Page 7 - Revista da Armada
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REVISTA DA ARMADA | 521
ção no terreno. A verificar-se metro
por metro, as operações iriam durar
meses. Para colmatar esta situação,
optou-se por dividir as 12 equipas em
2 grupos, um sob a coordenação da
GNR e outro da Marinha, atribuindo-
-se a cada grupo um setor, de forma
a distribuir os meios e a garantir um
comando e controlo efetivo. Com esta
divisão mudou-se também a estratégia de buscas, passando a disper- nal, 1 do Instituto Hidrográfico e 2 da Direção de Análise e Gestão da
sar-se mais as equipas em binómios e a procurarem-se informações Informação.
junto da população. Este modelo de buscas acabaria por se revelar Estes elementos tiveram como tarefas principais proporcionar uma
bastante eficaz e ainda contribuir para que se atuasse rapidamente no presença visível junto das populações afetadas, efetuar um levanta-
resgate da população em perigo ou na eliminação de focos de incên- mento georreferenciado e fotográfico das zonas e infraestruturas
dio, provocados por reacendimentos nas zonas de busca. sinistradas, identificação das pessoas afetadas, de casos de doenças
No dia seguinte, com a forte evolução do incêndio, foram interrom- crónicas, bens perdidos e outros elementos relevantes que requeres-
pidas as buscas, de forma a evacuar localidades em risco, tendo sido sem apoio imediato.
retirada toda a população da localidade de Derreada Cimeira. Foram Para além destas tarefas, os militares tiveram ainda por missão con-
também enviadas equipas para os locais onde as chamas se encon- tinuar a distribuir bens de primeira necessidade pela população afe-
travam a cercar a população, assim como direcionados meios aéreos tada e, prevendo-se a aproximação de aguaceiros, colocar toldos nas
de combate ao incêndio para zonas de risco. Desta ação destaca-se casas que ficaram sem telhado.
a colaboração e aceitação que a população demonstrou, particular- A definição de objetivos foi determinada pela Câmara de Pedrógão
mente para com os Fuzileiros. Grande e a coordenação com a FM foi assegurada através de célula
Nos dias subsequentes as atividades de buscas prosseguiram, tendo de CIMIC, sendo que o comando operacional da Força estava no
sido efetuados resgates em zonas de risco, totalizando-se 14 resgates, Comando Naval, o apoio logístico no Corpo de Fuzileiros e o Coman-
1200 Homens/Hora (HH) de empenhamento e combatidos inúmeros dante no local foi o Comandante do Batalhão de Fuzileiros nº 2 (BF2).
focos de reacendimento. A nível organizacional este grupo de 154 militares gerava diaria-
À medida que as operações de busca foram avançando, foram sendo mente: 4 “equipas multidisciplinares” de recolha de dados e apoio
colocados meios de apoio direto à população afetada, tendo sido dis- direto à população, constituídas por condutor, chefe de viatura, enfer-
tribuídos vários bens alimentares de primeira necessidade, prestado meiro, psicólogo e elemento CIMIC, acompanhados por elementos da
apoio psicológico e efetuadas diversas intervenções médicas. autarquia, médicos, enfermeiros, psicólogos e psiquiatras; 3 secções
Em simultâneo com as atividades de busca, resgate, abastecimento de recolha de dados, compostas por nove elementos cada; 1 pelotão
e apoio médico e psicológico, foram também decorrendo operações de montagem de toldos; e 1 pelotão de distribuição de alimentos.
de rescaldo, tendo sido efetuadas inúmeras horas de vigilância e com- Durante esta fase foi efetuado um rigoroso levantamento de neces-
bate a focos de incêndio, totalizando-se 18 500 km percorridos e 4900 sidades, tendo sido percorridos 7400 km e registadas 198 ocorrên-
HH de empenhamento. cias. Foi criada e georreferenciada uma base de dados, constituída
Com a consolidação do incêndio e o finalizar das operações de busca por todas as ocorrências, com fotografias de danos, pessoas afe-
e salvamento, deu-se por finalizada a primeira fase da operação, tadas, dados clínicos, necessidades de curto, médio e longo prazo,
havendo uma reconfiguração da FM. entre outros. Foram colocadas diversas lonas, totalizando-se 15 tetos
reparados. Garantiu-se ainda presença, distribuição de bens e apoio
FASE II médico, contabilizando-se 51 apoios médicos diretos.
Antes da retirada, a força presente no terreno compareceu na missa
Para além do apoio à Câmara Municipal de Pedrógão Grande na dominical em homenagem às vítimas do incêndio, presidida pelo CTEN
coordenação e mapeamento de necessidades, esta fase visou tam- Capelão Licínio Luís. Foi bem patente a relação de proximidade criada
bém contribuir para o restabelecimento da segurança e para o apoio entre os militares e a população local, bem presente nas palavras do
às populações afetadas pelo incêndio, assim como para a sua estabili- Presidente da CMPG que muito agradeceu a ajuda disponibilizada à
zação psicológica, através da presença próxima e apoio diversificado. população num momento de tristeza e perda, fazendo questão de
Para o efeito, a FM foi reconfigurada para 154 elementos, 9 do PC, aplaudir a presença dos mesmos e agradecendo-lhes pessoalmente
94 da Força de Fuzileiros nº 1 (FFZ1), 8 no posto avançado de saúde, no final da cerimónia. Foi um momento certamente de sentimentos
24 na cozinha de campanha, 5 na manutenção, 10 do Destacamento contraditórios para os militares que retiraram nesse dia em que, por
CIMIC (Civil-Military Cooperation), 1 do Centro de Análise Operacio- um lado, estavam alegres por regressar para junto das suas famílias,
mas por outro, amargurados por não conseguirem ajudar ainda mais
aquela população que os recebeu de braços abertos.
Durante toda a permanência da Força de Marinha nesta missão
foram confecionadas e servidas 14 669 refeições, realizados 39 951 km
em apoio à missão e efetuadas 177 intervenções médico-sanitárias.
FASE III
Por forma a ajudar na passagem da responsabilidade para os órgãos
de poder local, foram deixados no terreno 20 militares e respetivas
viaturas, preparando-se a retração total do dispositivo da FM.
Colaboração do COMANDO DO CORPO DE FUZILEIROS
AGOSTO 2017 7