tanto helicóp-
teros da força ou em apoio, como caças a As rotinas semanais foram quebradas
simular aliados ou inimigos, dificultando a por três grandes exercícios, dois deles
gestão do espaço aéreo. Por três ocasiões com o navio atracado. O primeiro ocorreu
o comandante do nosso navio assumiu o na segunda-feira, dia 2 de maio, com o
papel de Commander of the Task Group, exercício de defesa própria contra ameaça
duas delas planeadas, tendo o navio efe- terrorista. O navio simulou estar atracado
tuado os preparativos para essas semanas para efetuar reparações, num porto onde
com a difusão de ordens e instruções de as condições normais de segurança pode-
coordenação para a força nos sábados de riam não ser suficientes para proteger o
manhã, e uma não planeada, por indispo- navio. Com ligação às autoridades locais,
nibilidade da unidade a quem tinha sido simuladas por um avaliador do FOST, o
atribuído o papel. A “guerra” terminava navio defendeu-se de diversos tipos de
às 14h00, com a celebração de um acordo ataques, tanto por grupos terroristas em
de paz entre Brownia e Ginger, e a força terra como por embarcações suicidas,
regressava novamente aos seus locais de sofrendo diversos danos nas estruturas e
fundeadouro. com baixas que tinham de ser rapidamen-
te socorridas. A busca do maior realismo
8 AGOSTO 2016